Herman Brood
Hermanus Brood (Zwolle, 5 de novembro de 1946 - Amsterdã, 11 de julho de 2001), também conhecido como Herman Brood, foi um músico, pintor, ator e poeta holandês. Como músico, alcançou sucesso artístico e comercial nas décadas de 1970 e 1980. Posteriormente, iniciou uma carreira de sucesso como pintor.[1][2]
Herman Brood | |
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Herman Brood em 1979 | |
Informação geral | |
Nome completo | Hermanus Brood |
Nascimento | 05 de novembro de 1946 (78 anos) |
Local de nascimento | Zwolle Países Baixos |
Morte | 11 de julho de 2001 (54 anos) |
Local de morte | Amesterdã |
Gênero(s) | Rock and roll |
Ocupação(ões) | Músico, pintor, ator e poeta |
Instrumento(s) | Vocal, violão, piano |
Período em atividade | 1964–2001 |
Gravadora(s) | RCA Records |
Página oficial | hermanbrood |
Conhecido por seu estilo de vida hedonista baseada em sexo, drogas e rock ‘n’ roll, Brood foi uma figura cultural cujo suicídio ao pular do telhado de um hotel, aparentemente influenciado pelo fracasso em largar o vício em drogas e álcool, fortaleceu seu status controverso. De acordo com uma pesquisa organizada para comemorar os cinquenta anos da música popular holandesa, a morte de Brood foi o evento mais significativo de sua história.[3][4][2]
Carreira musical
editarHerman Brood nasceu em Zwolle, nos Países Baixos, e começou a tocar piano aos 12 anos. Em 1964, ele fundou a banda The Moans, que depois foi renomeada Long Tall Ernie and the Shakers. Na época, Brood foi convidado para tocar com a banda Cuby and the Blizzards, mas foi afastado pela gerência quando a gravadora descobriu que ele usava drogas. Durante anos, Brood esteve preso por tráfico de LSD ou no exterior. Ele também se apresentou com The Studs, Flash & Dance Band e Vitesse.[5]
Em 1976, Brood formou seu próprio grupo, Herman Brood & His Wild Romance, inicialmente formado por Ferdi Karmelk (guitarra), Gerrit Veen (baixo), Peter Walrecht (bateria), Ellen Piebes e Ria Ruiters (vocais). Em 1977, a banda lançou seu primeiro álbum, Street. No mesmo ano, ele começou a trabalhar com o fotógrafo Anton Corbijn.[6] Enquanto a banda performava pela Holanda, o hábito de drogas de Herman tornou-se público. Em 1977, o Wild Romance fez um show em uma escola de ensino médio em Almelo e, durante o intervalo, Brood foi pego no banheiro consumindo heroína. O resto do show foi cancelado e essa foi a última vez que um show de rock aconteceu nessa escola por muitos anos.[5][7]
Em 1970, eles lançaram o segundo álbum, Shpritsz - uma brincadeira com a palavra alemã "spritze", que significa "seringa". Esse álbum continha canções de Brood como "Dope Sucks", "Rock & Roll Junkie" e seu primeiro single de sucesso holandês, "Saturday Night". Ao longo dos anos, a banda passou por muitas mudanças; a formação mais conhecida incluiu Freddy Cavalli (baixo), Dany Lademacher (guitarra), mais tarde substituído por David Hollestelle, e Cees 'Ani' Meerman (bateria). Um colaborador frequente era Bertus Borgers (saxofone).[8][5][9]
As declarações de Brood na imprensa sobre sexo e uso de drogas o deixaram mais conhecido do que sua música. Na década de 1970, ele teve um envolvimento romântico com a cantora alemã Nina Hagen, com quem apareceu no filme Cha-Cha, de 1979. Ele é conhecido por ter inspirado a música "Herrmann Hiess Er", presente no álbum Unbehagen, lançado por Nina em 1979, que fala sobre um viciado em drogas.[10] Em um entrevista, ele disse: "É bastante comum um artista usar drogas, mas não que ele conte a todos. Admito que fiquei assustado com a possibilidade de minha popularidade fazer com que as pessoas começassem a usar drogas".[11][5] No verão de 1979, o Brood tentou entrar no mercado americano com o apoio da unidade americana da Ariola, que estava tentando se expandir para a música rock.