Frances Cress Welsing

psiquiatra norte-americana

Frances Luella Welsing (sobrenome de solteira Cress; 18 de março de 1935 – 2 de janeiro de 2016) foi uma psiquiatra afrocentrista[1] norte-americana. Seu ensaio de 1970, The Cress Theory of Color-Confrontation and Racism (White Supremacy),[2] ofereceu sua interpretação das origens do que ela descreveu como cultura da supremacia branca.

Frances Cress Welsing
Frances Cress Welsing
Welsing recebendo prêmio no National Black Luv Festival em 21 de setembro de 2008
Nome completo Frances Luella Cress
Nascimento 18 de março de 1935 (89 anos)
Chicago, Illinois
Morte 02 de janeiro de 2016 (80 anos)
Washington, DC
Residência Washington, DC
Nacionalidade norte-americana
Etnia afro-americana
Alma mater Antioch College (Bachelor of Science)
Universidade Howard (Doutora em Medicina)
Ocupação Médica
Magnum opus The Isis Papers: The Keys to the Colors (1991)

Ela foi a autora de The Isis Papers: The Key to the Colors (1991).[3] Welsing causou polêmica após dizer que a homossexualidade entre os afro-americanos era uma manobra dos homens brancos para diminuir a população negra.[4]

Primeiros anos

editar

Welsing nasceu Frances Luella Cress em Chicago no dia 18 de março de 1935. Seu pai, Dr. Henry N. Cress, era médico e sua mãe, Ida Mae Griffen, era professora. Em 1957, ela recebeu o título de bacharel em ciência na Antioch College e em 1962 recebeu o título de doutora em medicina pela Howard University. Nos anos 1960, Welsing se mudou para Washington, DC e trabalhou em vários hospitais, especialmente hospitais infantis. Enquanto Welsing era professora assistente na Howard University ela formulou seu primeiro trabalho em 1969, The Cress Theory of Color-Confrontation e publicou por conta própria em 1970. O artigo apareceu posteriormente na edição de maio de 1974 de The Black Scholar. Essa foi a introdução de seus pensamentos que seriam desenvolvidos em The Isis Papers, uma coletânea de ensaios sobre relações raciais locais e globais.

Carreira

editar

Em 1992 Welsing publicou The Isis Papers: The Key to the Colors. O livro é uma compilação de artigos que ela escrevera ao longo de dezoito anos.

O nome The Isis Papers foi inspirado em uma antiga deusa egípcia. Isis era irmã/esposa do deus mais importante, Osiris. De acordo com Welsing, todos os nomes dos deuses tinham importância; porém, Osiris significa "Senhor do Negro Perfeito". Welsing especificamente escolheu o nome Isis por sua admiração da "verdade e justiça" que permitia a justiça ser mais forte do que o ouro e a prata.[5]

Neste livro ela fala sobre o genocídio global das pessoas de cor, junto com os problemas que os negros nos Estados Unidos enfrentam. De acordo com Welsing, o genocídio das pessoas de cor é causado pela incapacidade dos brancos de produzir melanina. O status de minoria dos brancos no mundo causou o que ela chama de sobrevivência genética branca.

Ela acreditava que a injustiça causada pelo racismo acabaria quando os "não-brancos mundialmente reconhecerem, analisarem, entenderem e discutirem abertamente a dinâmica genocida".[5] Ela também abordou questões como o uso de drogas, assassinatos, gravidez na adolescência, mortalidade infantil, encarceramento e desemprego na comunidade negra. De acordo com Welsing, a causa desses problemas é a sua definição de racismo (supremacia branca). Os homens negros estão no centro da discussão de Welsing porque, de acordo com ela, eles "têm o maior potencial para causar a aniquilação genética dos brancos."[5]

Opiniões

editar

Em The Isis Papers, ela descreveu os brancos como os descendentes geneticamente defeituosos de mutantes albinos. Ela escreveu que devido a essa mutação "defeituosa", eles podem ter sido expulsos à força da África, entre outras possibilidades.[6] O racismo, na opinião de Welsing, é uma conspiração para "garantir a sobrevivência genética dos brancos". Ela atribuiu a AIDS e o vício em crack e outras substâncias à "guerra química e biológica" declarada pelos brancos.[6]

