Gregório Pacuriano
Gregório Pacuriano (em latim: Gregorius Pacurianus; em grego: Γρηγόριος Πακουριανός; romaniz.: Gregórios Pakourianós; em armênio/arménio: Գրիգոր Բակուրյան; romaniz.: Grigor Bakurian; em georgiano: გრიგოლ ბაკურიანის-ძე; romaniz.: Grigol Bakurianis-ze; em búlgaro: Григорий Бакуриани; 1086) foi um político e comandante militar a serviço do Império Bizantino. Foi o fundador do mosteiro da Mãe de Deus Petritzonitissa em Bachcovo e autor de seu tipicon.[1] Os monges deste mosteiro ortodoxo (hoje, o mosteiro de Bachcovo) na Bulgária eram ibéricos.[2][3]
Gregório Pacuriano | |
---|---|
Gregório num afresco do Mosteiro de Bachcovo
| |
Nacionalidade | Império Bizantino |
Parentesco | Apásio Pacuriano (irmão) Acsartanes de Periteório (cunhado) |
Ocupação | General e governador |
Principais trabalhos |
|
Título | |
Religião | Catolicismo |
Vida
editarOrigens
editarAs origens de Gregório são uma questão de disputa acadêmica.[4][5][6] Acredita-se que ele fosse de Tao ou Taique, que tinham sido anexados pelos bizantinos no Tema da Ibéria em 1001. De acordo com a historiadora contemporânea Ana Comnena, que conheceu Pacuriano pessoalmente, Gregório foi "descendente de uma família nobre armênia",[7] enquanto o cronista armênio Mateus de Edessa, do século XII, diz que Pacuriano foi de origem "Vrats" tendo em mente a afiliação religiosa de Pacuriano.[8] O próprio Gregório considerou-se como parte do "glorioso povo dos ibéricos" e insistiu que seus monges deveriam conhecer a língua georgiana.[9] Em seu estudo da administração bizantina sobre as províncias da Armênia, o historiador Viada Arutjunova-Fidanjan conclui que Pacuriano nasceu em uma família armênia calcedônia.[10] Tendo em conta todas as evidências disponíveis de Pacuriano, a estudiosa Nina G. Garsoïan propôs que "a explicação mais provável é que [a família Pacuriano] pertenceu a uma aristocracia armênio-ibérica calcedoniana mista, que habitava no distrito fronteiriço de Taique/Tao."[11]
Serviço bizantino
editarDe acordo com Ana Comnena, Pacuriano foi pequeno de corpo, mas um poderoso guerreiro.[12] Em 1064, participou na defesa mal-sucedida de Ani contra o sultão seljúcida Alparslano (r. 1063–1072) e seus aliados: os georgianos liderados pelo rei Pancrácio IV da Geórgia (r. 1027–1072) e os albaneses liderados pelo rei Gorizã.[13] Serviu depois disso sob Miguel VII Ducas (r. 1071–1078) e Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081) em várias cargos de responsabilidade em ambas as fronteiras oriental e ocidental do império;[14] neste período tornou-se governador do Tema da Ibéria com o título de duque de Teodosiópolis.[15] Como o avanço seljúcida forçou os bizantinos a evacuar as fortalezar anatólias orientais e o Tema da Ibéria, Gregório cedeu em 1074 parte do tema e a cidade de Cars para o rei Jorge II da Geórgia (r. 1072–1084), o que não ajudou, porém, a deter o avanço turco e a área se tornou um campo de batalha para as guerras georgiano-seljúcidas.[16]
Mais tarde esteve envolvido em um golpe que removeu Nicéforo III. O novo imperador, Aleixo I Comneno (r. 1081–1118), apontou-o "grande doméstico de todo o Ocidente" e sebasto[17] e deu a ele muitos propriedades nos Bálcãs.[18] Possuía numerosos estados em várias partes do Império Bizantino e foi oferecido uma variedade de privilégios pelo imperador, incluindo a isenção de certos impostos.[19] Em 1081, comandou o flanco esquerdo contra os normandos na batalha de Dirráquio.[20] No final de 1082 ou começo de 1083 derrotou os pechenegues obrigando-o a retirar-se dos territórios bizantinos.[21] Em 1083 fundou o mosteiro da Mãe de Deus Petritzonitissa.[17] Morreu em 1086 lutando com os pechenegues na Batalha de Beliatoba[22] quando chocou-se com um carvalho;[23] foi sucedido como grande doméstico no mesmo ano por Adriano Comneno.[24] Gregório Pacuriano e seu irmão Apásio (Abas) foram enterrados em um ossuário próximo do mosteiro de Bachcovo.[25] Os retratos dos irmãos estão pintados no nicho da capela do mosteiro.[26]
Foi também conhecido como um notável patrono e promotor da cultura cristã. Junto com seu irmão Apásio fez, em 1074, uma significativa doação para o mosteiro de Iviron no Monte Atos. Assinou a versão oficial em grego do tipicon em armênio.[27][28] Ele também assinou seu nome em caracteres georgianos e armênios ao invés de grego;[29] supõe-se que Pacuriano não sabia grego.[30]
Referências
- ↑ Franklin 2010, p. 25.
- ↑ Catherine 1976, p. 74-75.
- ↑ Arutjunova-Fidanjan 1978, p. 134-135; 249.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 443-444.
