Helena Solberg
Helena Solberg (Rio de Janeiro, 17 de junho de 1938) é uma cineasta, produtora e roteirista brasileira. Ela é reconhecida como a única diretora mulher a participar do Cinema Novo.[3]
Helena Solberg | |
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Nome completo | Maria Helena Collet Solberg[1] |
Nascimento | 17 de junho de 1938 (86 anos) Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Ocupação | cineasta, produtora, roteirista, assistente de direção e cineasta |
Cônjuge | David Meyer |
Emmys | |
1983 — From the Ashes: Nicaragua Today —Emmy de Notícias e Documentários[2] | |
Outros prêmios | |
1995 — Bananas is my Business —Gold Hugo Award 1995 — Bananas is my Business —Melhor Documentário no Festival de Brasilia 1995 — Bananas is my Business —Melhor Documentário no Festival de Havana 2004 — Vida de Menina —Kikito de Ouro | |
Página oficial |
Entre seus principais trabalhos, se destacam o documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business de 1995, e Vida de Menina, uma adaptação do livro Minha Vida de Menina, de Helena Morley. O filme chegou a ganhar seis prêmios no Festival de Gramado, em 2004.[4][5]
Em 2018, Helena Solberg tornou-se membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.[6]
Biografia
editarMaria Helena Collet Solberg nasceu no Rio de Janeiro, filha da brasileira Celina Ribeiro e do norueguês Hans Birger Dimitri Collet Solberg.[7] Morou durante muito tempo em Nova York, e firmou-se como produtora e diretora de documentários no Brasil e nos Estados Unidos.[8] Começou sua carreira a partir do contato com grandes nomes do Cinema Novo, como Cacá Diegues e Arnaldo Jabor, com quem conviveu durante os estudos na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e, posteriormente, com Joaquim Pedro de Andrade, Paulo César Saraceni e Mário Carneiro.[9]
No jornal Metropolitano a cineasta começou o trabalho de repórter. Por dominar o inglês e francês era requisitada para fazer entrevistas com personalidades estrangeiras – talvez, também seja esse o início da carreira de documentarista. Helena, ainda adolescente, entrevistou, por exemplo, a escritora Clarice Lispector, e os filósofos Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre quando estiveram de passagem ao Brasil.[10]
Sua estreia como cineasta se deu em 1966 com o curta-metragem A Entrevista. Em 1969, dirigiu o documentário Meio-dia, dessa vez uma ficção sobre a revolta de alunos em sala de aula, que tem como contexto o período da ditadura e a música de Caetano Veloso, É proibido proibir. Na década de 1970, passou a residir nos Estados Unidos, onde permaneceu por cerca de 30 anos. A partir dos anos 1980, dirigiu uma série de documentários para canais de televisão internacionais, como HBO, PBS, Channel 4, Rádio e Televisão de Portugal, National Geographic Channel, entre outros.[11] Seus documentários e longas-metragens abordam tópicos diversos, como as vidas das mulheres na América Latina, problemas contemporâneos vividos por pessoas nativas das Américas do Sul e Central, como no filme From the Ashes: Nicaragua Today, que narra as raízes do Movimento Nacional de Libertação da Nicarágua, que leva à Revolução Sandinista e à derrubada da ditadura de Anastásio Somoza Debayle, em 1979. Também são investigadas as sucessivas invasões de tropas americanas de fuzileiros navais ao país, ao longo do século XX.[12][13]
De volta ao Brasil na década de 1990, Helena e David Meyer dirigiram e produziram o documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business (1995), que ganhou os prêmios de melhor filme pelo júri popular, da crítica, e o especial do júri no Festival de Brasília.[14] Além disso, levou o Gold Hugo Award de melhor docudrama no Festival Internacional de Cinema de Chicago, e foi selecionado entre os 10 melhores filmes de não-ficção pelo Andrew Sarris Award. Entre outros prêmios, também saiu vitorioso no Festival de Havana e no Festival de Cinema do Uruguai.[15] O filme também foi transmitido nacionalmente nos Estados Unidos pela rede de televisão PBS.[16] e na França pelo Canal+.[17]
Em 2004, concluiu seu primeiro longa-metragem de ficção, Vida de Menina, protagonizado por Ludmila Dayer. O filme recebeu 6 Kikitos no Festival de Gramado, o de melhor filme, melhor roteiro (Elena Soares e Helena Solberg), melhor fotografia (Pedro Farkas), melhor trilha sonora (Wagner Tiso), melhor direção de arte (Beto Mainieri) e o prêmio do júri popular. Ganhou também o prêmio de melhor filme - júri popular, no Festival do Rio.[18]
Em 2009, Palavra Encantada rendeu a Solberg o prêmio de melhor direção no Festival Internacional do Rio, e foi naquele ano documentário mais assistido nos cinemas brasileiros.[19]
Em 2013, é lançado o filme A Alma da Gente.[20][21] Em abril de 2014, foi homenageada no Festival É Tudo Verdade.[21][22][23] Ela também foi tema do livro da jornalista e pesquisadora Mariana Tavares, Helena Solberg – Do Cinema Novo ao documentário contemporâneo lançado em julho do mesmo ano.[24]
Entre março e abril de 2018 teve a retrospectiva integral do seu trabalho patrocinado pelo Centro Cultural Banco do Brasil e organizado pela Associação Filmes de Quintal, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.[25] Em 2019, seu filme A Entrevista (1966) foi eleito o 9º melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.[26]
Vida pessoal
editarHelena Solberg é casada com o também diretor e cineasta norte-americano David Meyer.
