Francisco Guimarães

Francisco Guimarães, ou Vaga-lume[nota 1] (Rio de Janeiro, c. 1875-1880 — Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1946) foi um jornalista e dramaturgo brasileiro, um dos cronistas mais populares de sua época na então capital do país, reconhecido por sua obra pioneira Na Roda do Samba e por ser o primeiro a retratar o carnaval nos jornais.[1]

Biografia

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Sua data de nascimento é incerta, tendo ocorrida por volta do final da década de 1870,[2] ou começo da de 1880,[3] possivelmente em 1877.[4]

Filho de trabalhadores negros, representa um dos muitos descendentes de ex-escravos que, na capital, procuraram novas formas de sustento e afirmação após o fim da servidão; neste sentido conseguiu, através dos vários jornais onde trabalhou,[1] registrar os costumes e a cultura de negros e mestiços que viviam no Rio de Janeiro, do qual o samba foi o mais visível símbolo.[2]

Aos 14 anos, quando era auxiliar de trem na Estrada de Ferro Pedro 2º, atual Central do Brasil, conheceu um repórter que cobria as notícias ferroviárias e o incentivou a seguir carreira no jornalismo. Em 1896, já estava no Jornal do Brasil, sendo o único negro na redação. Cinco anos depois, tornou-se o escritor da coluna Reportagem da Madrugada, onde surgiu seu pseudônimo, Vagalume.[4]

Quando foi para A Tribuna, já era um nome conhecido. Ali, buscou mostrar um lado popular do Rio de Janeiro que não aparecia nos jornais, pela coluna Ecos Noturnos. Saiu da Tribuna para fundar pequenos jornais, A Trepação e O Vagalume, voltando ao Jornal do Brasil em 1910.[4] Ali, passou a divulgar notícias sobre o carnaval, o que, em seguida, foi imitada pelos demais jornais.[1]

Publicado em 1933 pela Tipografia São Benedito seu livro Na Roda do Samba contava a história do ritmo e fazendo o registro de seus principais compositores e maiores intérpretes.[1] A obra refletia a grande proximidade que o autor possuía com o meio artístico da cidade, e fazia o registro da transição que o ritmo sofria ao passar das comunidades negras para sua adoção nas "rodas chiques", passando a integrar a programação das emissoras de rádio e das gravações dos discos.[2]

A obra foi várias vezes reeditada pela Funarte,[1] e começava a fazer homenagem póstuma a grandes nomes da cultura negra carioca, como Eduardo das Neves, Sinhô ou Henrique Assumano Mina do Brasil.[2]

Notas e referências

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Notas

  1. Grafia consoante o Acordo Ortográfico de 1990; antes deste grafava-se o autor como "Vagalume".

Referências

  1. a b c d e Institucional (s/d). «Vagalume (biografia)». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 9 de dezembro de 2016 
  2. a b c d Leonardo Affonso de Miranda Pereira. «No ritmo do Vagalume: culturas negras, associativismo dançante e nacionalidade na produção de Francisco Guimarães (1904-1933)». Revista Brasileira de História, vol.35, nº 69, São Paulo, Janeiro/Junho 2015. Consultado em 9 de dezembro de 2016 
  3. Institucional (s/d). «Vagalume (biografia)». Dicionário Cravo Albin da MPB. Consultado em 9 de dezembro de 2016 
  4. a b c Vianna, Luiz Fernando (1 de março de 2018). «Lampejos na noite carioca». Quatro Cinco Um. Consultado em 9 de outubro de 2024 
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