I Recenseamento Geral da População de Portugal

O I Recenseamento Geral da População de Portugal realizou-se a 1 de janeiro de 1864, abrangendo todo o actual território nacional (no continente europeu e arquipélagos dos Açores e da Madeira), mas não as colónias de então.[1] Foi o primeiro censo nacional a reger-se pelas orientações internacionais (Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas, 1853), marcando o início dos recenseamentos da época moderna em Portugal.[2]

Levado a cabo pela Repartição Estatística do Ministério das Obras Públicas[3], utilizou o método da recolha directa, nominativa e simultânea[4], baseada em boletins de família. Foram recolhidas as seguintes variáveis: população de facto (presente) segundo o sexo, a idade e o estado civil (solteiros, casados e viúvos); população ausente (residente mas não presente); transeuntes (presentes não residentes); fogos (ou famílias). As variáveis profissão (ou condição social) e nacionalidade foram igualmente recolhidas mas não apuradas, devido ao mau preenchimento dos boletins. O mesmo aconteceu relativamente à contabilização dos fogos, onde se pretendia distinguir casas habitadas e desabitadas, o que não foi possível. Por uma questão de simplicidade deste primeiro censo, foi decidido não recolher informação sobre as habilitações literárias da população.[5]

Os resultados do Censo foram publicados em 1868, num volume de 340 páginas, discriminando a população por distrito[6], concelho e freguesia (e, no caso dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, também por ilha). Segundo este Censo, Portugal tinha 4 188 410 «habitantes de facto».[7]

Alguns resultados

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Distrito População de facto[8][7] Eleitores[9]
Homens Mulheres Total
Aveiro 108 035 130 665 238 700 9,77%
Beja 68 976 66 532 135 508 8,86%
Braga 138 028 171 480 309 508 6,68%
Bragança 80 473 78 436 158 909 12,16%
Castelo Branco 77 803 81 702 159 505 8,17%
Coimbra 126 751 142 143 268 894 9,01%
Évora 50 117 47 987 98 104 7,93%
Faro 85 757 86 903 172 660 8,06%
Guarda 102 356 108 058 210 414 9,02%
Leiria 85 762 88 154 173 916 11,03%
Lisboa[10] 225 512 212 952 438 464 10,09%
Portalegre 48 866 46 799 95 665 8,30%
Porto 185 375 225 290 410 665 7,18%
Santarém 98 255 98 362 196 617 9,69%
Viana do Castelo 87 073 108 184 195 257 9,10%
Vila Real 104 294 108 995 213 289 8,68%
Viseu 168 118 185 425 353 543 8,36%
Angra do Heroísmo 31 668 40 543 72 211 7,40%
Horta 28 017 36 968 64 985 7,68%
Ponta Delgada 51 705 59 127 110 832 6,39%
Funchal 52 599 58 165 110 764 9,06%
Total nacional 2 005 540 2 182 870 4 188 410 8,75%

Notas e Referências

  1. Estatística de Portugal (1868) – "População: Censo no 1.º de Janeiro 1864" (Censo de 1864), pág. III (ficheiro: p. 3).
  2. Instituto Nacional de Estatística (2009) – "Censos em Portugal"
  3. Estatística de Portugal (1881) – "População no 1.º de Janeiro 1878 (parte 1)" (Censo de 1878), pág. V (ficheiro: p. 5).
  4. Pela primeira vez em Portugal, todos os indivíduos foram recenseados no mesmo dia e nos lugares onde passaram a noite de 31 de dezembro de 1863 para 1 de janeiro de 1864. Cf. Estatística de Portugal (1868) – op. cit., pág. XVIII (ficheiro: p. 18).
  5. Estatística de Portugal (1868) – op. cit., pág. V (ficheiro: p. 5).
  6. À data existiam 21 distritos em Portugal: 17 no continente (todos os existentes actualmente, com excepção do de Setúbal, então integrado no distrito de Lisboa), três nos Açores (Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada) e um na Madeira (Funchal). Cf. Estatística de Portugal (1868) – op. cit., pág. III (ficheiro: p. 3).
  7. a b Estatística de Portugal (1868) – op. cit., pág. VI (ficheiro: p. 6).
  8. Estatística de Portugal (1868) – op. cit, pág. IX (ficheiro: p. 9).
  9. Percentagens calculadas com base nos valores absolutos apresentados em Estatística de Portugal (1868) – op. cit, pág. XII (ficheiro: p. 12), que não dizem respeito ao momento censitário de 1864, mas ao número de eleitores recenseados em 1867. Eram eleitores apenas os cidadãos do sexo masculino maiores de 21 anos que tivessem um rendimento anual superior a um certo limite e fossem clérigos, casados, oficiais do Exército ou da Armada, ou tivessem as habilitações literárias previstas na lei. Para uma melhor comparação com a situação actual, as percentagens apresentadas são relativas à totalidade da população (homens e mulheres).
  10. À data o distrito de Lisboa compreendia também o território do actual distrito de Setúbal.

Ligações externas

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