Henrique Manuel de Vilhena

D. Henrique Manuel de Vilhena em castelhano: Enrique Manuel de Villena; 13371414) ) foi um nobre castelhano, filho bastardo de João Manuel de Castela, e de Inés de Castañeda.[1] Foi meio irmão de duas rainhas: Constança Manuel, casada com o rei Pedro I de Portugal, e por isso meio tio de Fernando I de Portugal, e Joana Manuel de Castela, mulher do rei Henrique II e mãe do seu sucessor João I de Castela.

Henrique Manuel de Vilhena
1.º conde de Seia, 1.º senhor de Cascais e de Oeiras, 1.º senhor de Sintra, 1.º senhor de Montealegre, 1.º señor de Meneses, 1.º señor de Belmonte
Henrique Manuel de Vilhena
Retrato de D. Henrique Manuel de Vilhena, século XVII (Palácio dos Condes de Ficalho, Serpa)
Nascimento ca. 1337
Morte ca. 1414 (77 anos)
Cônjuge Beatriz de Sousa
Descendência Ver descendência
Pai João Manuel de Castela
Mãe Inés de Castañeda

Biografia

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Com apenas três anos de idade, acompanhou sua meia irmã D. Constança a Portugal para a sua boda, celebrada em 1340, com o Infante D. Pedro, e aí permaneceu depois da morte de D. Constança em 1349.[2][1]

Recebeu muitas mercês dos reis D. Fernando I e D. João I de Portugal. Já no ano de 1381 aparece com os títulos de 1.º conde de Seia e de Dom. O seu meio sobrinho, o rei D. Fernando I, deu-lhe o Castelo da Guarda (já então sendo referido como conde) e o Castelo de Chaves, os direitos de Fontes e de São Martinho de Mouros, as rendas de Mirandela e seu termo, o senhorio de Lamas de Orelhão, os préstimos de Ourilhe e de Castelo, e os Senhorios de juro e herdade da vila de Cascais e seu termo com seu Castelo e dos reguengos de Algés e de Oeiras, mas não figura com o título de conde de Sintra, como sugerem alguns autores, ainda que apareça na documentação como Alcaide-Mor do Castelo de Sintra e senhor de Sintra.[3]

 
Meneses de Campos, vista a partir de Montealegre

Em 1383, o rei Português D. Fernando I morreu sem filhos varões que herdassem a Coroa. A sua única filha sobrevivente era a infanta Beatriz de Portugal, casada com o rei João I de Castela, o que propiciou as aspirações do rei castelhano sobre o Reino de Portugal. Foi Henrique Manuel de Vilhena quem, uma vez ocorrida a morte do rei D. Fernando I, proclamou Beatriz rainha em Lisboa.[4] Posteriormente, depois da Batalha de Aljubarrota e das Cortes de Coimbra de 1385, D. João, Mestre da Ordem de Avis e filho natural de D. Pedro I de Portugal, foi aclamado rei e governou como D. João I de Portugal. À morte de Fernando I, D. Henrique Manuel de Vilhena primeiro apoiou a causa castelhana e foram-lhe confiscadas as suas terras em Lafões, que foram entregues em 1384 a Martim Vasques da Cunha. Em Abril de 1385, tinha mudado de lado e estava ao serviço do novo Rei, D. João I, segundo consta da doação do monarca a D. Henrique dumas casas em Lisboa e duns Paços em Sintra, para si e para os seus descendentes.[5][4] e do senhorio de Sintra de juro e herdade a 4 de dezembro. Já no ano seguinte, em 1386, estava novamente ao serviço do rei castelhano, seu meio sobrinho, do qual foi aio, pois, nesse ano, recebe os senhorios de Montealegre, de Meneses e de Belmonte como seu 1.º senhor, para compensar as suas perdas.[6][a] Estando já em Castela, foi membro do Conselho Real e foi quem "tomou o juramento de D. Fernando de Antequera na constituição da regência". Esteve nas Cortes de Guadalajara em 1408 e foi mordomo-mor de Leonor Urraca de Castela, rainha de Aragão.[4]

Henrique Manuel de Vilhena morreu depois de 8 de novembro de 1414.[b]

Matrimónio e descendência

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Casou antes de 1365 com Beatriz de Sousa,[6] nascida por volta de 1352, filha de Pedro Afonso de Sousa e de sua mulher Elvira Anes da Nóvoa,[4] ou de Martim Afonso de Sousa e de sua mulher Maria Gonçalves de Sousa,[c] ou, com maior prova documental, de Rui Vasques Ribeiro, 3.º Senhor do Morgado de Soalhães, e de sua segunda mulher Margarida Gonçalves de Sousa ou de Briteiros. En 1366, Margarida Gonçalves de Sousa, com sua filha Beatriz e sua sobrinha Maria de Sousa, nomeou procurador para dar quite ao Mosteiro de Vairão pelas naturas e comedorias que haviam recebido.[7] Na lista dos Patronos do Mosteiro de Grijó em 1365, aparece Margarida de Sousa, sem indicação do marido, com sua filha Beatriz "que cassou com Anrique Manuel".[7]

 
D. Henrique Manuel de Vilhena e D. Brites de Sousa, em retrato do século XVII

Com ela, teve[d]:

