Gareguin Ter-Harutiunian
Gareguin Ter-Harutiunian (em armênio/arménio: Գարեգին Տեր-Հարությունյան) também conhecido pelo pseudónimo Gareguin Nejdeh[1] (em armênio/arménio: Գարեգին Նժդեհ) (1 de Janeiro de 1886 – 21 de Dezembro de 1955) foi um estadista e estratega militar armênio. Como membro da Federação Revolucionária Armênia, esteve envolvido na luta de liberação nacional, e em atividades revolucionárias durante a Primeira Guerra Balcânica e a Primeira Guerra Mundial. Gareguin foi um dos principais líderes políticos e militares da Primeira República da Armênia (1918–1921), e é grandemente admirado como um carismático herói nacional pelos armênios.[2][3]
Gareguin Ter-Harutiunian (Nejdeh) | |
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Nascimento | Gareguin Ter-Harutiunian 1 janeiro 1886 Kznut, Governorado de Erivan, Império Russo (atualmente na República Autônoma de Naquichevão, Azerbaijão) |
Morte | 21 dezembro 1955 Vladimir, União Soviética | (aged 69)
Sepultamento | Spitakavor Monastery, grave of Garegin Nzhdeh |
Cidadania | Império Russo, República Democrática da Armênia, República da Armênia Montanhosa, União Soviética |
Progenitores |
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Alma mater | |
Ocupação | militar, político, filósofo, Fedayin, escritor |
Distinções |
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Lealdade | Federação Revolucionária Armênia |
Movimento estético | Armenian national movement |
Assinatura | |
Em 1921, ele foi instrumental no estabelecimento da República da Armênia Montanhosa, um estado anti-Bolchevique que se tornou um fator-chave na futura inclusão da província de Siunique na Armênia Soviética.[4][5]
Infância
editarGareguin Ter-Harutiunian nasceu em 1 de Janeiro de 1886 na vila de Kznut, Naquichevão. Ele era o mais novo dos quatro filhos nascidos a um sacerdote. Perdeu seu pai, Pároco Yeghiche, ainda na infância. Gareguin recebeu a educação básica em uma escola russa em Naquichevão. Continuou os estudos na Escola Ginasial Russa de Tiflis. Aos 17 anos, entrou para o movimento de liberação armênio. O apelido nejdeh significa "peregrino" ou "emigrante" em arménio.[6] Pouco tempo depois, ele se mudou para São Petersburgo para continuar os estudos na universidade. Após ter cursado dois anos na Faculdade de Direito, abandonou o curso e retornou para o Cáucaso a fim de participar nos movimentos nacionais armênios contra os impérios Russo e Otomano.
Em 1906, Gareguin mudou-se para a Bulgária, onde terminou sua formação no colégio militar em 1907.
Guerras Balcânicas
editarNo mesmo ano ele retornou à Armênia. Em 1908 juntou-se à Federação Revolucionária Armênia e participou na Revolução Iraniana ao lado de Yeprem Khan e Murad de Sebástia (de Sivas). Em 1909, ao retornar ao Cáucaso, Gareguin foi preso por autoridades russas e passou 3 anos encarcerado.
Em 1912, juntamente com o General Andranik Ozanian, ele formou um batalhão armênio dentro das Forças Voluntárias do Exército Búlgaro para lutar contra o Império Otomano na Primeira Guerra Balcânica, pela liberação da Trácia e da Macedônia. Durante a Segunda Guerra Balcânica ele foi ferido. Pela bravura e resultados extraordinários dos soldados armênios, as autoridades militares búlgaras concederam a Gareguin a "Cruz de Bravura".[7]
Primeira Guerra Mundial
editarAntes do início da Primeira Guerra Mundial, graças a uma anistia concedida pelas autoridades russas em 1914, Gareguin retornou ao Cáucaso para organizar a formação das Unidades Voluntárias Armênias dentro do exército russo para lutar contra o Império Otomano. Durante o primeiro período de guerra, em 1915, ele foi indicado como comandante-assistente de Drastamat Kanaian, da 2ª Unidade Armênia. Em 1916, comandou a Unidade Especial Armênio-Yazidi. Após a Revolução Russa e a retirada do exército russo, Gareguin lutou nas escaramuças de Alajai (próximo a Ani, primavera de 1918), permitindo a passagem segura para Alexandropol das forças voluntárias armênias que retrocediam.
Batalha de Karakilisa
editarApós confrontar-se com as forças turcas em Alexandropol, atualmente conhecida como Guiumri, os soldados armênios liderados por Gareguin esconderam-se e construíram fortificações em Karakilisa. Gareguin teve um importante papel na organização das tropas para a Batalha de Karakilisa que ocorreu em maio de 1918. Com um discurso inspirado, proferido em frente à igreja de Dilijan, Gareguin conseguiu mobilizar a população e os refugiados para a luta que se aproximava; no discurso, convocou os armênios para uma guerra santa: "Direto para a linha de frente, nossa salvação está lá." Gareguin foi ferido na luta que se seguiu, e após quatro dias de violenta batalha, ambos os lados tinham muitas baixas. Os armênios ficaram sem munição e tiveram que retroceder. Embora o exército otomano tenha conseguido invadir Karakilisa, eles não tinham mais recursos para continuar avançando território adentro da Armênia.[8]
Após a declaração de independência da Primeira República da Armênia, Gareguin foi indicado como governador de Naquichevão, e posteriormente, em agosto de 1919, comandante das forças sulistas do exército da Armênia.[9] No mesmo ano o Naquichevão foi retomado pelos azerbaijanos.
