Humildade epistêmica
Na filosofia da ciência, a humildade epistêmica caracteriza-se por uma abordagem de observação científica enraizada no reconhecimento de que o conhecimento do mundo é interpretado, estruturado e filtrado pelo observador. Nesse sentido, todo e qualquer pronunciamento científico deve ser construído sobre o reconhecimento da incapacidade da observação de compreender o mundo em sua essência.[1] O conceito é frequentemente atribuído às tradições do idealismo alemão, particularmente ao trabalho de Immanuel Kant[2][3] e ao empirismo britânico, incluindo as obras de David Hume.[4] Outras histórias do conceito traçam sua origem na teoria da sabedoria da humildade atribuída a Sócrates na Apologia, escrito por Platão.[5][6][7]
James Van Cleve descreve a versão kantiana da humildade epistêmica – ou seja, que não temos conhecimento das coisas em seus “aspectos não relacionais ou ' em si mesmas'”[8] – como uma forma de estruturalismo causal.[3] Mais recentemente, o termo apareceu nos estudos da teoria pós-colonial e da teoria crítica para descrever uma posição de sujeito de abertura a outras formas de “conhecer” para além das epistemologias que derivam da tradição ocidental.[9][10]
Referências
editar- ↑ Matthews, D. (2006). «Epistemic Humility: A View from the Philosophy of Science». Wisdom, knowledge, and management : a critique and analysis of Churchman's systems approach. New York: Springer. 113 páginas. ISBN 9780387365060. OCLC 262691610
- ↑ Langton, Rae, 1961- (1998). Kantian humility : our ignorance of things in themselves. Oxford: Clarendon Press. ISBN 9780198236535. OCLC 316196789
- ↑ a b Cleve, James Van (1 de agosto de 2011), «Epistemic Humility and Causal Structuralism», in: Roessler, Johannes; Lerman, Hemdat; Eilan, Naomi, Perception, Causation, and Objectivity, ISBN 9780199692040, Oxford University Press, pp. 82–91, doi:10.1093/acprof:oso/9780199692040.003.0006, consultado em 30 de março de 2019
- ↑ Matthews, D. (2006). «Epistemic Humility: A View from the Philosophy of Science». Wisdom, knowledge, and management : a critique and analysis of Churchman's systems approach. New York: Springer. 109 páginas. ISBN 9780387365060. OCLC 262691610
- ↑ Ryan, Sharon (1996). «Wisdom». In: Lehrer, Keith; Lum, B. Jeannie; Slichta, Beverly A.; Smith, Nicholas D. Knowledge, Teaching and Wisdom (em inglês). Dordrecht: Springer Netherlands. pp. 233–242. ISBN 9789048146840. doi:10.1007/978-94-017-2022-9
- ↑ Whitcomb, Dennis (2011). «Wisdom». The Routledge companion to epistemology. New York: Routledge. ISBN 9780415962193. OCLC 432989998
- ↑ Ryan, Sharon (2018), Zalta, Edward N., ed., «Wisdom» Fall 2018 ed. , Metaphysics Research Lab, Stanford University, The Stanford Encyclopedia of Philosophy, consultado em 30 de março de 2019
- ↑ Cleve, James Van (1 de agosto de 2011), «Epistemic Humility and Causal Structuralism», in: Roessler, Johannes; Lerman, Hemdat; Eilan, Naomi, Perception, Causation, and Objectivity, ISBN 9780199692040, Oxford University Press, pp. 82–91, doi:10.1093/acprof:oso/9780199692040.003.0006, consultado em 1 de abril de 2019
- ↑ Maduro, Otto (1 de novembro de 2011). «An(other) Invitation to Epistemological Humility: Notes toward a Self-Critical Approach to Counter-Knowledges». Decolonizing Epistemologies: Latina/o Theology and Philosophy. [S.l.]: Fordham University Press. pp. 87–103. ISBN 9780823241354. doi:10.5422/fordham/9780823241354.003.0005
- ↑ Allen, Amy (2016). The end of progress : decolonizing the normative foundations of critical theory. New York: Columbia University Press. ISBN 978-0231540636. OCLC 934769543