Teve outros filhos, embora se desconheça se foram legítimos e de qual dos casamentos ou se foram tidos fora deles:

  • Leonor Manuel de Vilhena, casada com Antonio de Cardona;[h]
  • Inês Manuel de Vilhena,[i]
  • Fernando Manuel de Vilhena (c. 1376 - ?), casado com Mécia Rodrigues da Fonseca, filha de Pedro Rodrigues da Fonseca e de sua mulher Inês Dias Botelho. Uma filha sua, Isabel Manuel de Vilhena, foi dama de companhia de Beatriz de Portugal e casou com Nuno Fernandes, contador da rainha.[14]
  • João Manuel de Vilhena, ilegítimo de Maior Portocarrero, 1.º senhor de Cheles, casado com Mencía Suárez de Seabra, com geração.[6]

Ver também

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[a] ^ 28 de Novembro de 1388: "Privilégio rodado de D. João I de Castela, outorgando a seu tio Enrique [Manuel] os lugares de Montealegre e Meneses [e Belmonte], com todos os seus montes, águas, justiça alta e baixa, mero e misto império e com todas as suas rendas e direitos, para que funde morgado com as condições que se inserem. Concede-se-lhe, implicitamente, o título de 1.º conde de Montealegre, com o qual é nomeado." Archivo Histórico Nacional (Madrid), sección Nobleza, Montealegre, CP.362.D.1.
[b] ^ "Chegou até nós o segundo codicilo de D. Henrique Manuel de Vilhena, firmado em Guadalajara nos dias 7 e 8 de Novembro de 1414, quando o conde se encontrava já moribundo, nas casas de Íñigo López de Mendoza, 1º Marquês de Santillana..." Havia outorgado testamento em Illescas a 6 de Junho de 1414.[15]
[c] ^ Esta filiação explicaria porque a rainha D. Leonor Teles chamava cunhada à mulher de D. Henrique, Beatriz de Sousa, pois seria meia irmã de João Lourenço da Cunha, o primeiro marido da rainha, segundo regista a Crónica de el-rei D. Fernando, cap. LXV, p. 172 de Fernão Lopes.[16]
[d] ^ "Sabemos que se casou com D. Beatriz de Sousa; não há certeza sobre a legitimidade dalguns de seus filhos..." Segundo Gonzalo Argote de Molina, teve quatro filhos: Pedro, Fernando, Leonor, que teria casado com Antonio de Cardona, e Inês. Luis de Salazar y Castro não menciona Leonor, diz que Inês casou com Vasco Martins de Sousa, não com o de Mendoza, e adiciona Branca, Margarida, e o bastardo João Manuel.[17]
[e] ^ Outorgou testamento em La Parra a 5 de agosto de 1462 e codicilo a 15 de março de 1469, onde menciona seus filhos e sua mulher Juana, que faleceu antes de 1462. Cfr. Real Academia de la Historia, Colección Salazar y Castro, signatura M-51, fol 113. Uma de suas filhas, María Manuel de Vilhena, 3.º senhora de Montealegre, de Meneses e de Belmonte, foi em 1435 mulher de Lorenzo Suárez de Figueroa, 1.º conde de Feria em 1460, falecido em setembro de 1461, com geração.
[f] ^ "Extracto da cédula do Rei Henrique IV reconhecendo um privilégio de juro a favor de Pedro Manuel, senhor de Montealegre e filho de Enrique Manuel, conde de Montealegre." Real Academia de la Historia, Colección Salazar y Castro, M-5, fº 244v.
[g] ^ Em português é D. Branca de Vilhena e seus três primeiros filhos foram: Beatriz, Margarida de Vilhena e João Rodrigues Coutinho. Outorgou testamento em setembro de 1438.
[h] ^ Segundo Gonzalo Argote de Molina, embora Luis de Salazar y Castro não a mencione como filha de D. Henrique Manuel.[13]
[i] ^ Segundo Gonzalo Argote de Molina contraiu matrimónio com Íñigo López de Mendoza, enquanto Luis de Salazar y Castro diz que foi a mulher de Vasco Martins de Sousa.[13]

Referências

  1. a b Braamcamp Freire 1930, p. 6.
  2. a b Moxó y de Monteliu 1997, p. 177.
  3. Braamcamp Freire 1930, p. 7.
  4. a b c d Olivera Serrano 2005, p. 257.
  5. Braamcamp Freire 1930, pp. 6-7.
  6. a b c Braamcamp Freire 1930, p. 8.
  7. a b Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 444.
  8. Olivera Serrano 2005, pp. 257-258.
  9. Olivera Serrano 2005, p. 258, n. 89.
  10. Palacios Casademunt & Alonso Ramírez 1992, p. 169.
  11. Serrano Belinchón 2000, p. 191.
  12. a b Gonçalves de Freitas 2008, pp. 7 e 22.
  13. a b c Olivera Serrano 2005, p. 257, n. 88.
  14. Olivera Serrano 2005, pp. 258-259.
  15. Olivera Serrano 2005, p. 258, n. 94.
  16. Sotto Mayor Pizarro 1987, pp. 33-35, 249 e 252.
  17. Olivera Serrano 2005, pp. 257-258, y nota 88.

Bibliografia

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Ligações externas

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