Inocência Mata
Inocência Mata é uma ensaísta, professora e investigadora natural de São Tomé e Príncipe. É na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na área de Literaturas, Artes e Culturas que tem desenvolvido e partilhado o seu pensamento na sua área de investigação, os estudos pós-coloniais. Membro fundador da UNEAS – União Nacional de Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe e Membro Correspondente da Academia de Ciências de Lisboa - Classe de Letras.[1]
Inocência Mata | |
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Inocência Mata no desfile comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 | |
Nascimento | São Tomé e Príncipe |
Cidadania | São Tomé e Príncipe |
Alma mater | |
Ocupação | professora universitária, escritora, ensaísta, especialista em literatura, literata |
Empregador(a) | Universidade de Macau, Universidade de Lisboa |
Percurso
editarInocência Mata nasceu em São Tomé e Príncipe, mas foi em Portugal que acabou por traçar o seu caminho na Academia. Ensaísta, investigadora e professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa na área de Literaturas, Artes e Culturas, tem sido professora-convidada em diversas instituições por todo o mundo, inclusive a Universidade de Macau, onde até 2017 foi subdiretora do Departamento de Português.[2][3][4][5]
Doutorada em Letras pela Universidade de Lisboa e pós-doutorada em Estudos Pós-coloniais (Postcolonial Studies, Identity, Ethnicity, and Globalization) pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, tornou-se especialista na sua área de estudo.[2][4] Mata integra associações de renome na sua área de estudo, entre elas a Associação Internacional de Literatura Comparada, da Association por L’Étude des Literatures Africaines (França), da Associação Internacional de Estudos Africanos (AFROLIC, Brasil), da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILP-CSH), a Academia das Ciências de Lisboa - Classe de Letras, da Academia Angolana de Letras e da Academia Galega da Língua Portuguesa e é membro fundador da UNEAS – União Nacional de Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe.[2][6] É também investigadora do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa.[2][6][7][8][9]
Em 2015 escreveu o prefácio do livro Os Condenados da Terra (1961), de Frantz Fanon, traduzido e publicado em Portugal pela editora Letra Livre. ‘A pertinência de se ler Fanon, hoje [2015]’ é o nome do prefácio que assina.[10][11]
Em Setembro de 2019, participou na conversa "Reparação Histórica: é possível pagar as dívidas do colonialismo?" com curadoria do Fumaça, para a 4ª edição do Festival Iminente, em Lisboa. No debate encontravam-se também a jornalista e socióloga Luzia Moniz (PADEMA – Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana) e a historiadora Solange Rocha (Universidade Federal da Paraíba).[12]
No mesmo ano, participou no 5º Festival Literário da Gardunha da cidade do Fundão, que decorreu entre 26 e 27 de outubro, dedicado ao tema Viagem, com foco nas migrações.[13]
Já em 2020, assinou a carta aberta "The Time to Act is Now", pensada e escrita por intelectuais africanos (e da diáspora africana) e endereçada aos líderes africanos, que serviu de alerta aos problemas estruturais do continente, que se acentuaram com a covid-19. Nos nomes dos assinantes encontravam-se também, entre outros, Wole Soyinka (Prémio Nobel da Literatura 1986), Iva Cabral (filha de Amílcar Cabral, Universidade do Mindelo), Henry Louis Gates Jr (Harvard University), Maria Paula Meneses (Universidade de Coimbra), Iolanda Évora (Universidade de Lisboa), e Véronique Tajdo (escritora).[14][15]
Reconhecimentos e Prémios
editar- 2021: Distinção 'Mulheres Cientistas Sociais que Inspiram' da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILP-csh).[16]
- 2019: Torna-se membro correspondente da Academia Angolana de Letras (AAL) em Portugal.[17]
- 2019: O Jerusalém Internacional Academic Research Institute (Malawi), atribui-lhe o título Honoris Causa de docência em literatura e filosofia.[18][19]
