Hiperostose porótica

Hiperostose Porótica é o espessamento e porosidade excessiva de certos ossos do corpo, especialmente os do crânio.  Embora não seja uma doença em si, ela é frequentemente utilizada como um indicador de estresse fisiológico  em populações antigas, sendo um importante marcador para estudos paleopatológicos. Em conjunto com a Cribra Orbitália ( CO) e a Hipoplasia Linear de Esmalte (HLE) são considerados Marcadores Inespecíficos de Estresse (MIE).[1]

Causas

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A causa principal da Hiperostose Porótica (HP) está ligada a deficiências nutricionais, particularmente a anemia ferropriva. A falta de ferro no organismo impede a produção adequada de glóbulos vermelhos, levando a uma redução na capacidade de transportar oxigênio para os tecidos.

Tanto a HP quanto a CO são alterações que ocorrem devido à expansão da medula hematopoiética e têm sido amplamente relacionadas também com anemias congênitas (talassemia e falciforme). Em resposta a essa condição, o corpo pode produzir alterações ósseas como a hiperostose porótica.[2]

Doenças infecciosas prolongadas podem levar a um estado inflamatório crônico. Algumas infecções, como a tuberculose, podem desencadear processos inflamatórios que afetam a formação óssea.

 
Esquema de desenvolvimento da condição anêmica adquirida e desenvolvimento da HP e CO (Fonte: Giusto, 2017).

Estudos em restos esqueletais de indivíduos da Capela de Nossa Senhora do castelo , Vila Velha do Ródão em Portugal, analisados por Sônia Codinha, mostraram a presença de Hiperostose Porótica devido ao Escorbuto.[3]

 
Lesões poróticas na grande asa do esfenóide do não adulto designado por inumação. FONTE: CODINHA, 2008. P.6

Outras possíveis causas incluem:

  • Distúrbios endócrinos: Alterações hormonais podem interferir no metabolismo ósseo.
  • Outras doenças: Doenças hematológicas e distúrbios metabólicos também podem estar relacionados ao desenvolvimento da hiperostose porótica.

Diagnóstico e tratamento

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O diagnóstico da Hiperostose Porótica é feito na análise visual de restos esqueletais humanos, geralmente em estudos antropológicos ou arqueológicos. Não há tratamento específico para essa condição, uma vez que ela geralmente é uma evidência de um processo patológico ocorrido no passado. Os ossos afetados apresentam um aspecto esponjoso e poroso, com pequenas cavidades visíveis a olho nu. As áreas mais comumente afetadas incluem:

  • Órbitas oculares: A Cribra Orbitália é uma forma de Hiperostose Porótica que se manifesta como pequenas perfurações nos ossos das órbitas.
  • Crânio: O espessamento e a porosidade do crânio são outros sinais característicos da condição.
  • Ossos longos: Em casos mais severos a Hiperostose Porótica pode afetar os ossos longos, como o fêmur e a tíbia.

Importância da hiperostose porótica em estudos arqueológicos

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A hiperostose porótica é informativa sobre as condições de vida de populações antigas. A presença dessa condição em um grande número de indivíduos de uma determinada população pode indicar:

  • Dieta pobre: Uma dieta deficiente em ferro é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da hiperostose porótica.
  • Condições de vida insalubres: Infecções crônicas e doenças parasitárias, frequentemente associadas a condições de vida precárias, podem contribuir para o desenvolvimento da condição.
  • Grande estresse fisiológico: A hiperostose porótica é considerada um marcador de estresse fisiológico crônico, podendo indicar períodos de fome, doenças ou conflitos.

Em resumo, a hiperostose porótica é uma alteração óssea que reflete o estresse fisiológico experimentado por indivíduos no passado. Seu estudo contribui para uma melhor compreensão das condições de vida e saúde de populações antigas.

Observação: Embora a Hiperostose Porótica seja mais frequentemente encontrada em estudos de esqueletos antigos, é importante ressaltar que ela também pode ocorrer em populações modernas, especialmente em regiões com altos níveis de pobreza e desnutrição.

Ver tamém

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Referências

  1. Giusto, Marina Nogueira Di; Wesolowski, Veronica (30 de junho de 2019). «Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos». Cadernos do LEPAARQ (UFPEL): 33–52. ISSN 2316-8412. doi:10.15210/lepaarq.v16i31.14843. Consultado em 14 de outubro de 2024 
  2. Di Giusto, Marina Nogueira; Wesolowski, Veronica (30 de junho de 2019). «Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos». Cadernos do LEPAARQ (UFPEL) (31). 33 páginas. ISSN 2316-8412. doi:10.15210/lepaarq.v16i31.14843. Consultado em 14 de outubro de 2024 
  3. Codinha, Sônia (PALEOBIOLOGIA DO MATERIAL OSTEOLÓGICO RECUPERADO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO (VILA VELHA DE RÓDÃO),). alotejo.org (PDF) https://www.altotejo.org/acafa/docs/Estudos_e_Trabalhos/Paleobiologia_da_Capela_da_Sra_do_Castelo.pdf. Consultado em 14 de outubro de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)