República da Armênia Montanhosa
editarEm 29 de novembro de 1920 teve inicio a invasão da Primeira República da Armênia pelo 11º Exército Vermelho Soviético. A sovietização da Armênia foi declarada em 2 de dezembro do mesmo ano. Pouco depois, os soviéticos prometeram tomar medidas para reconstruir o exército, proteger os armênios e não perseguir não-comunistas, embora esta última promessa tenha sido quebrada quando expulsaram os Dashnaks para fora do país.
O governo soviético propôs que as regiões de Nagorno-Karabakh e Zanguezur passassem a fazer parte do Azerbaijão soviético. Esta medida foi fortemente rejeitada por Gareguin. Um anti-bolchevique convicto, ele liderou a defesa de Siunique contra o crescente movimento bolchevique, declarando Siunique uma região independente em dezembro de 1920. Em janeiro de 1921, Drastamat Kanayan enviou um telegrama a Gareguin sugerindo que ele permitisse a sovietização de Siunique, para que assim ganhassem o apoio do governo bolchevique para solucionar os problemas de demarcação das terras armênias. Como resposta, Gareguin permaneceu em Siunique e continuou sua luta contra o Exército Vermelho e o Azerbaijão soviético, lutando para manter a independência da região.[10][11]
Em 18 de fevereiro de 1921, os Dashnaks lideraram uma rebelião antissoviética em Yerevan e tomaram o poder. Eles controlaram Yerevan e as terras ao redor por 42 dias, até serem derrotados em abril de 1921 pelas forças numericamente superiores do Exército Vermelho. Os líderes da rebelião fugiram para a região de Siunique.
O 2.º Congresso Pan-Zanguezuriano, sediado em Tatev, anunciou em 26 de abril de 1921 a independência das regiões autogovernadas de Daralakyaz (Vayots Dzor), Zanguezur, e Artsakh Montanhosa, sob o nome de "República da Armênia Montanhosa" (Lernahaystani Hanrapetutyun).
Em seguida à declaração de independência da República da Armênia Montanhosa da República Socialista Soviética da Armênia, Gareguin foi proclamado Primeiro Ministro e Ministro da Defesa.
Entre abril e julho de 1921, o Exército Vermelho conduziu operações militares maciças na região, atacando Siunique pelo norte e por leste. Após meses de batalhas contra o Exército Vermelho, a República da Armênia Montanhosa capitulou em julho de 1921, com a promessa da Rússia Soviética de que a região montanhosa continuaria como parte da Armênia Soviética. Após o conflito, Gareguin, seus soldados, e muitos intelectuais armênios proeminentes, incluindo os líderes da primeira república independente da Armênia, cruzaram a fronteira em direção à vizinha cidade persa de Tabriz.
Referências
- ↑ Google Livros: Gareguin Nejdeh (2001)
- ↑ Harutyunyan, Arus (2009). Contesting National Identities in an Ethnically Homogeneous State: The Case of Armenian Democratization. [S.l.]: Western Michigan University. p. 61. ISBN 9781109120127
- ↑ Panossian, Razmik (2006). The Armenians: from kings and priests to merchants and commissars. New York: Columbia University Press. p. 301. ISBN 9780231139267
- ↑ Chorbajian, Levon (1994). The Caucasian Knot: The History & Geopolitics of Nagorno-Karabagh. London: Zed Books. p. 134. ISBN 9781856492881.
But it is undeniable that if Zangezur has since been an integral part of Soviet Armenia, it was Nzhdeh who made it possible.
- ↑ Panossian, Razmik (2006). The Armenians: From Kings and Priests to Merchants and Commissars. London: Columbia University Press. p. 259. ISBN 9780231511339
- ↑ Հայրապետյան, Միքայել (15 de Julho de 2008). «Nzhdehs, go home» (em arménio). «Հայկական ժամանակ». Consultado em 11 de Agosto de 2012
- ↑ Македоно-одринското опълчение 1912–1913. Личен състав по документи на Дирекция "Централен военен архив", София 2006, с. 521 (Macedonian-Adrianopolitan Volunteer Corps. Staff according to documents from Directorate Central Military Archives, Sofia 2006, p. 521)
- ↑ Hovhanissian, Richard G. (1997) The Armenian People from Ancient to Modern Times. New York. St. Martin's Press, 299
- ↑ ՆԺԴԵՀԻ ԿՅԱՆՔԸ, ԳՈՐԾՈՒՆԵՈՒԹՅՈՒՆԸ ԵՎ ԶԱՆԳԵԶՈՒՐԻ ՃԱԿԱՏԱԳԻՐԸ (em arménio). Syunik.wordpress.com. 26 de setembro de 2013. Consultado em 26 de setembro de 2013
- ↑ «Garegin Nzhdeh biography». Nzhdeh.com. Consultado em 19 de novembro de 2009. Arquivado do original em 20 de outubro de 2014
- ↑ The Armenian Cause Encyclopedia, Yerevan 1996, article:Garegin Nzhdeh, p. 356