- ↑ Garsoïan 1998, p. 88-89; nota 138-140.
- ↑ Toumanoff 1971, p. 111-152.
- ↑ Ana Comnena 1928, p. 51.
- ↑ Mateus de Edessa 1991, p. 160; 500; nota 226.
- ↑ Browning 1992, p. 126.
- ↑ Arutjunova-Fidanjan 1986–1987, p. 315.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 1553.
- ↑ Ana Comnena 1928, p. 81.
- ↑ Abaza 1888, p. 83.
- ↑ Bartusis 2013, p. 125.
- ↑ «Gregorios Pakourianos, megas domestikos E / L XI» (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2013
- ↑ Edwards 1988, p. 138-140.
- ↑ a b Garland 2006, p. 168.
- ↑ Angold 1997, p. 151.
- ↑ Bartusis 2013, p. 126.
- ↑ Haldon 2001, p. 134.
- ↑ Prinzing 1999, p. 68.
- ↑ Scott 2000, p. 164.
- ↑ Birkenmeier 2002, p. 209.
- ↑ Skoulatos 1980, p. 5–6.
- ↑ James 2010, p. 168.
- ↑ Constable 2000, p. 508-509.
- ↑ Lemerle 1977, p. 157.
- ↑ Arutjunova-Fidanjan 1978, p. 120.
- ↑ Mango 2002, p. 12.
- ↑ Gautier 1984, p. 158.
Bibliografia
editar- Abaza, Viktor (1888). История Армении. São Petersburgo: [s.n.]
- Ana Comnena (1928). Elizabeth Dawes, ed. The Alexiad. Londres: Routledge
- Angold, Michael (1997). The Byzantine Empire, 1025–1204: A Political History. Londres: Longman. ISBN 0-582-29468-1
- Arutjunova-Fidanjan, Viada (1978). The Typikon of Gregorius Pacurianus. Erevan: [s.n.]134-135, 249.
- Arutjunova-Fidanjan, Viada (1986–1987). Some Aspects of the Military-Administrative Districts and of Byzantine Administration in Armenia During the 11th Century. Revue des Études Arméniennes. 20. [S.l.: s.n.]
- Bartusis, Mark C. (2013). Land and Privilege in Byzantium: The Institution of Pronoia. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 1107009626
- Birkenmeier, John W. (2002). The Development of the Komnenian Army. [S.l.]: BRILL. ISBN 9004117105
- Browning, Robert (1992). The Byzantine Empire. [S.l.]: The Catholic University of America Press
- Catherine, Asdracha (1976). La région des Rhodopes aux XIIIe et XIVe siècles: étude de géographie historique. Atena: Verlag der Byzantinisch-Neugriechischen Jahrbücher
- Constable, Giles. Byzantine Monastic Foundation Documents: A Complete Translation of the Surviving Founders' Typika and Testaments, Volume 2. Universidade de Michigan: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0884022323
- Edwards, Robert W.título=The Vale of Kola: A Final Preliminary Report on the Marchlands of Northeast Turkey (1988). 42. [S.l.]: Dumbarton Oaks Papers Em falta ou vazio
|título=
(ajuda) - Franklin, Simon (2010). Writing, Society and Culture in Early Rus, c.950-1300. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 1139434543
- Garsoïan, Nina G. (1998). «The Problem of Armenian Integration into the Byzantine Empire». In: Hélène Ahrweiler; Angeliki E. Laiou. Studies on the Internal Diaspora of the Byzantine Empire. Washington: Harvard University Press
- Garland, Lynda (2006). Byzantine Women: Varieties of Experience 800-1200. [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 075465737X
- Gautier, P. (1984). «Le typikon du sèbaste Grégoire Pacourianos». Revue des Etudes Byzantines. 42
- Haldon, John F. (2001). The Byzantine Wars: Battles and Campaigns of the Byzantine Era (em inglês). Stroud, Gloucestershire: Tempus Publishing. ISBN 0-7524-1795-9
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Lemerle, Paul (1977). Le Monde Byzantin. Cinq études sur le XIe siècle Byzantin. Le Typikon de Grégoire Pakourianos (Décembre 1083). Paris: Édition CNRS
- James, Liz (2010). A Companion to Byzantium. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 1444320025
- Mango, Cyril Alexander (2002). The Oxford History of Byzantium. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-814098-3
- Mateus of Edessa (1991). Hrach Bartikyan, ed. The Chronicle of Matthew of Edessa. Erevan: Yerevan State University Press
- Prinzing, Günter; Maciej Salamon (1999). Byzanz und Ostmitteleuropa 950-1453: Beiträge zu einer table-ronde des XIX. International Congress of Byzantine Studies, Copenhagen 1996. [S.l.]: Otto Harrassowitz Verlag. ISBN 3447041463
- Scott, Roger (2000). Byzantine Macedonia: Identity Image and History : Papers from the Melbourne Conference. [S.l.]: Australian Association for Byzantine Studies, Australian Catholic University. ISBN 1876503068
- Skoulatos, Basile (1980). Les Personnages Byzantins de I'Alexiade: Analyse Prosopographique et Synthese. Louvain-la-Neuve, Bélgica: Nauwelaerts
- Toumanoff, Cyril (1971). «Caucasia and Byzantium». Traditio. 27