Gobius paganellus
Gobius paganellus, comummente conhecido como caboz-da-rocha,[1] é uma espécie de peixe pequeno, pertencente à família dos Gobiídeos.
Gobius paganellus | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Gobius paganellus Linnaeus, 1758 |
Nomes comuns
editarAlém de «caboz-da-rocha», esta espécie dá ainda pelos seguintes nomes comuns: caboz[2] (não confundir com as diversas espécies de peixes teleósteos das famílias dos Bleniídeos, Batraquídeos e Gobiídeos, que também partilham este nome),[3] peixe-escama[4] e paganel.[5]
Regionalmente, é ainda conhecido no arquipélago dos Açores como bochecha[6] e joana[6] e no arquipélago da Madeira como velha.[7]
Em Cabo Verde, além de se conhecer pelos nomes caboz[2] e peixe-escama[2], também dá pelo nome de alcaboz.[2] Além disso, também pode ser conhecido, em crioulo cabo-verdiano, como marchova.[2]
Etimologia
editarQuanto ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Gobius, provém do latim, gobius,[8] que por seu turno adveio do grego clássico κωβιός e significa «caboz; peixe semelhante ao caboz».[9]
Quanto aos nomes comuns, o substantivo «caboz» entrou no português por via do provençal cabotz, que por seu turno adveio do latim vulgar capocĭu, étimo que significa «que tem a cabeça grande».[2]
Distribuição
editarEsta espécie marca presença na costa leste do oceano Atlântico, privilegiando as águas entre a Escócia e o Senegal e estendendo-se até às regiões macaronésicas dos arquipélagos das Canárias, Açores, Madeira e Cabo Verde.[10]
Também se encontra no mares Mediterrâneo, Negro e Vermelho, podendo ocorrer no Oceano Índico no ensejo da migração lessepsiana.[10]
Portugal
editarEsta espécie encontra-se presente em Portugal, onde é uma espécie nativa.[1] Além da sua presença nos arquipélagos dos Açores[11] e da Madeira, também marca presença na costa continental portuguesa, nomeadamente no Litoral Norte, no Estuário do Sado, no Sudoeste Alentejano e na Costa Vicentina.[1]
Habitat
editarTrata-se de uma espécie predominantemente marinha, privilegiando por isso as zonas costeiras.[10] No entanto, é capaz de entrar em águas salobras, pelo que também pode ser encontrada em áreas estuarinas.[12]
Com efeitos, os espécimes adultos tendem a preferir as águas nas zonas entre-marés, onde encontram refúgio e protecção a coberto das plantas marinhas e dos rochedos.[12]
O caboz-da-rocha encontra-se amiúde a profundidades que não ultrapassam os 15 metros.[12]
Descrição
editarOs espécimes adultos costumam medir entre 6 e 7 centímetros, sendo que o espécime de maiores dimensões alguma vez registado chegou até aos 13,8 centímetros de comprimento total.[11] O espécime mais longevo alguma vez registado chegou aos 10 anos.[13]
Os cabozes-da-rocha, apresentam o corpo baixo, mais ou menos alongado, pouco deprimido.[2] Caracterizam-se pelo pedúnculo caudal curto.[2] Têm um diâmetro ocular pouco maior que o comprimento do focinho.[2]
As barbatanas dorsais estão separadas por um curto espaço, sendo que ambas apresentam uma altura semelhante e menor do que a altura do corpo.[2] A primeira barbatana dorsal conta com 6 raios espinhosos, ao passo que a segunda conta com um único raio espinhoso e 14 raios moles.[2]
Conta ainda com 1 espinho e 13 raios moles na barbatana traseira.[2] As barbatanas peitorais são longas, dispondo de 5 raios superiores livres.[2]
A dentição do caboz-da-rocha é simples, assentando numa fiada na maxila superior e em duas fiadas na maxila inferior.[2]
No que toca às escamas, na linha lateral, geralmente conta com 50 a 53 escamas.[2] Apresenta uma coloração dorsal que varia entre o castanho-escura e o castanho-esverdeada.[2] Por sinal, o caboz-da-rocha não apresenta manchas negras nas extremidades de cada barbatana dorsal.[13] Dos lados, exibe uma coloração amarelada, com manchas mais ou menos escuras.[2]
Quanto ao ventre, é esbranquiçado.[2]
Comportamento
editarAlimenta-se essencialmente de pequenos invertebrados, como crustáceos e políquetas.[12]
A sua época de reprodução ocorre entre os meses de Abril e Junho, sendo que é o macho quem cuida dos ovos, amiúde depositados pelas fêmeas, entre as rochas ou dentro de conchas de bivalves abandonadas.[11]
Uso humano
editarO caboz-da-rocha é muito utilizado como isco na Pesca artesanal de Arraias e Meros.
Taxonomia
editarA autoridade científica da espécie é Linnaeus, tendo sido descrita no ano de 1758.
Sinonímia
editar- Gobius albosignatus,
- G. bicolor,
- G.capito,
- G. capitonellus,
- G. melanopterus,
- G. nigellus,
- G.nigrofuscus,
- G. punctipinnis[1]
Referências
- ↑ a b c d «Gobius paganellus». Museu Virtual Biodiversidade. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r Reiner, Francisco (1996). «Catálogo dos peixes do Arquipélago de Cabo Verde». Publicações Avulsas do IPIMAR: 241. ISSN 0872-914X. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «Caboz». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Peixe-escama - Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Paganel - Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ a b Santos, Ricardo S.; Porteiro, Filipe M.; Barreiros, João P. (1997). «Marine Fishes of the Azores : annotated checklist and bibliography : a catalogue of the Azorean marine ichthyodiversity». Arquipélago - Life and Marine Sciences (Supplement 1): 103. ISSN 0873-4704. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ Wirtz, Peter, ed. (1994). Unterwasserführer Madeira - Kanaren - Azoren. FISC: Fische / Peter Wirtz. Col: Edition Freizeit und Wissen Unterwasserführer. Stuttgart: Naglschmid. ISBN 3-927913-29-4
- ↑ «gobius». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ «κωβιός». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ a b c «Gobius paganellus, Rock goby : fisheries, aquarium». www.fishbase.se. Consultado em 8 de abril de 2024
- ↑ a b c Azevedo, José M. N.; Simas, Ana M. V. (2000). «Age and growth, reproduction and diet of a sublittoral population of the rock goby Gobius paganellus (Teleostei, Gobiidae)». Universidade dos Açores. Hydrobiologia: 129–135. ISSN 0018-8158. Consultado em 8 de abril de 2024.
The L∞ obtained is smaller than the length of the largest specimen ever captured (13.8 cm)
- ↑ a b c d Miller, P.J. (1986). Fishes of the North-eastern Atlantic and the Mediterranean (em inglês e francês). Paris: Unesco. pp. 1019–1085. ISBN 9789230022150
- ↑ a b Muus, Bent J.; Nielsen, Jørgen G.; Dahlstrøm, Preben (1999). Sea fish 1. ed. Hedehusene: Scandinavian Fishing Year Book. p. 340. ISBN 87-90787-00-5
- Gobius paganellus - Froese, R. and D. Pauly. Editors. 2014. FishBase. World Wide Web electronic publication. www.fishbase.org, (11/2014)
Ligações externas
editar- Gobius paganellus - Biodiversity Heritage Library - Bibliografia
- Gobius paganellus - NCBI Taxonomy Database
- Gobius paganellus - Global Biodiversity Information Facility
- Gobius paganellus - Encyclopedia of Life