História do sistema bancário

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A história bancária ou história do sistema bancário começou por volta de 2000 a.C. na Assíria, Índia e Suméria com mercadores globais que davam empréstimos de grãos a fazendeiros e comerciantes que transportavam mercadorias entre cidades. Mais tarde, na Grécia Antiga e durante o Império Romano, credores estabelecidos em templos davam empréstimos, enquanto aceitavam depósitos e realizavam a troca de dinheiro. A arqueologia desse período na China e Índia antigas também mostra evidências de empréstimos de dinheiro.

Muitos estudiosos traçam as raízes históricas do sistema bancário moderno na Itália medieval e renascentista, particularmente nas cidades ricas de Florença, Veneza e Gênova. As famílias Bardi e Peruzzi dominaram o sistema bancário na Florença do século XIV, estabelecendo filiais em muitas outras partes da Europa.[1] O banco italiano mais famoso foi o Banco Médici, fundado por João de Bicci de Médici em 1397.[2] O banco mais antigo ainda em existência é o Banca Monte dei Paschi di Siena, com sede em Siena, Itália, que opera continuamente desde 1472.[3] Até o final de 2002, o banco mais antigo ainda em operação era o Banco di Napoli, com sede em Nápoles, que operava desde 1463.

O desenvolvimento do sistema bancário se espalhou do norte da Itália por todo o Sacro Império Romano, e nos séculos XV e XVI para o norte da Europa. Isso foi seguido por uma série de inovações importantes que ocorreram em Amsterdã durante a República dos Países Baixos no século XVII, e em Londres desde o século XVIII. Durante o século XX, os desenvolvimentos em telecomunicações e computação causaram grandes mudanças nas operações dos bancos e permitiram que os bancos aumentassem drasticamente em tamanho e distribuição geográfica. A crise financeira de 2007–2008 causou muitas falências bancárias, incluindo alguns dos maiores bancos do mundo, e provocou muito debate sobre a regulamentação bancária.

Antecedentes

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A mudança da dependência da caça e coleta de alimentos para práticas agrícolas, iniciada em algum momento depois de 12 mil a.C., resultou em maior estabilidade das relações econômicas. Tais mudanças começaram há aproximadamente 10 mil anos no Crescente Fértil, há cerca de 9.500 anos no norte da China, há cerca de 5.500 anos no México e há aproximadamente 4.500 anos nas partes orientais dos Estados Unidos.[4][5][6]

Registros

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Relato detalhado de matérias-primas e dias de trabalho para uma oficina de cestaria. Argila, c. 2040 a.C. (Ur III)

Objetos usados ​​para manutenção de registros, as bullae ou tokens foram recuperados em escavações no Antigo Oriente Próximo, datados de um período que começou em 8000 a.C. e terminou em 1500 a.C., como registros da contabilidade de produtos agrícolas. A partir do final do quarto milênio, símbolos mnemônicos passaram a ser usados ​​por membros dos templos e palácios para registrar estoques de produtos. Por volta de 3200 a.C começaram a ser feitos tipos de registros contábeis para trocas comerciais de pagamentos. O Código de Hamurabi, escrito em uma tábua de argila por volta de 1700 a.C., descreve a regulamentação da atividade bancária nessa civilização; embora ainda rudimentar, o sistema bancário estava suficientemente desenvolvido para justificar leis que governavam as operações bancárias.[nt 1] Mais tarde, durante o Império Aquemênida (depois de 646 a.C.),[7] mais evidências são encontradas de práticas bancárias na região da Mesopotâmia.[8][9][10][11][12][13][14][15]

Estrutura

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Por volta do quinto milênio a.C. foram desenvolvidos na Suméria assentamentos, como Eridu, em torno de um templo central. Nesse período, as pessoas começaram a construir e viver em cidades, fornecendo uma estrutura para a construção de instituições e estabelecimentos. Tell Brak e Uruque foram dois primeiros assentamentos urbanos.[11][16][17][18][19]

Primeiras formas de banco

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Mesopotâmia e Pérsia

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Acredita-se que a atividade bancária como atividade arcaica (ou quase bancária[20][21]) tenha começado já na última parte do 4º milênio a.C.[22] até o 3º milênio a.C.[23][24]

 
Entre muitas outras coisas, o Código de Hamurabi registrou empréstimos com juros

Antes do reinado de Sargão da Acádia (2335–2280 aC[25]), a ocorrência de comércio era restrita aos limites internos de cada cidade-estado da Babilônia e ao templo localizado no centro da atividade econômica; na época, o comércio para cidadãos externos à cidade era proibido.[16][26][27]

Índia

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Na Índia antiga, há evidências de empréstimos durante o período védico (começando em 1750 a.C.). Posteriormente, durante a dinastia Máuria (321–185 a.C.), um instrumento chamado ādeśa foi usado para emitir ordem a um banqueiro para que ele pagasse o dinheiro da nota a uma terceira pessoa, o que corresponde à definição de uma letra de câmbio como a entendemos hoje. Durante o período budista, houve uso considerável desses instrumentos. Comerciantes em grandes cidades davam cartas de crédito uns aos outros.[28][29][30]

