Heitor Martins
Heitor Sant’Anna Martins (Marília, 06 de novembro de 1967) é consultor de empresas, filho do médico mineiro Antônio Martins e da linguista paulistana Nilce Martins. Heitor nasceu em 1967, em Marília, interior de São Paulo[1] e é casado com a advogada e empresária Fernanda Feitosa. Formado em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV), possui MBA pela Universidade de Michigan[2]. É Sócio Sênior da McKinsey & Company[3].
Heitor Sant’Anna Martins | |
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Nascimento | 06 de novembro de 1967 (57 anos) São Paulo |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Nilce Martins Pai: Antônio Martins |
Cônjuge | Fernanda Feitosa |
Filho(a)(s) | Dois |
Ocupação | consultor de empresas |
Período de atividade | início da década de 1990 até a atualidade |
Biografia
editarApresenta uma significativa trajetória no universo das artes. É diretor-presidente do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP)[4], foi presidente da Fundação Bienal Internacional de Arte de São Paulo, entre 2009 e 2013.
Foi ainda vice-presidente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) entre 2013 e 2016 e integrou diversos conselhos nas áreas de Cultura e Educação.
Listado pela Bloomberg Línea[5] como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina em 2023 devido ao seu envolvimento no cenário das artes e cultura.
Recuperação da Bienal de São Paulo
editarHeitor chegou à presidência da Fundação Bienal[6], em 2009, com o desafio de realizar a 29ª Bienal de São Paulo após um ano daquela que ficou conhecida como “Bienal do vazio”[7] – a 28ª Bienal de São Paulo manteve um andar inteiro vazio[8] para propor uma reflexão sobre o sistema das Bienais.
Quando Heitor assumiu esse papel, a dívida[9] da Fundação Bienal se acumulava em mais de R$ 5 milhões[10]. Em meio às discussões sobre o possível adiamento da 29ª Bienal de São Paulo, o grupo julgou essencial manter a mostra e abraçou o desafio de realizá-la com um prazo mínimo de um ano e um mês. Se a exposição anterior foi marcada pelo vazio, esta seria cheia, com uma grande quantidade de obras ocupando todo o pavilhão, como forma de mostrar à sociedade que aquela instituição continuava viva.
A gestão de Heitor também realizou a 30ª Bienal, que quebrou paradigmas ao trazer um curador estrangeiro[11], o venezuelano Luis Pérez-Oramas[12], então curador do Moma (Museu de Arte Moderna, em Nova York) para a América Latina – além de ter sido responsável por organizar a representação brasileira na Bienal de Veneza[13].
Revitalização do MASP
editarEm 2014, Heitor foi convidado a assumir a presidência do Masp[14], período em que houve uma reorganização administrativa no museu, devido à severa crise financeira e institucional que enfrentava. Foram criadas metas de governança, desempenho e renegociação de dívidas[15], busca por novas parcerias com instituições privadas, além da renovação da infraestrutura[16], com a aquisição de um prédio anexo[17].
Houve um severo corte de gastos, reorganização administrativa, assim como a busca por novas receitas e parcerias com a iniciativa privada. Foram criadas metas de governança, desempenho e renegociação de dívidas, além da renovação de sua infraestrutura[18].
Além das questões administrativas, foram realizadas transformações na programação curatorial. Heitor nomeou Adriano Pedrosa como diretor artístico[19], o que alavancou ainda mais a visibilidade e o reconhecimento do MASP, que passou a ter exposições de grande sucesso, como Histórias afro-atlânticas, realizada em 2018 em parceria com o Instituto Tomie Ohtake e cuja versão itinerante nos Estados Unidos foi eleita a melhor daquele ano pelo New York Times.[20] Atualmente, a diretoria do museu é também composta por Carolina Rossetti, diretora de relações institucionais, e Marcelo Ribeiro, diretor financeiro e de operações.[21]
Em sua gestão foram criados programas para a doação de pessoas físicas e empresas que contribuem diretamente na manutenção do museu. Dentre eles, estão o Amigo MASP e a Empresa Amiga MASP, uma iniciativa de fidelização que tem por objetivo arrecadar recursos para os projetos do MASP e, como contrapartida, oferece benefícios aos participantes. Destaca-se também o programa de patronos e jovens patronos do MASP, que garante, através de doações de pessoas físicas, uma rede de sustentação na vida e desenvolvimento do Museu.[22][23]
Outro marco da gestão foi a retomada, em dezembro de 2015, dos cavaletes de concreto e cristal projetados por Lina Bo Bardi como suporte para as obras do acervo do MASP, quase vinte anos após a sua retirada. Os cavaletes ficam dispostos em fileiras na sala ampla, livre de divisórias, do segundo andar do museu. Retirar as obras da parede e colocá-las nos cavaletes possibilita um encontro mais próximo do público com os trabalhos, e o visitante pode caminhar entre as obras, como em uma floresta de obras, que parecem flutuar no espaço. O espaço aberto, fluido e permeável oferece múltiplas possibilidades de acesso e de leitura, eliminando hierarquias e roteiros predeterminados.