Welsing criou uma definição de racismo, que é a sua teoria do genocídio não-branco global. Ela se refere ao racismo e a supremacia branca sinonimamente. Sua definição é "Racismo (supremacia branca) é a dinâmica do sistema de poder local e global, estruturada e mantida por aqueles que se classificam como brancos; seja consciente ou subconscientemente determinada, que consiste em padrões de percepção, lógica, formação de símbolos, pensamentos, fala, ação e resposta emocional, conduzidos simultaneamente em todas as áreas de atividade humana: economia, educação, entretenimento, trabalho, direito, política, religião, sexo e guerra; para o propósito final de sobrevivência genética branca e para evitar a aniquilação genética dos brancos no planeta Terra, um planeta onde a vasta e esmagadora maioria das pessoas é classificada como não-branca (significando pessoas negras, pardas, vermelhas e amarelas) por pessoas de pele branca, e todas as pessoas não-brancas são geneticamente dominantes em termos de coloração de pele em relação as geneticamente recessivas pessoas brancas". Welsing era contra a supremacia branca e a emasculação do homem negro.[5]

O grupo Public Enemy era fortemente influenciado pela teoria da cor de Welsing e por seu prisma sobre a guerra genética. Muito do álbum Fear of a Black Planet é liricamente e conceitualmente baseado na pesquisa de Welsing. Sobre seu falecimento, Chuck D publicou em sua conta no twitter "Descanse em paz velha Dr. Frances Cress Welsing.. a inspiração por trás de Fear of a Black Planet." Professor Griff também tem elogiado repetidamente seu trabalho e mostrou respeito a sua influente pesquisa, especialmente em relação ao profundo efeito que ela teve em suas letras e música.

Críticas

editar

Welsing alegou que a emasculação do homem negro prevê a procriação de pessoas negras. De acordo com Welsing, esse é um dos objetivos do racismo (supremacia branca). Ela chama essa efeminação de uma forma de opressão.[7] Uma extensão da feminização de homens negros é também descrita por Welsing como bissexualidade ou homossexualidade.

Publicações

editar

Do dia 30 de dezembro de 2015, Welsing sofreu dois AVC's e foi colocada sob cuidados intensivos em um hospital da região de Washington DC.[8] Ela faleceu no dia 2 de janeiro de 2016 aos 80 anos.[8][9]

Referências

  1. Anne Pollock (2012). Medicating Race: Heart Disease and Durable Preoccupations with Difference. [S.l.]: Duke University Press. p. 89 
  2. Welsing, Frances Cress (1 de maio de 1974). «The Cress Theory of Color-Confrontation». The Black Scholar. 5 (8): 32–40. ISSN 0006-4246. doi:10.1080/00064246.1974.11431416. Consultado em 1 de janeiro de 2017 
  3. Jaynes, Gerald D. (2005). Encyclopedia of African American society, Volume 1. [S.l.]: Sage. p. 34. ISBN 978-0-7619-2764-8 
  4. Lehr, Valerie (1999). Queer Family Values: Debunking the Myth of the Nuclear Family. [S.l.]: Temple University Press. p. 108. ISBN 978-1566396844 
  5. a b c d Welsing, Frances (1991). Isis Papers. Washington, DC: C.W Publishing. pp. i–9. ISBN 978-1-6028195-9-7 
  6. a b Ortiz de Montellano, Bernard R. (1993). «Melanin, afrocentricity, and pseudoscience». American Journal of Physical Anthropology. 36 (S17): 33–58. doi:10.1002/ajpa.1330360604 
  7. «Afrocentricity vs Homosexuality: The Isis Papers». www.spunk.org. Consultado em 4 de abril de 2018 
  8. a b «Educator Frances Cress Welsing Dies at 80». Rolling Out.com. Consultado em 1 de janeiro de 2016 
  9. «Dr. Frances Cress Welsing Dead at 80». The Root.com. Consultado em 2 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 4 de janeiro de 2016 

Ligações externas

editar