Infecção por transbordamento

Situação que ocorre quando um reservatório natural (população hospedeira original) com alta prevalência de um patógeno entra em contato com uma nova população hospedeira

Infecção por transbordamento, também conhecida como transbordamento patogênico e evento de transbordamento, ocorre quando um reservatório natural (população hospedeira original) com alta prevalência de um patógeno entra em contato com uma nova população hospedeira. O patógeno é transmitido a partir do reservatório natural e pode ou não ser disseminado dentro da nova população hospedeira.[1]

Zoonoses por transbordamento

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Infecções por transbordamento são eventos comuns. De fato, mais de dois terços dos vírus em humanos são zoonóticos.[2] A maior parte desses eventos resulta em casos sem nenhum sinal posterior de transmissão entre pessoas como ocorre, por exemplo, com a raiva, o antraz, a histoplasmose ou a hidatidose. Outros patógenos zoonóticos conseguem ser transmitidos entre humanos, originar casos secundários e até estabelecer cadeias de transmissão limitadas. Nessa categoria estão os filovírus Ebola e Marburg, os coronavírus MERS e SARS e alguns vírus responsáveis pela gripe aviária. Finalmente, uns poucos eventos de transbordamento podem produzir a adaptação final do micróbio ao organismo humano, tornado-o um novo reservatório estável, como ocorreu com o vírus HIV, responsável pela epidemia de AIDS. Na verdade, a maioria dos patógenos presentes exclusivamente em humanos provavelmente foi transmitida por outros animais em algum momento passado. [3] Se a história de adaptação mútua for longa o suficiente, associações permanentes entre micróbios e hospedeiros podem ser estabelecidas e gerar coevolução, e até mesmo a integração permanente do genoma microbiano ao humano, como é o caso dos vírus endógenos. Quanto mais próximas duas espécies estão em termos filogenéticos mais fácil torna-se para os micróbios transpor a barreira biológica entre elas e produzir transbordamentos bem-sucedidos. Por isso os mamíferos são a fonte principal de agentes zoonóticos para humanos.[carece de fontes?]

Os transbordamentos zoonóticos têm aumentado nos últimos 50 anos, principalmente decorrentes do impacto ambiental da agricultura, que promove o desmatamento, a alteração dos habitat naturais e os impactos do uso excessivo dos solos.[4]

Transbordamento intraespécies

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Criadas comercialmente para polinizar estufas, abelhas mamangabas podem ser reservatórios para vários parasitas de polinizadores, incluindo os protozoários Crithidia Bombi e Apicystis Bombi,[5] os microsporídios Nosema Bombi e Nosema ceranae,[6] vírus como o vírus da asa deformada e ácaros traqueais Locustacarus buchneri. As mamangabas que escapam das estufas podem acabar infectando populações de abelhas selvagens. As infecções podem ocorrer por contato direto entre abelhas manejadas e silvestres ou pelo uso compartilhado de flores contaminadas.[7][8] Um estudo descobriu que metade de todas as abelhas selvagens encontradas próximas a estufas desse tipo estavam infectadas com C. bombi. As taxas e a incidência de infecções diminuem dramaticamente quanto mais afastadas das estufas as abelhas estiverem.[9][10] As ocorrências de transbordamento entre mamangabas estão bem documentadas, particularmente no Japão, na América do Norte e no Reino Unido.[11][12]

Ver também

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Referências

  1. Power, AG; Mitchell, CE (Nov 2004). «Pathogen spillover in disease epidemics». Am Nat. 164: S79–89. PMID 15540144. doi:10.1086/424610 
  2. Woolhouse M, Scott F, Hudson Z, Howey R, Chase-Topping M. Human viruses: discovery and emergence. Phil. Trans. R. Soc. B (2012) 367, 2864–2871
  3. Wolfe ND, Dunavan CP, Diamond J Origins of major human infectious diseases. Nature, 477: 279-283.
  4. Berger, Kevin (12 de março de 2020). «The Man Who Saw the Pandemic Coming». Nautilus. Consultado em 16 de março de 2020 
  5. Graystock, P; Yates, K; Evison, SEF; Darvill, B; Goulson, D; Hughes, WOH (2013). «The Trojan hives: pollinator pathogens, imported and distributed in bumblebee colonies». Journal of Applied Ecology. 50: 1207–15. doi:10.1111/1365-2664.12134 
  6. Sachman-Ruiz, Bernardo; Narváez-Padilla, Verónica; Reynaud, Enrique (10 de março de 2015). «Commercial Bombus impatiens as reservoirs of emerging infectious diseases in central México». Biological Invasions. 17: 2043–53. ISSN 1387-3547. doi:10.1007/s10530-015-0859-6 
  7. Durrer, Stephan; Schmid-Hempel, Paul (22 de dezembro de 1994). «Shared Use of Flowers Leads to Horizontal Pathogen Transmission». Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences. 258: 299–302. Bibcode:1994RSPSB.258..299D. ISSN 0962-8452. doi:10.1098/rspb.1994.0176 
  8. Graystock, Peter; Goulson, Dave; Hughes, William O. H. (22 de agosto de 2015). «Parasites in bloom: flowers aid dispersal and transmission of pollinator parasites within and between bee species». Proc. R. Soc. B. 282. 20151371 páginas. ISSN 0962-8452. PMC 4632632 . PMID 26246556. doi:10.1098/rspb.2015.1371 
  9. Otterstatter, MC; Thomson, JD (2008). «Does Pathogen Spillover from Commercially Reared Bumble Bees Threaten Wild Pollinators?». PLOS ONE. 3: e2771. Bibcode:2008PLoSO...3.2771O. PMC 2464710 . PMID 18648661. doi:10.1371/journal.pone.0002771 
  10. Graystock, Peter; Goulson, Dave; Hughes, William O.H. (2014). «The relationship between managed bees and the prevalence of parasites in bumblebees». PeerJ. 2: e522. PMC 4137657 . PMID 25165632. doi:10.7717/peerj.522 
  11. Graystock, Peter; Blane, Edward J.; McFrederick, Quinn S.; Goulson, Dave; Hughes, William O. H. (2016). «Do managed bees drive parasite spread and emergence in wild bees?». International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife. 5: 64–75. PMC 5439461 . PMID 28560161. doi:10.1016/j.ijppaw.2015.10.001 
  12. Imported bumblebees pose risk to UK's wild and honeybee population. Damian Carrington. theguardian.com, Thursday 18 July 2013

Ligações externas

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