[12] Seguindo o sucesso de Shpritsz, o grupo foi contratado como banda de apoio para The Kinks e The Cars, tocando em diversos locais. Uma versão regravada de "Saturday Night" alcançou o 35º lugar na Billboard Hot 100, mas o grande sucesso que Brood esperava não aconteceu.[13][14] Quando ele retornou à Holanda, em outubro de 1979, sua banda havia começado a se desintegrar e sua popularidade caiu. Go Nutz, o álbum que Brood havia gravado enquanto estava nos Estados Unidos, e o filme Cha-Cha, que estreou em dezembro de 1979, foram considerados fracassos artísticos, embora Go Nutz tenha produzido três singles que entraram nas paradas da Holanda e a trilha sonora de Cha Cha tenha alcançado o status de platina.[15][16] O álbum Wait a Minute..., de 1980, teve pouco sucesso, e os álbuns seguintes, Modern Times Revive (1981) e Frisz & Sympatisz (1982), não conseguiram entrar nas paradas de álbuns holandesas.[2][5][17][18][19]
Durante a década de 1980, Brood teve alguns sucessos: um single no top 10, "Als Je Wint", com Henny Vrienten, e um pequeno sucesso com uma música reggae, "Tattoo Song". No final dos anos 80, o álbum Yada Yada (1988), produzido por George Kooymans, foi bem recebido.[20] Em 1990, ele ganhou o BV Popprijs, um dos maiores prêmios holandeses de música popular, e gravou Freeze com Clarence Clemons, da E Street Band, e o acordeonista Flaco Jiménez.[21] Um álbum ao vivo, Saturday Night Live, foi lançado em 1992. Em 1996, seu 50º aniversário foi comemorado com um show no centro musical e cultural Paradiso, em Amsterdã. Um álbum de duetos foi lançado no mesmo ano.[5][22][23]
Carreira nas artes visuais
editarApós sua carreira na música, Brood dedicou-se à pintura e tornou-se um personagem conhecido nos espaços artísticos de Amsterdã. Sua arte é descrita como pop art, geralmente muito colorida e com serigrafias inspiradas em grafites. Ele obteve sucesso comercial e notoriedade criando murais em vários espaços públicos em Amsterdã e arredores. Ele continuou ativo na mídia, colaborando com filmes biográficos, como Rock'n Roll Junkie, de 1994.[24][25]
Suicídio e legado
editarPerto do fim de sua vida, Brood prometeu se abster da maioria das drogas, reduzindo seu consumo ao álcool e uma pequena dose de anfetamina por dia.[25] Em 11 de julho de 2001, deprimido com o fracasso de seu programa de reabilitação de drogas e enfrentando sérios problemas médicos devido ao uso prolongado de drogas, ele cometeu suicídio pulando do telhado do Amsterdã Hilton Hotel aos 54 anos de idade. Ele deixou um bilhete dizendo: “Não estou mais com vontade, talvez eu os veja novamente algum dia. Tenham uma boa festa”.[26][27]
Sua cremação ocorreu cinco dias depois com ampla cobertura da mídia nacional. Antes da cremação, o caixão de Brood foi levado do Hotel Hilton para o Paradiso, em Amsterdã, acompanhado de milhares de espectadores. Um concerto comemorativo foi realizado no Paradiso com apresentações de Hans Dulfer, André Hazes e Jules Deelder. Suas cinzas foram enterradas no Cemitério Zorgvlied.[5][28]
Logo após seu suicídio, a versão de Brood de "My Way" passou três semanas em primeiro lugar nas paradas de singles holandesas; o valor de mercado de sua obra de arte também aumentou.[28] Três semanas após o suicídio de Brood, a banda U2 se apresentou na Holanda e prestou homenagem a ele nos shows. Eles dedicaram uma versão de “Stuck in a Moment You Can't Get Out Of” (escrita para Michael Hutchence após sua morte) a ele, com Bono cantando “When I Get Home”, de Brood, como uma introdução a capella. No terceiro show em Arnhem, eles também dedicaram sua música “Gone” a ele. A versão de “My Way” de Brood foi tocada como música de encerramento. No meio do show, Bono fez um elogio emocionado a Brood antes de a banda tocar “In a Little While”.[5][29]