Na China antiga, a partir da dinastia Chin (221–206 a.C.), a moeda chinesa se desenvolveu com a criação de moedas padronizadas que permitiram um comércio mais fácil pela China e levaram ao desenvolvimento de cartas de crédito. Essas cartas eram emitidas por comerciantes que agiam de maneiras que hoje entenderíamos como bancos.[31]

Antigo Egito

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De acordo com John Muir, havia dois tipos de bancos operando no Egito, o real e privado.[32] Os documentos feitos para mostrar o depósito de impostos eram conhecidos como registros peptoken.[33]

 
Moeda de ouro do imperador Carino cunhada pela casa da moeda do Império Romano

As atividades bancárias romanas eram uma presença crucial dentro dos templos. Por exemplo, a cunhagem de moedas ocorria dentro de edifícios religiosos como o templo de Juno Moneta, embora durante a época do Império os depósitos públicos gradualmente deixaram de ser mantidos nos templos e, em vez disso, foram mantidos em depósitos privados. Ainda assim, o Império Romano herdou as práticas mercantis da Grécia.[34][35][36]

Durante 352 a.C., um banco público rudimentar (conhecido como dēmosía trápeza[37]) foi formado, com a aprovação de uma diretiva consular para formar uma comissão de mensarii para lidar com dívidas nas classes baixas empobrecidas. Uma fonte mostra práticas bancárias em 325 a.C. quando os plebeus, por estarem endividados, eram obrigados a pedir dinheiro emprestado, então os recém-nomeados quinqueviri mensarii foram comissionados para fornecer serviços àqueles que tinham segurança para fornecer, em troca de dinheiro do tesouro público. Outra fonte[38] afirma que as lojas bancárias da Roma Antiga foram abertas pela primeira vez em fóruns públicos durante o período de 318 a 310 a.C.[39][40]

Ver também

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Referências

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Nota de rodapé

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  1. A palavra "banco" reflete as origens dos serviços bancários nos templos. De acordo com a famosa passagem do Novo Testamento, quando Jesus expulsou os cambistas do templo em Jerusalém, ele derrubou suas mesas (Mateus 21:12). Na Grécia, os banqueiros eram conhecidos como trapezitai, um nome derivado das mesas onde se sentavam.

Citações

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  1. Hoggson, N. F. (1926) Banking Through the Ages, Nova Iorque, Dodd, Mead & Company.
  2. Goldthwaite, R. A. Banks, Places and Entrepreneurs in Renaissance Florence, (1995)
  3. Boland, Vincent (12 de junho de 2009). «Modern dilemma for world's oldest bank». Financial Times (em inglês). Consultado em 24 de outubro de 2024 
  4. Marks, Robert (2006). The Origins of the Modern World: Fate and Fortune in the Rise of the West. [S.l.]: Rowman & Littlefield. ISBN 978-0742554184 
  5. Cameron, Rondo E. (1993). A Concise Economic History of the World: From Paleolithic Times to the Present. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780195074451 
  6. Ian Hodder – Religion in the Emergence of Civilization: Çatalhöyük as a Case Study Cambridge University Press, 30 August 2010 Retrieved 25 June 2012
  7. MA Dandamaev – A Political History of the Achaemenid Empire BRILL, 1989. Acessado em 15 de dezembro de 2024.
  8. Liverani, Mario (2013). The Ancient Near East: History, Society and Economy. Abingdon-on-Thames: Routledge. p. 76. ISBN 978-1134750849  ("record-keeping & bulla")
  9. Robinson, W. Andrew (2009). Writing and Script: A Very Short Introduction. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0199567782 
  10. Nissen, H J; Damerow, P; Englund, R K (1993). Archaic bookkeeping. [S.l.]: University of Chicago Press. ISBN 0226586596 
  11. a b Liverani, M; Bahrani, Z; Van de Mieroop, M (2006). Uruk: the first city. [S.l.]: Equinox 
  12. Kuhrt, Amélie (1995). The Ancient Near East, C. 3000–330 BC, Volume 1. [S.l.]: Routledge. ISBN 0415167639 
  13. Teissier, B (1984). Ancient Near Eastern Cylinder Seals from the Marcopoli Collection. [S.l.]: University of California Press. ISBN 0520049276 
  14. Williams, H (2010). Building Type Basics for Banks and Financial Institutions. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-0470278628 
  15. D Schmandt-Besserat – Counting to Cuneiform University of Texas Press, 1992 ISBN 0292707835 Acesso em 15 de dezembro de 20124
  16. a b Moorey, P R S (1999). Ancient Mesopotamia :Materials and Industries The Archaeological Evidence. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 1575060426 
  17. P Watson – The Great Divide: History and Human Nature in the Old World and the New Hachette UK, 12 January 2012 -Retrieved 9 June 2012
  18. Fagan, Brian M. (2002). World prehistory: a brief introduction. [S.l.]: Prentice Hall 
  19. Ur, Jason A. 2007 Early Mesopotamian urbanism: a new view from the North. Antiquity 81(313): 585–600. – [1] Retrieved 1 July 2012
  20. M. Chahin – The Kingdom of Armenia: A History Routledge, 2001 ISBN 0700714529
  21. ME Stevens Temples, Tithes, and Taxes: The Temple and the Economic Life of Ancient Israel Baker Academic, 2006 ISBN 0801047773
  22. N Luhmann – Risk: A Sociological Theory Transaction Publishers, 2005 ISBN 0202307646 (p. 181)
  23. Davies, R; Davies, G (1996). A History of Money from Ancient Times to the Present Day. Cardiff: University of Wales Press 
  24. naissance de la banque universalis.fr Accessed 15 September 2018
  25. Chahin, M. – Before the Greeks James Clarke & Co., 1996 ISBN 0718829506 Retrieved 8 June 2012
  26. Beaudreau, B C – World Trade iUniverse, 13 September 2004 ISBN 0595778445 Retrieved 8 June 2012
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  28. C Gomez – Financial Markets Institutions And Financial Services Prentice-Hall 2008 Retrieved 11 July 2012 ISBN 8120335376
  29. A Chavez Irapta, Et Al – Introduction to Asia: History, Culture, and Civilization Rex Bookstore, Inc., 2005 Retrieved 11 July 2012
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  31. Wagel, Srinivas (2009) [1915]. Chinese currency and banking. [S.l.]: Cornell University Library 
  32. Muir, John (2009). Life and Letters in the Ancient Greek World. [S.l.]: Routledge. p. 80–81. ISBN 978-1134166015 
  33. Clarysse, Willy; Thompson, Dorothy J. (2006). Counting the People in Hellenistic Egypt: Historical Studies. 2. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 82. ISBN 9780521838399 
  34. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Parker, W N
  35. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Temporini, Haase
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  39. Piotr Niczyporuk – Mensarii, bankers acting for public and private benefit published by the Central European Journal of Social Sciences and Humanities 2011 | 24(37) | 105-115 Studies in Logic, Grammar and Rhetoric [Retrieved 30 August 2015] (please see also the same source linked in full here)
  40. Macleod, H D (1855). The theory and practice of banking, Volume 1. [S.l.]: Longmans, Green 

