Glória Marreiros
Glória Marreiros (Marmelete, 1929), é uma escritora, poeta, enfermeira parteira e politica portuguesa. Fez parte da resistência contra o Estado Novo português tendo sido presa pela PIDE. Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático das Mulheres (MDM).
Glória Marreiros | |
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Nascimento | 26 de agosto de 1929 Marmelete |
Cidadania | Portugal |
Alma mater |
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Ocupação | enfermeira, escritora, poeta, política, tradutora |
Distinções | |
Biografia
editarGlória Maria Marreiros da Cunha nasceu na serra de Monchique, na freguesia de Marmelete no dia 26 de Agosto de 1929. [1][2]
Fez a escola primária em Lagos e estudou em Lisboa no Liceu Maria Amália. [2][1] Diplomou-se pela Escola de Enfermagem Artur Ravara, de Lisboa, e pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, com o curso de parteira[3]. Simultâneamente vai trabalhar no Hospital Psiquiátrico Sobral Cid e faz o curso de enfermeira psiquiátrica. [4][2] Terminados os cursos vai para Lisboa e começa a trabalhar na Maternidade Alfredo da Costa, entre 1954 e 1961, tendo trabalhado com o médico Pedro Monjardino que ao lado Cesina Bermudes foi pioneiro em Portugal do parto sem dor. [5][4][3]
É lá conhece o psicanalista João dos Santos que lhe é apresentado pela pedagoga Maria Amália Borges, passa trabalhar com ambos e participa na criação do Centro Helen Keller em Lisboa e do qual virá a ser directora.[2][1] Embora tenha começado a escrever em 1945 para o jornal Gazeta do Sul, é por esta altura, em 1962, que dá inicio à sua carreira como escritora ao publicar o seu primeiro livro, Maternidade, revisto por João dos Santos.[6][4][7][1]
Paralelamente dá inicio à sua actividade enquanto activista antifascista ao ceder a sua casa para encontros de membros do PCP e daqueles que passaram à clandestinidade durante a ditadura portuguesa. Em 1958, envolve-se na campanha eleitoral para as eleições presidenciais de Humberto Delgado e filia-se no partido. [4][2][8]
De 1965 a 1967 traduziu artigos do jornal Gramma, orgão oficial do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, para o boletim da Embaixada de Cuba em Lisboa. [9][10]
É várias vezes presa pela PIDE e vê o seu futuro marido, o engenheiro Henrique Pereira da Cunha ser preso e torturado ao longo de 3 anos, enquanto passa sucessivamente pelas prisões do Aljube, Caxias e Peniche. [2][4][11] Isto levou-a colaborar com a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos e Famílias, fundada em 1969. [12][13][4] No mesmo ano é candidata, em 7º lugar, na lista da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) às eleições legislativas pelo círculo eleitoral de Lisboa.[3]
Um anos antes havia fundado juntamente com Maria Lamas e outras mulheres, o Movimento Democrático das Mulheres (MDM). [14][15]
Mantém-se politicamente activa após o 25 de Abril e colaborando com a Comissão para a Memória do Forte de Peniche e a URAP (União de Resistentes Portugueses Anti-Fascistas). [16][2]
Dá continuidade aos estudos e após o 25 de Abril, obtém a licenciatura em filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa em 1976, tendo mais tarde feito uma pós-graduação em museologia social. Dedicou-se ao estudo da cultura algarvia, tendo publicado vários livros sobre as tradições do Algarve e colaborado com várias entidades entre elas: o Museu do Traje de São Brás de Alportel e o Movimento Internacional da Nova Museologia.[1][17][4]
Pelo PCP, foi candidata em 2009, no 26º lugar da lista da CDU à Assembleia Municipal de Lisboa, em 2017, no 35º lugar da lista da CDU à Assembleia de Freguesia de Arroios (Lisboa), e em 2021, o 33º lugar da lista da CDU a esta mesma freguesia.[18][19][20]
Prémios e Reconhecimento
editarFoi distinguida pela Câmara Municipal de Lagos com a o Grau Ouro da Medalha de Mérito Municipal. [21][22]
O seu livro Abecedário a Rimar integrou o programa Plano Nacional de Leitura do governo português. [23]
Bibliografia Seleccionada
editarEntre as suas obras encontram-se: [24][25]
- 1962 - Maternidade, editado pela Seara Nova [7]
- 1974 - Catrina (livro de contos), Base de Arroios do M.D.P [26]
- 1988 - Rochedo de Solidão (sonetos), editado pela APPA - Associação dos Poetas Populares do Alentejo e Algarve [27]
- 1988 - Gravidez e Maternidade, Editoral Caminho [28]