Para dar continuidade ao projeto de restabelecer o MASP, Martins conta com o apoio de um grupo de conselheiros, formado principalmente por representantes da iniciativa privada, em especial bancos e grandes empresas.[24]
Este período foi marcado também pela adesão do público. Em 2022, 440 mil pessoas visitaram a instituição, representando um aumento de 88% em relação ao ano anterior.[25]
Renovação da infraestrutura
editarDurante a gestão de Martins, também foi iniciado um projeto de expansão e modernização da infraestrutura, que adicionará 7.680m² à área do museu. Foi iniciada a restauração do prédio Lina Bo Bardi, incluindo a arquitetura original, áreas de acervo, salas expositivas, espaços administrativos, troca do sistema de ar condicionado e iluminação, assim como a reforma do sistema de segurança.[26]
Além disso, foi iniciada a construção de um novo prédio, chamado Pietro Maria Bardi, que permitirá a expansão da área de acervo do museu, possibilitando que o MASP receba um maior número de visitantes. Outro projeto, ainda, é a construção de uma área de docas, que expande as possibilidades para organizar grandes exposições internacionais com maior segurança. Os dois edifícios serão conectados por uma galeria subterrânea, com pé-direito de 2,50 metros, comprimento de 48,80 metros e largura de 5 metros. A expansão do MASP faz parte do projeto elaborado pelo arquiteto Júlio Neves, com projeto arquitetônico e coordenação conduzida pelo escritório Metro Arquitetos, assinado por Martin Corullon e Gustavo Cedroni, e tem previsão de inauguração para o ano de 2024.[27]
Outras atuações na cultura e na educação
editarDe 2013 a 2016, Heitor ocupou a vice-presidência da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Osesp[28]. Criou o Conselho Consultivo e a expansão dos mecanismos de captação de recursos para a instituição[29].
Entre 2019 e 2022, integrou o Conselho Estadual de Cultura e Economia Criativa[30] da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, responsável pela avaliação de programas e estabelecimento de diretrizes para a política cultural do Estado. Atualmente, também é membro dos conselhos do Insper[31], Instituto Tomie Ohtake[32] e Fundação Itaú para Educação e Cultura.[33]
Referências
- ↑ «Raio-X Heitor Martins». Folha de S.Paulo. 1 de dezembro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Heitor Martins». ieA. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Heitor Martins, Senior Partner, São Paulo». McKinsey. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «MASP». Wikipedia. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «500 pessoas mais influentes da América Latina 2023». Bloomberg Linea. 1 de dezembro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Relatório de Gestão e contribuições à sociedade 2011 - 2012». Fundação Bienal de São Paulo. 1 de janeiro de 2012. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Em meio ao vazio, Bienal foi alvo de críticas em 2008». Folha de S.Paulo. 31 de dezembro de 2008. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «O homem que preencheu o vazio». Valor Econômico. 14 de dezembro de 2012. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «'Vamos garantir que a Bienal de 2010 aconteça', diz novo presidente». Globo.com. 29 de maio de 2009. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «A bienal depois do caos». Isto É. 1 de julho de 2009. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Bienal ganha novo curador». SP Arte. 24 de fevereiro de 2011. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Venezuelano assume a curadoria da 30ª Bienal». Folha de S.Paulo. 12 de fevereiro de 2011. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Bienal de Veneza terá curador brasileiro – e ele é do MASP». BrazilJournal. 15 de dezembro de 2022. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Heitor Martins assume a presidência do Masp». O Globo. 17 de novembro de 2014. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Masp, museu com estrutura de empresa». Estado de Minas. 24 de novembro de 2014. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Como será a nova sede do Masp, no prédio vizinho, com túnel subterrâneo para o edifício de Lina Bo Bardi». Veja. 20 de agosto de 2021. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Masp ganha novo prédio de 14 andares e área de exposição ficará 66% maior». Globo. 20 de agosto de 2021. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «A gestão Heitor Martins (2014 - atualmente)». Wikipedia. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ G1, Do; Paulo, em São (2 de outubro de 2014). «Masp anuncia Adriano Pedrosa como novo diretor artístico». Pop & Arte. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Exposição do Masp é eleita a melhor do ano pelo New York Times». Exame. 10 de dezembro de 2018. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «MASP». MASP. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ Redação (31 de janeiro de 2022). «Masp lança programa de benefícios para empresas». Forbes Brasil. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ Louise, Victoria (14 de novembro de 2022). «Participação do público: conheça os programas de apoio dos museus brasileiros». Blog que conecta você ao mundo da arte contemporânea. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Masp ganha nova diretoria e conselho». Estadão. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Mônica Bergamo: Número de visitantes no Masp teve alta de 88% em 2022». Folha de S.Paulo. 8 de janeiro de 2023. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Como será a nova sede do Masp, no prédio vizinho, com túnel subterrâneo para o edifício de Lina Bo Bardi». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Masp ganha novo prédio de 14 andares e área de exposição ficará 66% maior; veja fotos». G1. 20 de agosto de 2021. Consultado em 22 de dezembro de 2023
- ↑ «Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo». OSESP. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Mudanças no conselho da Osesp». Veja São Paulo. 5 de dezembro de 2016
- ↑ «Governo de SP anuncia Conselho Estadual de Cultura e Economia Criativa». Governo do Estado de São Paulo. 15 de abril de 2019. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Conselho Deliberativo». INSPER. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Equipe Tomie Ohtake». Instituto Tomie Ohtake. Consultado em 25 de janeiro de 2024
- ↑ «Fundação Itaú para Educação e Cultura» (PDF). Fundação Itaú para Educação e Cultura. Consultado em 25 de janeiro de 2024