Gosuinda ou Goisuintha (c. 520589) foi uma rainha visigótica que governou a Hispânia e a Septimânia.

Gosuinda
Rainha consorte dos visigodos
Consorte
Nascimento c. 520s
Morte 589 (69 anos)

Foi esposa de dois reis visigodos: Atanagildo e Leovigildo. Do primeiro casamento, teve duas filhas, Brunilda e Galsuinta, que se casaram com dois irmãos e reis merovíngios: Sigeberto I da Austrásia e Quilperico I, rei dos francos neustrianos.

Biografia

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Gosuinda casou-se com Atanagildo, rei dos visigodos entre 554 e 567, em data incerta. Após a morte de seu primeiro marido, em 567, Gosuinda tornou-se a segunda esposa de Leovigildo, irmão e sucessor de Liúva I. Pouco tempo depois, Leovigildo ascendeu ao trono dos visigodos, e Gosuinda tornou-se novamente rainha consorte, além de madrasta dos filhos do rei: Hermenegildo e Recaredo I.[1]

 
Hispânia no século VI

Gosuinda desempenhou um papel influente na corte real. Em 579, seu enteado Hermenegildo casou-se com sua neta Ingunda, filha de Brunilda e do rei franco Sigeberto I. Como rainha, Gosuinda recebeu a jovem princesa na corte e, inicialmente, foi gentil com ela. Contudo, Gosuinda queria que Ingunda fosse rebatizada na fé ariana, uma prática comum entre os visigodos. Ingunda, com apenas 12 anos, recusou-se firmemente. De acordo com Gregório de Tours, historiador galo-romano e bispo de Tours, Gosuinda "perdeu completamente a paciência" e atacou a menina, puxando-a pelos cabelos, jogando-a no chão e chutando-a até cobrí-la de sangue. Depois disso, mandou que fosse despida e lançada à força na piscina batismal.[2]

Seja por esse conflito ou, mais provavelmente, pelo desejo de Leovigildo em assegurar a sucessão de seus filhos, Hermenegildo e Ingunda foram enviados para governar outra parte do reino, provavelmente a província da Bética e o sul da Lusitânia, com Sevilha como sede. Lá, Hermenegildo foi influenciado por sua esposa e por Leandro de Sevilha, arcebispo de Sevilha, a converter-se ao cristianismo calcedoniano, rebelando-se contra seu pai. Ele acabou derrotado e executado em 585, sendo canonizado em 13 de abril de 1585, por ordem do Papa Sisto V como mártir da Igreja Católica.[2][3]

Após a morte de Leovigildo em 586, seu filho mais novo, Recaredo, ascendeu ao trono e se converteu rapidamente ao catolicismo. Gosuinda conspirou mais tarde contra ele, em 588, devido à conversão dos visigodos à fé católica por incentivo do rei, com o bispo ariano Uldila. No entanto, o complô foi descoberto, e o bispo foi banido. Segundo Máximo de Saragoça, Gosuinda morreu em 589 por enforcamento.[3]

Referências

  1. Orlandis Rovira, José. «La reina en la monarquía visigoda». Cuadernos del Instituto Jurídico Español. 1 (16). Consultado em 23 de dezembro de 2024 
  2. a b Pardo Fernández, Alejandrina (1992). La imagen de la mujer en la España visigoda, a través del estudio del pensamiento judeo-cristiano (Tese). Madri: Universidad Complutense de Madrid. Consultado em 23 de dezembro de 2024 
  3. a b Pardo Fernández, Alejandrina (1986). «La condición de viuda en el mundo visigodo, a través de las actas conciliares». Antigüedad y Cristianismo (3): 209–219. Consultado em 23 de dezembro de 2024