Em 5 de novembro de 2006, o Museu Groninger abriu uma exposição dedicada à vida e à obra de Herman Brood, incluindo pinturas, letras de música e poesia, retratos do fotógrafo Anton Corbijn, e uma coleção de fotos particulares e de shows. O espaço principal da exposição era uma reprodução exata do estúdio de Herman, onde ele criou a maioria de suas pinturas.[30]
Em 2007, o filme Wild Romance, que retrata a vida de Brood, estreou na Holanda, com Brood sendo retratado por Daniël Boissevain. O álbum Bluefinger, lançado em 2007 pela banda Black Francis, é baseado na vida e na obra de Brood.[31] Uma banda de tributo chamada Yada Yada ainda está ativa e se apresenta com os membros originais do Wild Romance, Dany Lademacher e Ramon Rambeaux.[5][32][33]
Em 2010, a Catastrophic Theatre Company colaborou com Frank Black em uma ópera rock baseada no álbum Bluefinger. A primeira apresentação da ópera, com Matt Kelly interpretando Brood, aconteceu em 12 de novembro de 2010 em Houston, Texas.[34][35]
Discografia
editar- Street (1977);[6]
- Shpritsz (1978);[9]
- Cha Cha (1978);[36]
- Cha Cha (1979, trilha sonora do filme Cha Cha);[37][15]
- Herman Brood & His Wild Romance (1979, relançamento do álbum Shpritsz para o mercado americano; contém uma versão editada de Saturday Night);[38]
- Go Nutz (1980);[16]
- Wait a Minute... (1980);[17]
- Modern Times Revive (1981);[18]
- Frisz & Sympatisz (1982);[19]
- Bühnensucht (1985, álbum ao vivo);[39]
- Yada Yada (1988);[20]
- Hooks (1989);[40]
- Freeze (1990);[21]
- Saturday Night Live! (1992);[23]
- Fresh Poison (1994);[41]
- 50 - The Soundtrack (1996, álbum de duetos em tributo ao 50º aniversário de Herman Brood);[22]
- Back on the Corner (1999);[42]
- Ciao Monkey (2000);[43]
- My Way - The Hits (2001);[44]
- Final (2006, compilação de 3 álbuns).[45]
Filmografia
editar- Cha-Cha (1979);[37]
- Stadtrand (1987, filme alemão);[46]
- Zusje (1995);[47]
- Total Love (2000, filme israelense);[48]
- Rock 'N Roll Junkie (1994, documentário);[49]
- Live And More (2003; cenas de concertos em Düsseldorf, 1978, e em Koln, 1990);
- Wild Romance (2006, cenas da vida de Herman Brood);[32]
- Herman Brood Uncut (2006, documentário);[50]
- Kunst begin drrr niet an (2015, documentário feitor por Gwen Jansen sobre a vida de Herman Brood);[51]
- Unknown Brood (2016, documentário dirigido por Dennis Alink).[52]
Referências
editar- ↑ «Herman Brood». De Galerie Den Haag. Consultado em 31 de maio de 2024
- ↑ a b c Edmunds, Marlene (16 de julho de 2011). «Herman Brood». Variety. Consultado em 31 de maio de 2024
- ↑ «News on 1910 Fruitgum Co., Herman Brood, T. Rex». Billboard. 12 de julho de 2001. Consultado em 31 de maio de 2024. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2014
- ↑ «Publiek kiest 'de sprong van Brood'». Dagblad van het Noorden. 16 de janeiro de 2009. Consultado em 31 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de julho de 2011
- ↑ a b c d e f g h i «Herman Brood makes two great rock albums in 1 year!». A Pop Life. 19 de maio de 2018. Consultado em 3 de junho de 2024
- ↑ a b «Herman Brood & His Wild Romance – Street». Discogs. Consultado em 3 de junho de 2024
- ↑ «Herman Brood: The addict with a purpose». The New European. 5 de julho de 2023. Consultado em 3 de junho de 2024
- ↑ «Herman Brood 7/2001». Rock And Roll Paradise. 14 de dezembro de 2016. Consultado em 31 de maio de 2024
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- ↑ «Ariola's 50 million dollar takeover bid for Arista» (PDF). Music Weel: 1. 4 de agosto de 1979. Consultado em 31 de maio de 2024
- ↑ «The Hot 100». Consultado em 31 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2013
- ↑ Darling, Cary (28 de julho de 1979). Ariola Move: Label Plans Extensive Promotion To Launch Debut into Rock Field. [S.l.]: Billboard. p. 4
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Ligações externas
editar- Herman Brood no IMDb.