Graf
Graf (em alemão: Graf; feminino Gräfin) é um título nobiliárquico histórico germânico, equivalente genérico ao conde (derivado do comes latino, e com uma história própria) e ao earl britânico (título anglo-saxão similar ao jarl viquingue). Imediatamente superior a freiherr ("barão") e inferior a raugraf. Sua origem é incerta; Paulo, o Diácono escreveu (em latim) por volta de 790: "o conde dos bávaros, que eles chamam gravio, que governava Bauzano (Bauzanum, atual Bolzano) e outras praças-forte…";[1] isto leva a crer que o termo seja de origem germânica, embora uma associação com o termo grego graphēin ("escrever") já tenha sido sugerida.
Desde agosto de 1919, na Alemanha, Graf e todos os outros títulos passaram a ser considerados como parte integrante do sobrenome dos titulares e de seus descendentes que ainda residiam na Alemanha.[2] O título condal Graf também era utilizado, então, por falantes do alemão (tanto como língua oficial quanto vernáculo) na Áustria e em outras terras dominadas pelos Habsburgo (como a Hungria e as terras eslavas), em Liechtenstein e boa parte da Suíça.
Primeiramente, até o século XV, um graf obrigatoriamente exercia autoridade ou jurisdição sobre um território conhecido como um Grafschaft, literalmente condado, mas após esta data o título passou a ser usado apenas como grau de nobreza.
Os títulos nobiliárquicos de graf (conde) concedidos na primeira metade do Sacro Império Romano-Germânico (962-1806), frequentemente estavam relacionados à jurisdição ou a autoridade sobre um território, ou ao exercício de alguma função pública e representavam concessões especiais, tanto em termos de autoridade quanto de posição. Após o século XV, membros da nobreza receberam o título de graf mas sem que lhe estivesse adstrita qualquer função pública, somente como grau de nobreza. Apenas os títulos nobiliárquicos mais importantes permanecem em uso até a actualidade.
Lista de títulos nobiliárquicos contendo o termo graf
editarAlguns têm aproximadamente o grau de conde, alguns um pouco acima, outros um pouco abaixo.
Alemão | Inglês | Comentário/ etimologia |
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Markgraf | Margrave (somente no continente) |
em alemão: Mark: marca de fronteira + em alemão: Graf. Autoridade exercida sobre um território na fronteira do Sacro Império Romano-Germânico. O grau equivalente na nobreza ibérica era o marquês. |
Landgraf | Landgrave | em alemão: Land: terra + Graf. Autoridade exercida sobre uma província inteira. O grau equivalente na nobreza ibérica era o conde. |
Reichsgraf | Count of the Empire | em alemão: Reich: o Sacro Império + Graf. Conde imperial, cujo título era garantido ou reconhecido pelo imperador romano-germânico. |
Gefürsteter Graf | Princely Count | Verbo alemão para "to make into a Reichsfürst + Graf |
Pfalzgraf | Count Palatine ou Palsgrave (o último é forma arcaica em inglês) |
Pfalz (Palatinado + em alemão: Graf. Originalmente governado "com a autoridade do palácio imperial", posteriormente, governador da "Terra do Palácio", i.e., o Palatinado. |
Rheingraf | Rhinegrave | Rhein (Reno) + Graf. Governador do território vizinho ao rio Reno. |
Burggraf | Burgrave | em alemão: Burg (castelo, burgo) + Graf. Governador do território em volta ou dominado por uma fortificação ou castelo fortificado. |
Altgraf | Altgrave | em alemão: Alt (velho) + Graf. A condado cujo título pré-imperial garante o título atual. Unicamente na família Salm. |
Freigraf | Free Count | em alemão: Frei (livre) + Graf. Ambos títulos feudais da faixa de conde mais um escritório técnico. |
Wildgraf | Wildgrave | em alemão: Wild (selvagem) + Graf. Governador de território centrado numa área selvagem. |
Raugraf | Raugrave | em alemão: Rau (desabitado, selvagem) + Graf. Governador de território centrado numa área subdesenvolvida. |
Vizegraf | Viscount | em alemão: Vize (vice, substituto) + Graf |
Margrave
editarMargrave (em alemão: Markgraf), literalmente o "defensor da marca de fronteira" (província), denominação dada, desde o Império Carolíngio, aos responsáveis pela defesa das regiões fronteiriças e, por isso mesmo, mais sujeitas a ataques.[3]
O termo original latino marchio, originou o termo marquês.
