Governadores abássidas de Tarso

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Tarso é uma cidade na Cilícia, uma região do sudeste da Ásia Menor (moderna Turquia).[1] A cidade manteve-se sob controle romano desde 67 a.C., e então passou para o Império Bizantino até meados do século VII, quando após a conquista muçulmana do Levante, a cidade foi disputada com o nascente Califado Árabe.[2] Durante os conflitos entre bizantinos e o Califado Omíada, a cidade localizou-se na disputada terra de ninguém entre os dois impérios e mudou de mãos frequentemente, tornando-se deserta e arruinada no processo.[3] Em 778/779, o Califado Abássida organizou a primeira tentativa de restaurar a cidade como base de operações contra o Império Bizantino, mas o trabalho não foi aparentemente concluído. Não foi até 787/788, que a cidade seria reconstruíra e repovoada por Faraje ibne Sulaim sob ordens do califa Harune Arraxide (r. 786–809). 3 000 corassanos e 2 000 sírios (1 000 de Antioquia e 1 000 e Mopsuéstia) receberam cadas e terras na nova cidade-fortaleza.[4]

Dirrã do califa Harune Arraxide (r. 786–809)
Zona fronteiriça árabe-bizantina

Tarso foi aparentemente recuperada pelos bizantinos logo depois, em algum momento em torno do fim do século. A cidade provavelmente permaneceu em mãos bizantinas durante a guerra civil abássida Quarta Fitna, mas retornaria ao controle muçulmanos por 830, quando o califa Almamune (r. 813–833) recomendou campanhas ofensivas contra o Império Bizantino.[5] Os governadores de Tarso frequentemente também exerciam o governo de todas as marcas sírias (Tugur Axamia), e seu principal dever era organizar os raides anuais contra os bizantinos.[6]

A cidade permaneceu sob controla abássida direto até 878/9, quando o controle sobre ela e as marcas com o império passaram ao governante autônomo do Egito, Amade ibne Tulune (r. 868–905). O governador Iazamane Alcadim retornou-a à fidelidade direta à Bagdá de 882 em diante, mas foi forçado a reconhecer a suserania tulúnida novamente em 890. A possessão tulúnida do tugur durou até a morte do herdeiro de ibne Tulune, Cumarauai, em 896, após a qual o califa Almutadide (r. 892–902) restabeleceu controle direto sobre as regiões fronteiriças.[7][8] Em 946/947, Tarso reconheceu a suserania do emir hamadânida Ceife Adaulá de Alepo (r. 945–967), que tornou-se o nome mestre do norte da Síria e dos territórios fronteiriços bizantinos. Enfrentando o ressurgimento do Império Bizantino, ele foi capaz de conter a maré por um tempo, mas em 965, o imperador bizantino Nicéforo II Focas (r. 693–969) capturou a cidade, terminando o domínio muçulmano ali.[9][10]