- 2019: Integrou o júri do prémio literário UCCLA, que pela primeira vez tinha escritores de todos os países de língua portuguesa. No grupo encontravam-se também António Carlos Secchin (Brasil); Germano Almeida (Cabo Verde); Isabel Pires de Lima (Portugal); José Luís Mendonça (Angola); José Pires Laranjeira (Portugal); Luís Carlos Patraquim (Moçambique) Luís Costa (Timor) Tony Tcheka (Guiné Bissau), e Rui Lourido pela UCCLA;[20]
- 2018: Apresentou "Espectros de Batepá. Memórias e Narrativas do Massacre de 1953 em São Tomé e Príncipe”, da autoria da investigadora portuguesa Inês Nascimento Rodrigues, em Lisboa;[21]
- 2016: Fez parte do júri do Prémio Camões, juntamente com Paula Morão, Pedro Mexia, Flora Süssekind, Sérgio Alcides do Amaral e Lourenço do Rosário;[22]
- 2015: Vencedora do Prémio FEMINA 2015, pelo seu contributo na investigação e ensino de Literaturas Lusófonas;[23][24]
- 2015: Integrou o colóquio internacional sobre a Casa dos Estudantes do Império (CEI), organizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.[25][26]
Mata é também Membro Correspondente da Academia de Ciências de Lisboa - Classe de Letras.[1][27]
Obra
editarInocência Mata é autora de livros de ensaios na área de literaturas em português e estudos culturais e pós-coloniais, entre eles:
- 2015: A Casa dos Estudantes do Império e o lugar da literatura na consciencialização política (Lisboa, 2015);[26][28]
- 2012: A Rainha Nzinga Mbandi: História, Memória e Mito (Lisboa, 2012);[29][30][31]
- 2011: Francisco José Tenreiro: as Múltiplas Faces de um Intelectual (Lisboa, 2011);[29][30]
- 2010: Polifonias Insulares: Cultura e Literatura de São Tomé e Príncipe (Lisboa, 2010);[29][30][33]
- 2007: A Literatura Africana e a Crítica Pós-colonial (Luanda, 2007; Manaus, 2013);[29][30]
- 2006: Laços de Memória & Outros Ensaios sobre Literatura Angolana (Luanda, 2006);[29][30]
- 2004: A Suave Pátria: Reflexões Político-culturais sobre a Sociedade São-tomense (Lisboa, 2004);[29][30]
Em co-autoria publicou ainda as seguintes obras:
- 2016: Pós-colonial e Pós-colonialismo: Propriedades e Apropriações de Sentido (com Flávio García, UERJ, 2016);[29]
- 2016: Cartas de Amílcar Cabral a Maria Helena: a outra face do homem, editado pela Rosa de Porcelana (além das cartas, conta com textos seus, do ex-presidente da República Pedro Pires e do sociólogo Carlos Lopes);[34][35]
- 2012: Colonial/Post-Colonial: Writing as Memory in Literature (com Fernanda Gil Costa, Universidade de Lisboa; Lisboa
- 2013: Olhares Cruzados sobre a Economia de São Tomé e Príncipe, edições Colibri, Lisboa
- 2009: When Things Came Together: Studies on Chinua Achebe (com Don Burness da Franklin Pierce University (EUA), e Vicky Hartnack da Universidade de Lisboa[29]
- 2007: Pelas Oito Partidas da Língua Portuguesa: Uma Homenagem a João Malaca Casteleiro (com Maria José Grosso, Universidade de Lisboa: Macau/Lisboa)[29]
- 2005: Boaventura Cardoso: a Escrita em Processo (com Rita Chaves e Tania Macêdo da USP; São Paulo)[29]
- 2001: Mário Pinto de Andrade: Um Intelectual na Política (com Laura Padilha, UFF; Lisboa)[29]
É autora de mais de vários artigos científicos publicados, citados mais de 1400 vezes por outros académicos.[36][37]
Don Burness escreveu um artigo sobre ela e Laura Padilha publicado em 2006 pelas edições Colibri.[29][38]
Ligações Externas
editarReferências
- ↑ a b «Correspondentes Estrangeiros». www.acad-ciencias.pt (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ a b c d Mata, Inocência (2018). «CV de Inocência Mata» (PDF). Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Raduan Nassar é o vencedor do Prêmio Camões 2016». O Globo. 30 de maio de 2016. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ a b «"A minha grande tristeza é a pouca atenção que se dá à língua portuguesa na Universidade de Macau"». 10 de janeiro de 2018. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «INOCÊNCIA LUCIANO DOS SANTOS MATA (CC18-1FDE-D046) | CIÊNCIAVITAE». www.cienciavitae.pt. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ a b «Inocência Mata – The Script Road». Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Inocência Mata – Comparatistas – english version» (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Inocência Mata | PHD Comp». Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ webmaster. «Tomada de Posse da professora Inocência Mata - Academia Galega da Língua Portuguesa». www.academiagalega.org. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Ribeiro, Gabriel Mithá. «Fanon the Killer». Observador. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Livraria Letra Livre - Catálogo de Produtos - Os Condenados da Terra». www.letralivre.com. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «LISBOA 19 - 20 - 21- 22 de Setembro - Festival IMINENTE». www.festivaliminente.com. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Festival Literário da Gardunha 2019». Universidade da Beira Interior. 24 de outubro de 2019. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Open letter from African intellectuals to leaders over COVID-19». www.aljazeera.com. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «COVID-19: Intelectuais africanos criticam e apelam a líderes de África». Jornal Tornado. 18 de abril de 2020. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Mulheres Cientistas Sociais que Inspiram: Inocência Mata». AILP–CSH. 8 de março de 2021. Consultado em 7 de abril de 2021
- ↑ «Posse de membros correspondentes da Academia Angolana de Letras - Lazer e Cultura - Angola Press - ANGOP». http://www.angop.ao. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Neto, Ricardo (3 de setembro de 2019). «Governo do Príncipe felicita Inocência Mata pelo título honoris causa pela Jerusalém Internacional Academic». STP-PRESS. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Nón, Téla (5 de setembro de 2019). «Inocência Mata com "Honoris Causa" atribuído por uma universidade Americana em África». Téla Nón. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Prémio Literário UCCLA: candidaturas terminam a 31 de Janeiro». Expresso das Ilhas. 17 de janeiro de 2020. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ Carlos, João (7 de setembro de 2018). «São Tomé e Príncipe: O massacre esquecido de Batepá | DW | 07.09.2018». DW.COM. DW. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Raduan Nassar é o vencedor do Prêmio Camões 2016». O Globo. O Globo. 30 de maio de 2016. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Matriz Portuguesa atribui Prémio Femina 2015». Executiva. Executiva. 26 de novembro de 2015. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Inocência Mata vai receber o Prémio Femina 2015». Rede Angola - Notícias independentes sobre Angola. 3 de novembro de 2015. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ Henriques, Liliana (24 de maio de 2015). «Convidado - Inocência Mata: um outro olhar sobre a História». RFI. RFI. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ a b Mata, Inocência (2015). «A Casa dos Estudantes do Império e o lugar da literatura na consciencialização política» (PDF). União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Inocência Mata». Tinta da China. 18 de julho de 2019. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Oferta da coleção de livros da Casa dos Estudantes do Império | UCCLA». www.uccla.pt. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o «Inocência Mata» (PDF). Centro de História da Universidade de Lisboa. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ a b c d e f g h «Inocência Mata – Biografia». Festival Literário de Macau. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «A Rainha Nzinga - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Ficção e História na Literatura Angolana - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Polifonias Insulares, Inocência Mata - Livro - Bertrand». www.bertrand.pt. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Cartas de amor de Amílcar Cabral editadas em livro». Observador. 3 de fevereiro de 2016. Consultado em 6 de julho de 2020
- ↑ «Cartas de Amílcar Cabral a Maria Helena - A Outra Face do Homem». www.almedina.net. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ «Inocência Mata - Citações do Google Académico». scholar.google.com. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ ORCID. «Inocência Mata (0000-0001-8648-0954)». orcid.org (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Burness, Don (1 de julho de 2008). «Inocencia Mata and Laura Padilha. A poesia e a vida: Homenagem a Alda Espirito Santo». Portuguese Studies Review (em inglês). 16 (2): 161–163