Leitura adicional

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  • Andreades, Andreas Michael. History of the Bank of England (Routledge, 2013)
  • Cameron, Rondo. Banking in the Early Stages of Industrialization: A Study in Comparative Economic History (1967)
  • Cameron, Rondo et al. International Banking 1870–1914 (1992)
  • Cassis, Youssef; Grossman, Richard S.; Schenk, Catherine R., eds. (2016). The Oxford Handbook of Banking and Financial History. Nova Iorque: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-965862-6 
  • Feis, Herbert. Europe the World's Banker, 1870–1914 (1930) online
  • Ferguson, Niall. The Ascent of Money: A Financial History of the World (2008).
  • Ferguson, Niall. The House of Rothschild: Volume 2: The World's Banker: 1849-1999 (2000)
  • Grossman, Richard S. Unsettled Account: The Evolution of Banking in the Industrialized World Since 1800 (Princeton University Press; 2010) 384 páginas. Considera como crises, resgates, fusões e regulamentações moldaram a história do setor bancário na Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália.
  • Hammond, Bray, Banks and Politics in America, from the Revolution to the Civil War (Princeton University Press, 1957)
  • Hudson, Peter James. "On the History and Historiography of Banking in the Caribbean." Small Axe 18.1 43 (2014): 22–37.
  • Jaffe, Steven H., and Jessica Lautin. Capital of Capital: Money, Banking, and Power in New York City (Columbia University Press, 2014)
  • Kindleberger, Charles P.A Financial History of Western Europe ISBN 0415378672
  • Klebaner, Benjamin J. American commercial banking: A history (Twayne, 1990). online
  • Kobrak, Christopher, and Wilkins, Mira, eds. History and Financial Crisis: Lessons from the 20th Century (Routledge, 2014)
  • Komai, Alejandro, and Gary Richardson. "A history of financial regulation in the USA from the beginning until today: 1789 to 2011." in Handbook of Financial Data and Risk Information I (2014): 385+.
  • Lane, Nicholas. "The Fathers of English Banking." History Today (março de 1953) 3#3 pp 190–199
  • Meltzer, Allan H. A History of the Federal Reserve (2 volumes U of Chicago Press, 2010) nos Estados Unidos
  • Michie, Ranald C. British Banking: Continuity and Change from 1694 to the Present (Oxford UP, 2016) 334 pp. revisão online
  • Murphy, Sharon Ann. Other People's Money: How Banking Worked in the Early American Republic (2017) revisão online
  • Neal, Larry. "How it all began: the monetary and financial architecture of Europe during the first global capital markets, 1648–1815." Financial History Review (2000) 7#2 pp: 117–140.
  • Soyeda, Juichi. A history of banking in Japan

Ligações externas

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