Gabriel Ferrater

escritor espanhol

Gabriel Ferrater i Soler (Reus, Tarragona, 1922 - San Cugat do Vallés, Barcelona, 1972), foi um poeta, tradutor, crítico e linguista espanhol do Século XX.

Gabriel Ferrater
Gabriel Ferrater
Nascimento 20 de maio de 1922
Reus
Morte 27 de abril de 1972 (49 anos)
Sant Cugat del Vallès
Cidadania Espanha
Progenitores
  • Ricard Ferraté Gili
Irmão(ã)(s) Joan Ferraté i Soler
Ocupação poeta, escritor, professor, tradutor, crítico literário, linguista
Distinções
  • Prêmio Carta de Ouro (1967)
  • Prêmio da Crítica Serra d'Or de Literatura e Ensaio (1967)
Empregador(a) Universidade Autônoma de Barcelona
Causa da morte asfixia

Biografia

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Seu avô tinha uma empresa de exportação de vinho em Reus, que prosperou durante Primeira Guerra Mundial. Dela viveram seu pai e seus tios. Ele era primo irmão de Gabriel Ferraté Pascual e irmão de Joan Ferraté i Soler. Ferrater fez o serviço militar em Tarragona. Depois matriculou-se na Universidade de Barcelona para estudar álgebra, e seguir a carreira como matemático durante três anos.

Ferrater, que escrevia desde os vinte anos, procurou certa estabilidade profissional e pessoal já antes dos trinta anos. Para tanto, viajou a Londres para trabalhar em um editorial e, mais tarde, a Hamburgo, onde trabalhou como leitor da Editorial Rowohlt.

Finalmente regressou à Catalunha, e em 1963 aceitou o cargo de diretor literário de Seix Barral, conduzido pelo inventivo Carlos Barral, de quem fora amigo, bem como de Jaime Gil de Biedma e Carles Beira. Em 1964 casou-se com Jill Jarrell, uma jornalista norte-americana, de quem se separou dois anos mais tarde, fixando residência a San Cugat. Entre 1958 e 1968, escreveu e publicou toda sua obra poética.

Em 1968 Ferrater decidiu levar a cabo seus estudos de Filosofia e de Letras, em Barcelona. A seguir, trabalhou como professor na Universidade Autônoma dessa cidade, ensinando Linguística e Crítica Literária. Desde então, a sua atividade foi constante, como conferencista, colaborador em projetos e seminários, tradutor de textos da língua  alemã e da língua inglesa. Escreveu ensaios e artigos sobre a teoria linguística, na revista Serra d'Or, entre 1969 e 1972, com o título De causis linguae, incluindo uma original teoria métrica, fundada no elemento fonológico da gramática generativa chomskyana. Traduziu em língua catalã O Processo, de Kafka, e a Language, de Leonard Bloomfield, e Cartesian linguistics, de Noam Chomsky. Ao longo destes anos, recebeu diversos prêmios. No entanto, com menos de 50 anos, no dia 27 de abril de 1972, Gabriel Ferrater suicidou-se com uma mistura de barbitúricos. Ele dissera em seu grupo de amigos que se suicidaria ao cumprir meio século de idade.

A sua poesia tem contato com a obra de Thomas Hardy, W. H. Auden, Shakespeare, Brecht e Ausiàs March. Erotismo e nostalgia pelo tempo perdido são tópicos constantes em sua obra. Por outro lado, em suas produções poéticas, Ferrater representa a vontade de regenerar o sistema literário catalão durante o período da post guerra, que jazia em um obscurantismo. A sua poesia foi escrita ao longo da década de sessenta, na mudança de polarização estética entre a linha de tradição post simbolista e o emergente realismo histórico. Pouco interesse foi dado a sua poesia até o final dos anos setenta. Somente quando o realismo histórico começou a perder o seu protagonismo, suas obras ganharam o devido reconhecimento.

Ferrater escreveu três obras de poesia: Dá nuces pueris (1960), Menja't uma cama (1962), e Teoria dels cossos (1966). Mais tarde, ele fez algumas poesias novas, e recompilou 114 poemas na obra Does-lhes i els dies. O autor escreveu também uma novela policíaca intitulada  Um corpo, ou dois, com a parceria do escritor e pintor José María de Martín.

Posteriormente, Ferrater compôs somente alguns poemas novos, porém revisou os publicados anteriormente e preparou a edição da sua obra completa: Does-lhes i els dies (As mulheres e os dias), de 1968. O volume reúne 114 poemas breves, a exceção de "In memoriam" e "Poema inacabat".

Nas suas poesias se destacam, sobretudo, a métrica e a ironia, caracterizadas por uma poesia assai realista, na qual se encontram até mesmo coloquialismos. Do mesmo modo, nas suas poesias é frequente uso de temas quotidianos e o distanciamento das formas retóricas e das expressão artificiosas, próprio da lírica hispânica dos anos sessenta.

Em sua obra podemos distinguir três etapas: a primeira chamada poética, na qual o tema principal é a literatura; a segunda na qual o autor trata o tema da observação social; a terceira e última composta por várias subetapas. Em uma dessas subetapas o autor fala de suas experiências pessoais, fala sobre a morte e sobre a moral, e faz reflexões sobre o passo do tempo. Já em outra, Ferrater reflexiona sobre o amor e o erotismo (tema muito comum em suas poesias).

Ferrater é conhecido como poeta, e é na poesia que ele revela todo o seu potencial. Todavia ele fez também muitas traduções e muitas críticas de arte. Uma parte delas reunidas em Papers, cartes, paraules, 1986. A sua importância no ambiente intelectual catalão da segunda metade do século XX vem sendo cada vez mais reconhecida.

Livros

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  • Dá nuces pueris, 1960; reed.: Empúries, 1987.
  • Menja't uma cama, 1962; reed.: Empúries, 1997.
  • Teoria dels cossos, 1966; reed.: Empúries, 1989.
  • Does-lhes i els dies, Edicions 62, 1968. Versão castelhana As mulheres e nos dias, Seix-Barral, 1979, por P. Gimferrer, J.A. Goytisolo e J.M. Valverde.
  • A poesia de Carles Beira, 1979.
  • Sobre literatura, 1979.
  • Sobre pintura, 1981.
  • Sobre o llenguatge, Quaderns creme, 1981.
  • Papers, cartes, paraules, Quaderns creme, 1986. Tr. Notícias de livros, Península, 2000

Referências

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  • Arthur Terry, Prólogo às mulheres e nos dias, Seix-Barral, 1979, pg. IX-LIV.
  • Joan Ferraté, Prefacio a Papers, cartes, paraules, Quaderns creme, 1986.
  • Ignacio Echevarría: "Relatórios de um leitor", O País, 15-7-2000.
  • Ramon Gomis, O Gabriel Ferrater de Reus. Barcelona: Proa, 1998.
  • Xavier Macià i Núria Perpinyà. A poesia de Gabriel Ferrater. Barcelona: Edicions 62, 1986.
  • Justo Navarro: "F." Anagrama, Barcelona, 2003.