Hiperostose porótica
Hiperostose Porótica é o espessamento e porosidade excessiva de certos ossos do corpo, especialmente os do crânio. Embora não seja uma doença em si, ela é frequentemente utilizada como um indicador de estresse fisiológico em populações antigas, sendo um importante marcador para estudos paleopatológicos. Em conjunto com a Cribra Orbitália ( CO) e a Hipoplasia Linear de Esmalte (HLE) são considerados Marcadores Inespecíficos de Estresse (MIE).[1]
Causas
editarA causa principal da Hiperostose Porótica (HP) está ligada a deficiências nutricionais, particularmente a anemia ferropriva. A falta de ferro no organismo impede a produção adequada de glóbulos vermelhos, levando a uma redução na capacidade de transportar oxigênio para os tecidos.
Tanto a HP quanto a CO são alterações que ocorrem devido à expansão da medula hematopoiética e têm sido amplamente relacionadas também com anemias congênitas (talassemia e falciforme). Em resposta a essa condição, o corpo pode produzir alterações ósseas como a hiperostose porótica.[2]
Doenças infecciosas prolongadas podem levar a um estado inflamatório crônico. Algumas infecções, como a tuberculose, podem desencadear processos inflamatórios que afetam a formação óssea.
Estudos em restos esqueletais de indivíduos da Capela de Nossa Senhora do castelo , Vila Velha do Ródão em Portugal, analisados por Sônia Codinha, mostraram a presença de Hiperostose Porótica devido ao Escorbuto.[3]
Outras possíveis causas incluem:
- Distúrbios endócrinos: Alterações hormonais podem interferir no metabolismo ósseo.
- Outras doenças: Doenças hematológicas e distúrbios metabólicos também podem estar relacionados ao desenvolvimento da hiperostose porótica.
Diagnóstico e tratamento
editarO diagnóstico da Hiperostose Porótica é feito na análise visual de restos esqueletais humanos, geralmente em estudos antropológicos ou arqueológicos. Não há tratamento específico para essa condição, uma vez que ela geralmente é uma evidência de um processo patológico ocorrido no passado. Os ossos afetados apresentam um aspecto esponjoso e poroso, com pequenas cavidades visíveis a olho nu. As áreas mais comumente afetadas incluem:
- Órbitas oculares: A Cribra Orbitália é uma forma de Hiperostose Porótica que se manifesta como pequenas perfurações nos ossos das órbitas.
- Crânio: O espessamento e a porosidade do crânio são outros sinais característicos da condição.
- Ossos longos: Em casos mais severos a Hiperostose Porótica pode afetar os ossos longos, como o fêmur e a tíbia.
Importância da hiperostose porótica em estudos arqueológicos
editarA hiperostose porótica é informativa sobre as condições de vida de populações antigas. A presença dessa condição em um grande número de indivíduos de uma determinada população pode indicar:
- Dieta pobre: Uma dieta deficiente em ferro é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da hiperostose porótica.
- Condições de vida insalubres: Infecções crônicas e doenças parasitárias, frequentemente associadas a condições de vida precárias, podem contribuir para o desenvolvimento da condição.
- Grande estresse fisiológico: A hiperostose porótica é considerada um marcador de estresse fisiológico crônico, podendo indicar períodos de fome, doenças ou conflitos.
Em resumo, a hiperostose porótica é uma alteração óssea que reflete o estresse fisiológico experimentado por indivíduos no passado. Seu estudo contribui para uma melhor compreensão das condições de vida e saúde de populações antigas.
Observação: Embora a Hiperostose Porótica seja mais frequentemente encontrada em estudos de esqueletos antigos, é importante ressaltar que ela também pode ocorrer em populações modernas, especialmente em regiões com altos níveis de pobreza e desnutrição.
Ver tamém
editarReferências
- ↑ Giusto, Marina Nogueira Di; Wesolowski, Veronica (30 de junho de 2019). «Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos». Cadernos do LEPAARQ (UFPEL): 33–52. ISSN 2316-8412. doi:10.15210/lepaarq.v16i31.14843. Consultado em 14 de outubro de 2024
- ↑ Di Giusto, Marina Nogueira; Wesolowski, Veronica (30 de junho de 2019). «Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos». Cadernos do LEPAARQ (UFPEL) (31). 33 páginas. ISSN 2316-8412. doi:10.15210/lepaarq.v16i31.14843. Consultado em 14 de outubro de 2024
- ↑ Codinha, Sônia (PALEOBIOLOGIA DO MATERIAL OSTEOLÓGICO RECUPERADO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO (VILA VELHA DE RÓDÃO),). alotejo.org (PDF) https://www.altotejo.org/acafa/docs/Estudos_e_Trabalhos/Paleobiologia_da_Capela_da_Sra_do_Castelo.pdf. Consultado em 14 de outubro de 2024 Verifique data em:
|data=
(ajuda); Em falta ou vazio|título=
(ajuda)
- Buikstra, J. E., & Ubelaker, D. (1994). Standards for data collection from human skeletal remains. Research series no. 44. Fayetteville, Arkansas: Arkansas archeological survey research series no 44.
- CODINHA, Sônia.PALEOBIOLOGIA DO MATERIAL OSTEOLÓGICO RECUPERADO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO (VILA VELHA DE RÓDÃO). AÇAFA On Line, nº 1 (2008) Associação de Estudos do Alto Tejo, www.altotejo.org.
- GIUSTO, Marina Nogueira Di; WESOLOWSKI, Verônica. Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos. In: Cadernos do Lepaarq, v. XVI, n.31., p. 33-52, Jan-Jun. 2019.
- Goodman, Alan H. “On the Interpretation of Health From Skeletal Remains.” Current Anthropology, vol. 34, no. 3, 1993, pp. 281–88. JSTOR. Accessed 25 Sept. 2024.
- Schultz M. Paleohistopathology of bone: a new approach to the study of ancient diseases. Am J Phys Anthropol. 2001;Suppl 33:106-47. doi: 10.1002/ajpa.10024.abs. PMID 11786993.
- Stuart-Macadam, P. (1991). "Porotic hyperostosis: Changing interpretations", in Human paleopathology: Current syntheses and future options. Edited by D. J. Ortner and A. C. Aufder-heide, pp. 36–39. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press.
Este artigo não está em nenhuma categoria. |