Landegrave
editarLandegrave (em alemão: Landgraf - feminino Landgravine) foi um título nobiliárquico usado por vários condes do Sacro Império Romano-Germânico desde o século XII.[4]
O primeiro território a ter um landegrave foi a Turíngia e o título foi conferido à família Ludowing em 1130 pelo imperador Lotário II. [5]
Importante ressaltar que na sua origem, e por muitos séculos, os landegraves tinham jurisdição sobre um território. [6]
Os landegraves da Alta e da Baixa Alsácia, assim como os de Brisgóvia (em alemão: Breisgau), adquiriram o título porque os seus condados correspondiam aos antigos condados do Império Carolíngio. Havia ainda landegraves da Turíngia e de Hesse. Dava-se ainda o título de landegrave, a magistrados que faziam justiça em nome do Imperador Romano-Germânico.
Os termos originais latinos eram comes provincialis, comes patriae, comes terrae, comes magnus.
Reichsgraf e Gefürsteter Graf
editarUm Reichsgraf (em alemão: Reichsgraf) era um nobre cujo título de "conde" era conferido ou confirmado pelo Imperador Romano-Germânico e significa "conde imperial", i.e., um conde do Sacro Império Romano-Germânico.
Desde a época feudal qualquer conde cujo território estava dentro do império e sob a jurisdição imediata (Reichsfreiheit) do imperador com um voto compartilhado no Reichstag foi considerado membro da nobreza superior (Hochadel) na Alemanha, entre os príncipes (Fürsten) duques (Herzog|Herzöge), eleitores, e o próprio imperador.[7] Um conde que não era um Reichsgraf era provavelmente um dono legal de um feudo (Afterlehen) — ele estava sujeito à autoridade imediata de um príncipe do império, tal como um duque ou príncipe eleitor.
Porém, os imperadores ocasionalmente outorgavam o título de Reichsgraf a súditos e estrangeiros que não possuíam e não recebiam territórios imediatos — ou, às vezes, território algum.[7] Tais títulos eram puramente honoríficos.
Em português, Reichsgraf é usualmente traduzido simplesmente como "conde" e é combinado com um sufixo territorial (ex.: Conde da Holanda, Conde Reuss), ou um sobrenome Fugger|Conde Fugger, Conde von Browne. Mas, mesmo depois da abolição do Sacro Império Romano-Germânico em 1806, os Reichsgrafen mantiveram procedência acima dos demais condes na Alemanha. Aqueles que tiveram imediatidade imperial sob a Mediatização Alemã retiveram, até 1918, status e privilégios equivalente aos membros da dinastia reinante.
Um gefürsteter Graf ("conde principesco") é um Reichsgraf de nível principesco, mas não de título, pelo imperador.
Notáveis Reichsgrafen:
- Castell
- Fugger
- Henneberg, um título incorporado à dignidade imperial
- Leiningen
- Nassau-Weilburg desde 26 de setembro de 1366 (previamente apenas Graf)
- Pappenheim
- Stolberg
- Conde de Tirol como domínio da coroa austríaca
Uma lista completa de Reichsgrafen em 1792 pode ser encontrada na Lista de participantes do Reichstag (1792).
Rhinegrave
editarRhinegrave (em alemão: Rheingraf) foi usado pelos condes de Rheingau, um condado situado entre Wiesbaden e Lorch, na margem direita do rio Reno. O seu castelo foi conhecido como o Rheingrafenstein. Após os rhinegraves herdarem o Vildgraviato e partes do Condado de Salm, eles próprios se auto-intitularam Vildgraves e Rhinegraves de Salm.
