Os Hinos homéricos (Ὁμηρικοὶ Ὕμνοι), de autoria anônima – que celebram várias divindades da mitologia grega – são uma coleção de 33 hinos em língua grega, atribuídos a Homero, e de estrutura hexâmetra.[1]

Homero, por Antoine-Denis Chaudet (1806): o poeta grego Homero é frequentemente apontado como o autor dos hinos.

Pela heterogeneidade, contudo, os estudiosos admitem que os poemas foram escritos por diversos autores antigos de diferentes épocas e, mais amplamente, de regiões distintas entre si.[1]

Os antigos rapsodos, que declamavam versos que não eram de sua própria autoria em festas e concursos, recitavam frequentemente os hinos homéricos – e também outras epopéias de Homero, que constituíam seu repertório principal – em ocasiões religiosas como meio de invocar deuses e celebrá-los, em desempenhos que lembravam atores, às vezes, com o uso de instrumentos como o bastão.[2]

A relação de hinos abaixo encontra-se em ordem alfabética de acordo com a divindade homenageada. O número romano em parênteses indica a posição do hino em questão nos manuscritos:

Estrutura

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Na edição de 1936 de Humbert, existem 33 hinos, de extensão e qualidade desiguais, e que ocupam 190 páginas. Os hinos mais extensos são os de homenagem a Deméter (II), Apolo (III), Hermes (IV) e Afrodite (V). Os hinos a Deméter, Apolo e Afrodite datam do fim do século VII, enquanto que o Hino a Hermes é do início do século VI, sendo os primeiros, portanto, os mais antigos.[1] Quanto aos hinos curtos, existem diversos, entre eles o Hino a Dionísio, a Ares, e o Hino a Pã.

Manuscritos, edições e traduções

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Os hinos homéricos chegam até a modernidade em diversos manuscritos, sendo que nenhum deles contém os hinos completos e os documentos se encontram em más condições.[1]

As mais antigas edições são a do estudioso ateniense Demétrio Calcondilas de1488, e a da Aldina, de 1504.[1] As principais edições modernas são as de Baumeister (de 1860), Gemoll (de 1886) e Allen & Sikes (de 1904), e a mais recente é a de Humbert (o.c.).[1]

A língua portuguesa conta com traduções de Malhadas, para o Hino a Deméter (1970), a de Malhadas e Moura Neves para o Hino a Apolo Délio (de 1976), e a de Machado Cabral para o Hino a Apolo Pítio (1998), e também a de Marquetti, para os Hinos a Afrodite (2001).[1] A Universidade Estadual Paulista possui um projeto de tradução em desenvolvimento de todos os hinos, através do seu Departamento de Lingüística.[1]

Importância

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Em geral, os hinos homéricos auxiliam os estudiosos modernos na compreensão da mitologia grega e suas criaturas, bem como possuem valores acerca do ser humano, de seu contato com a terra (Hino a Gaia), e com outros sentimentos (Hino a demais deuses), e também de suas relações com a arte (Hino a Hermes, Hino a Apolo) e com outras áreas da vida.

Referências

  1. a b c d e f g h Ribeiro Jr, Wilson A. "Hinos Homéricos Arquivado em 11 de maio de 2008, no Wayback Machine.". greciaantiga.org. Acesso: 6 de setembro, 2008.
  2. Ribeiro Jr, Wilson A. "O Íon de Platão". greciaantiga.org. Acesso: 6 de setembro, 2008.

Leitura adicional

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  • Hinos Homéricos: tradução, notas e estudo / Edvanda Bonavina da Rosa... [et al.]; edição e organização Wilson Alves Ribeiro Jr. São Paulo: Editora UNESP, 2010, 576p.
  • MALHADAS, D. & CARVALHO, S.M.S. O Hino homérico a Demeter e os mistérios eleusinos. Cadernos de Ensaio e Literatura, São Paulo, n. 10, p. 66-99, 1970.
  • J. Humbert, Homère / Hymnes. Paris: Les Belles Lettres, 1936.
  • L.A. Machado Cabral, O Hino Homérico a Apolo. Cotia e Campinas: Ateliê e Ed. UNICAMP, 2004.
  • F.R. Marquetti, Da sedução e outros perigos: o mito da deusa mãe. Araraquara: tese de Doutoramento, FCLAr-UNESP, 2001.

Ver também

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Ligações externas

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