Lista de governantes

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Nome Mandato Notas Ref.
Iázide ibne Machlad Alfazar
788
Expulso pela guarnição do Coração, devido seu orgulho excessivo em pertencer à família pró-omíada de Omar ibne Hubaira [6][11]
Abu'l-Fawaris
789/90 – ?
Apenas a data de sua nomeação é conhecida. [11][12]
Tabite ibne Nácer
ca. 807/8
Intitulado "emir das marcas sírias". [12]
Amade ibne Saíde
845
Liderou uma troca de prisioneiros com os bizantinos em setembro/outubro, deposto após um fracassado raide de inverno ao território bizantino. [12]
Nácer ibne Hâmeza
18 de jan. de 846 – ?
Apenas a data de sua nomeação é conhecida. [12]
Ali ibne Iáia, o Armênio
Por 852/3 –
out./nov. 862
Uma figura proeminente nas guerras contra o Império Bizantino, liderou vários raides de verão e supervisionou duas trocas de prisioneiros, em 856 e abril de 860. [12]
Maomé ibne Harune
871/2 (?)
Nomeado ao posto, mas morto antes de alcançar Tarso [12]
Maomé ibne Ali Alarmani
872 – 873/4
Morto pelos bizantinos. [12]
Urcuz ibne Ulugue Tarcã
873/4 – ca. 876
Deposto por desviar os salários da guarnição de Lulo, levando a sua rendição aos bizantinos. [12][13]
Abedalá ibne Raxide ibne Cavus
877/8
Derrotado e capturado em batalha pelo bizantinos. [12][14]
Takhshi
878
Nomeado por Amade após sua partida de Tarso em 878. [12]
Sima
ca. 879/80
Nomeado por Amade. [12]
Calafe de Fergana
Por 881 – 882
Nomeado por Amade. Deposto pela facção pró-abássida sob Iazamane. [12]
Iazamane Alcadim
882 – 23 de out. de 891
Líder da facção pró-abássida, liderou várias expedições contra os bizantinos. Em outubro de 890, reconheceu a suserania tulúnida. Morreu de suas feridas adquiridas em uma campanha contra o Império Bizantino. [15]
Amade ibne Tugane Alujaifi
Out. de 891 –
verão de 892
Sucedeu Iazamane e inicialmente foi confirmado por Cumarauai, mas logo foi substituído pelo primo de Cumarauai [16]
Maomé ibne Muça ibne Tulune
Verão de 892
Membro da família tulúnida, nomeado por Cumarauai, deposto e capturado pela população em agosto de 892. [16]
Amade ibne Tugane Alujaifi
Nov. de 892 – out. de 896
Restaurado ao governo por Cumarauai. Supervisionou a troca de prisioneiros de outubro de 896, e então partiu de Tarso pelo mar. [16][17]
Damião de Tarso
Out. de 896 –
mar./abr. de 897
Renegado bizantino, foi deixado à cargo de Tarso por Alujaifi. Deposto e preso por uma rebelião pró-abássida. [16]
Ibne Iquíxida
Abr. de 898 – começo de 900
Nomeado pelo califa Almutadide. Morto em uma expedição contra os bizantinos. [18][19]
Abu Tabite
900
Sub-governador de ibne Iquíxida, sucedeu-o após sua morte, mas foi capturado pelos bizantinos em março de 900. [18][20]
Ali ibne Alárabe
Aprox. 900
Eleito pelos mais velhos de Tarso para suceder Abu Tabite. [18]
Nizar ibne Maomé
ca. 900/1
Nomeado pelo governador das marcas, Haçane ibne Ali Cura. [18]
Muzafar ibne Haje
ca. 902/3
Deposto. [18]
Abul Açair Amade ibne Nácer
22 Mar. 903 – 905
Sucessor de Muzafar ibn Haje. [18]
Rustum ibne Bardu
20 de ago. de 905 – 912/3
Liderou vários raides contra o Império Bizantino e supervisionou as trocas de prisioneiros de setembro de 905 e 908. Ele também ajudou o rebelde Andrônico Ducas a fugir para território árabe. [18][21]
Bixer Alafexini
912/3 – após 918
Liderou vários raides contra o Império Bizantino e supervisionou a troca de prisioneiros do outono de 917. [18][22]
Tamal Aldulafi
Por 923 – ca. 932
Um comandante naval bem-sucedido, liderou vários raides contra o Império Bizantino, e até mesmo saqueou Amório e fez contato com Simeão I da Bulgária por uma frente comum. Ele supervisionou uma troca de prisioneiros no outono de 925. [18][23]
Baxir Atamali
ca. 938
Antigo tenente de Tamal Aldulafi, supervisionou a troca de prisioneiros do outono de 938. [24]
Nácer Atamali
ca. 946
Antigo tenente de Tamal Aldulafi, supervisionou a troca de prisioneiros de setembro de 946. Logo depois, as marcas sírias reconheceram a suserania de Ceife Adaulá. [24]
Ibne Azaiate
Por 956/7 – 961/2
Nomeado por Ceife Adaulá. No final de 961, reconheceu mais uma vez diretamente o califa abássida, mas foi derrotado pelos bizantinos e cometeu suicídio. Tarso voltou a ser fiel a Ceife Adaulá. [25]
Raxique de Nacim
Começo de 962 –
16 de ago. de 965
Sucedeu ibne Azaiate. Governador de Tarso até a rendição da cidade para Nicéforo Focas em 16 de agosto de 965. [26]

Referências

  1. Bosworth 1992, p. 268.
  2. Bosworth 1992, p. 269.
  3. Bosworth 1992, p. 269–271.
  4. Bosworth 1992, p. 271–273.
  5. Bosworth 1992, p. 273–274.
  6. a b Stern 1960, p. 218.
  7. Bosworth 1992, p. 274–276.
  8. Stern 1960, p. 218, 219–220.
  9. Bosworth 1992, p. 276–278.
  10. Stern 1960, p. 223.
  11. a b Bosworth 1992, p. 273.
  12. a b c d e f g h i j k l Stern 1960, p. 219.
  13. Lilie 2013, Urḫuz (#28403).
  14. Lilie 2013, ʻAbdallāh b. Rāšid b. Kāwus (#20014).
  15. Stern 1960, pp. 219–220.
  16. a b c d Stern 1960, p. 220.
  17. Lilie 2013, Aḥmad b. Tuġān al-‘Uǧayfī (#20193).
  18. a b c d e f g h i Stern 1960, p. 221.
  19. Lilie 2013, Ibn al-Iḫšād (#22696).
  20. Lilie 2013, Abū Ṯābit (#20080).
  21. Lilie 2013, Rustam b. Baradū al-Farġānī (#26909).
  22. Lilie 2013, Bišr al-Afšīnī (#21166).
  23. Lilie 2013, Ṯamal ad-Dulafī (#27558).
  24. a b Stern 1960, pp. 221, 223.
  25. Lilie 2013, Ibn az-Zayyāt (#22686).
  26. Lilie 2013, Rašīq an-Nasīmī (#26804).

Bibliografia

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  • Bosworth, C. E. (1992). «The City of Tarsus and the Arab-Byzantine Frontiers in Early and Middle ʿAbbāsid Times». Oriens. 33: 268–286. ISSN 0078-6527 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Stern, S. M. (1960). «The Coins of Thamal and of Other Governors of Tarsus». Journal of the American Oriental Society. 80 (3): 217–225. doi:10.2307/596170