- 1991 - Um Algarve outro: contado de boca em boca, com ilustrações de Margarida Tengarrinha, editora Livros Horizonte, ISBN 972-24-0815-1 [29]
- 1995 - Viveres, saberes e fazeres tradicionais da mulher algarvia, Gráfica Campo de Ourique [30]
- 2000 - Quem foi quem? 200 Algarvios dos século XX, Edições Colibri, ISBN 972-772-192-3 [31]
- 2001 - Almirante Jorge Ramos Pereiro: uma vida, um exemplo, Livros Horizonte, ISBN: 9789722411448 [32]
- 2003 - Abecedário a Rimar, ilustrações de Cecília Marreiros Marum, editora Campo das Letras, ISBN: 9789726102205 [23]
- 2015 - Algarvios pelo Coração, Algarvios por Nascimento, Edições Colibri, ISBN: 9789896895198
- 2021 - Antes do adeus, editora Página a Página, ISBN 978-989-54897-2-5
Referências
- ↑ a b c d e «Biografia: Glória Marreiros». Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ a b c d e f g «Glória Maria Marreiros da Cunha». Jornal Tornado. 2 de setembro de 2018. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ a b c Matos e Lemos, Mário (2009). Candidatos da oposição á Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário (PDF). Alfragide: Texto Editores. p. 200. ISBN 9789724740249
- ↑ a b c d e f g Portugal, Rádio e Televisão de. «Gloria Marreiros - Mulheres na Resistência - Documentários - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Cesina Bermudes, pioneira no parto sem dor». Jornal Expresso. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Amar a criança ainda antes de ela ser criança». João dos Santos no século XXI. 9 de junho de 2013. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ a b «Maternidade». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Humberto Delgado e as presidenciais de 1958». RTP Ensina. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Glória Marreiros, [Marmelete/Monchique, 1929]». Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
- ↑ «Granma - Jornal oficial do Comité Central do Partido Comunista de Cuba»
- ↑ «Memorial». Museu Nacional Resistência e Liberdade. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ Bento, Frei. «A Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos». PÚBLICO. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ AbrilAbril. «50 anos da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos». AbrilAbril. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ wb_top_access. «MDM». MDM (em inglês). Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Núcleo de Lagos comemora 41º aniversário». MDM (em inglês). 16 de outubro de 2018. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «O PORTUGAL DE ONTEM E DE HOJE NAS COMEMORAÇÕES DO III CONGRESSO DE AVEIRO». www.urap.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Glória Marreiros - Investigadora». Museu do Traje de São Brás de Alportel
- ↑ «Jornal da ORL - Candidatos da CDU no Concelho de Lisboa». web.archive.org. Consultado em 8 de maio de 2022
- ↑ «Edital Nº 77/2021 - Listas definitivamente admitidas à Assembleia de Freguesia de Arroios» (PDF). Câmara Municipal de Lisboa - Informações e Serviços. 26 de agosto de 2021
- ↑ «Programa eleitoral da CDU para a Freguesia de Arroios» (PDF). Partido Comunista Português - Organização Regional de Lisboa
- ↑ Informação, Sul (21 de setembro de 2018). «Escritora e atleta são os homenageados no Dia do Município de Lagos». Sul Informação. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Glória Maria Marreiros - Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro». Câmara Municipal de Lagos: Município de Lagos. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ a b «Abecedário a Rimar - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Obras de Glória Marreiros presentes no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Obras de Glória Marreiros». www.wook.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Catrina». Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Rochedo de Solidão». Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Gravidez e Maternidade». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Um Algarve outro: contado de boca em boca». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ «Viveres, saberes e fazeres tradicionais da mulher algarvia». biblioteca.cm-faro.pt. Consultado em 31 de março de 2022
- ↑ Marreiros, Glória (2000). Quem foi quem? 200 Algarvios do século XX. Lisboa: Edições Colibri. ISBN 972-772-192-3
- ↑ «Almirante Jorge Ramos Pereira Uma Vida - Um Exemplo - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 31 de março de 2022