Burgrave
editarBurgrave ((em alemão: Burggraf e em neerlandês: burg- ou burch-graeve, latim médio burcgravius ou burgicomes), isto é conde de um castelo ou de uma cidade fortificada. O título é originalmente equivalente àquele de castelão (latim castellanus, praefectus), isto é governador de um castelo ou de uma cidade fortificada.
Altgrave
editarAltgrave (em alemão: Altgraf), que significa "velho conde", foi utilizado pelos condes do Baixo Salm a se distinguirem dos wilgraves e rhinegraves do Alto Salm, uma vez que o ramo da família dos do Baixo Salm era mais velho.
Wildgrave
editarWildgrave (em alemão: wildgraf) era atribuído aos nobres que tinham autoridade sobre as florestas ou áreas desabitadas. É semelhante a um raugrave (raugraf).
Raugrave
editarRaugrave (em alemão: Raugraf) era um título atribuído aos governantes de uma das duas partes em que se dividiu o Condado de Nahegau
Quando o Condado de Nahegau (nome originado a partir do nome rio Nahe) era dividido em duas partes, em 1113, os condes das duas partes chamavam-se wildgraves e raugraves, respectivamente. Eles foram nomeados devido ao nome onde as suas propriedades se localizavam geograficamente:
- Wildgrave (Wildgraf), em latim comes sylvanus, depois da palavra wald (que significa "floresta");
- Raugrave (Raugraf), em latim comes hirsutus, depois a partir das características montanhosas do terreno.
O primeiro raugrave foi o conde Emich I (falecido em 1172). A dinastia acabou no século XVIII. O título foi adquirido posteriormente pelo eleitor do Palatinado Carlos I Luís que comprou as propriedades, e depois de 1667 foi propriedade dos filhos do segundo casamento de Carlos, que casou com Marie Louise von Degenfeld.
Referências
- ↑ Historia gentis Langobardorum, V.xxxvi
- ↑ Segundo o artigo 109 da Constituição de Weimar, criada na fundação da República de Weimar, em decorrência da dissolução do Império Alemão em 1918.
- ↑ "O confronto que mudou a Europa". História Viva, 16. pg. 61.Editora Duetto. São Paulo (2005)
- ↑ «Landgrave». Encyclopædia Britannica. The Editors of Encyclopædia Britannica. Consultado em 18 de setembro de 2016.
Landgrave, feminine landgravine, a title of nobility in Germany and Scandinavia, dating from the 12th century,
- ↑ «Landgrave». Encyclopædia Britannica. The Editors of Encyclopædia Britannica. Consultado em 18 de setembro de 2016.
The first landgraviate was Thuringia (conferred on the Ludowing family in 1130 by King Lothar II).
- ↑ «Landgrave». Merriam-Webster. Consultado em 18 de setembro de 2016.
a German count having a certain territorial jurisdiction —
- ↑ a b Velde, François (13 de fevereiro de 2008). «Heraldica.org». The Holy Roman Empire. Consultado em 4 de março de 2008
Bibliografia
editar- MAYER, Manfred. Geschichte der Burggrafen von Regensburg. München 1883.
- MAYER, Theodor. Über Entstehung und Bedeutung der älteren deutschen Landgrafschaften. Mittelalterliche Studien – Gesammelte Aufsätze, ed. F. Knapp (Sigmaringen 1958) 187–201. Auch in: Zeitschrift der Savigny-Stiftung für Rechtsgeschichte, Germanische Abteilung 58 (1938) 210–288.
- PÜTTER, Johann Stephan. Anleitung zur juristischen Praxi wie in Teutschland sowohl gerichtliche als außergerichtliche Rechtshändel … verhandelt und in Archiven beygeleget werden. Theil 2: Zugaben: insonderheit von der Orthographie und Richtigkeit der Sprache und vom teutschen Canzley-Ceremoniel. 5. Auflage. Vandenhoeck, Göttingen 1802.