Filmografia
editarReferências
- ↑ «Helena Solberg». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «CBS wins 17 Emmys in news competition». The Day. 18 de outubro de 1983. Consultado em 19 de maio de 2015
- ↑ Nani Rubin (5 de abril de 2014). «Helena Solberg, a única mulher do cinema novo, ganha retrospectiva». O Globo. Consultado em 22 de abril de 2014
- ↑ INÁCIO ARAUJO (31 de julho de 1995). «'Carmen' carrega contradições do Brasil». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de fevereiro de 2014
- ↑ Mariza de Oliveira Pinheiro. «MINHA VIDA DE MENINA, O DIÁRIO CLÁSSICO DE DIAMANTINA COMO PRÁTICA CULTURAL DA ESCRITA DE SI» (PDF). sbhe.org.br. Consultado em 29 de maio de 2015
- ↑ «ACADEMY INVITES 928 TO MEMBERSHIP». Oscars.org/. 25 de junho de 2018. Consultado em 24 de fevereiro de 2018
- ↑ Adelina Novaes e Cruz e Thais Blank (1 de abril de 2015). «Entrevista com Helena Solberg» (PDF). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ Festival Internacional de Cinema Feminino (17 de julho de 2011). «Homenagem – Helena Solberg». Consultado em 8 de fevereiro de 2014
- ↑ «HELENA SOLBERG». Mulheres do Cinema Brasileiro. Consultado em 26 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 14 de julho de 2015
- ↑ Ramon Mello (20 de julho de 2011). «HELENA SOLBERG - O CINEMA NA FRONTEIRA DA LINGUAGEM». Portal Cultura.rj. Consultado em 8 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 7 de março de 2014
- ↑ «Helena Solberg». Quem é Quem. Consultado em 26 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2014
- ↑ «Biografia da Diretora Helena Solberg». Elo Company. Consultado em 27 de janeiro de 2014
- ↑ «From the ashes... Nicaragua today - É Tudo Verdade». Consultado em 30 de maio de 2015
- ↑ «"Louco por Cinema" vence em Brasília». Folha de S. Paulo. 8 de dezembro de 1994. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Mostra Helena Solberg». Objeto Sim. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ «Carmen Miranda: Bananas is My Business». PBS. Consultado em 28 de fevereiro de 2021
- ↑ Lúcia Nagib, Almir Rosa e Helena Solberg. «O cinema da retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90». Consultado em 23 de dezembro de 2013
- ↑ Isabela Boscov (21 de fevereiro de 2007). «Um diamante redescoberto». Revista Veja. Consultado em 26 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 22 de fevereiro de 2014
- ↑ CARLOS MESSIAS (19 de Setembro de 2011). «GNT exibe o documentário musical "Palavra (En)cantada"». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de fevereiro de 2014
- ↑ Luiz Carlos Merten (22 de agosto de 2013). «'A Alma da Gente' refletida como espelho». O Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de janeiro de 2014
- ↑ a b «Perfil: Helena Solberg». Radiante Filmes. Consultado em 26 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2014
- ↑ Denise Meira do Amaral (6 de abril de 2014). «Um papo com Helena Solberg, homenageada do É Tudo Verdade». Glamurama. Consultado em 22 de abril de 2014
- ↑ Guilherme Genestreti (6 de abril de 2014). «Festival É Tudo Verdade traz à luz cinema de Helena Solberg». Folha de S.Paulo. Consultado em 22 de abril de 2014
- ↑ Ana Clara Brant (21 de julho de 2014). «Única mulher entre diretores do Cinema Novo, Helena Solberg será homenageada em BH». EM Cultura. Consultado em 27 de julho de 2014
- ↑ «Banco do Brasil». www.bb.com.br. Consultado em 15 de fevereiro de 2021
- ↑ Bruno Carmelo (6 de maio de 2019). «Críticos elegem Ilha das Flores o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos, veja a lista». AdoroCinema. Consultado em 8 de maio de 2019
- ↑ «Helena Solberg - Prêmios». Radiante Filmes. Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2014
- ↑ Agência Estado (23 de agosto de 2013). «Helena Solberg e David Meyer assinam o documentário 'A Alma da Gente'». Diário do Litoral. Consultado em 8 de fevereiro de 2014
- ↑ Aline Senzi (23 de Agosto de 2013). «Dança em dois atos». R7. Consultado em 3 de fevereiro de 2014
Bibliografia
editar- Tavares, Mariana (2014). Helena Solberg: do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo. [S.l.]: Editora: É Tudo Verdade. ISBN 9788591699001
Ligações externas
editar- Helena Solberg (em inglês) no IMDb
- Radiante Filmes