Instituto Millenium
O Instituto Millenium, também conhecido pelo acrônimo Imil (ou IMIL), é um advocacy think tank brasileiro, com sede no Rio de Janeiro. Foi criado em 2005 pela economista Patrícia Carlos de Andrade e pelo professor de filosofia Denis Rosenfield, para difundir uma visão de mundo liberal, situando-se à direita do espectro político.[1][2][3] Conta com o apoio de importantes grupos empresariais e dos meios de comunicação de massa, buscando influenciar a sociedade brasileira através da divulgação das ideias de seus representantes, especialistas e colunistas.[4][5]
Tipo | Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) |
Fundação | 2005 (19 anos) |
Sede | Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Fundadores | Patrícia Carlos de Andrade Denis Lerrer Rosenfield |
Sítio oficial | www |
As conexões entre o Imil e a grande imprensa tendem a assegurar aos seus filiados do Instituto o espaço midiático dedicado à veiculação do ideário do Instituto.[5][4]
Vinculação ideológica
editarO Imil não se assumia como "liberal" pelo menos até os anos 2000, pois, segundo sua fundadora, Patrícia Carlos de Andrade, esta palavra seria traduzida erroneamente no Brasil como "direitista" ou "apoiador de ditaduras militares".[6] Já em 2005, Patricia Andrade assina, como co-autora, artigo publicado no site do Imil, no qual critica a falta de uma "corrente político-cultural de direita moderna, que apresente alternativas de avanço para o País na conclusão da transição entre o forte estatismo que sempre caracterizou a sociedade brasileira e a real democracia de mercado, nunca antes experimentada".[1]
O Imil alinha-se com outras instituições similares, como a Atlas Economic Research Foundation.[7]
O Imil tem sido apontado como um sucessor do IPES,[8] um dos organizadores do Golpe de 64.
Financiamento e estrutura
editarO Instituto alega que, entre seus mantenedores, parceiros e patrocinadores, estão o Editora Abril, O Estado de S. Paulo, Grupo RBS, Abert, Universidade Estácio de Sá, Gerdau e Suzano), Porto Seguro Seguros, Bank of America Merrill Lynch.[9]
Personalidades associadas
editarFazem (ou fizeram) parte do Instituto Millenium:
- Paulo Guedes (membro-fundador)[10]
- Rodrigo Constantino (membro-fundador)[11]
- Sebastião Ventura (Presidente do Conselho) [12]
- Milla Maia (atual CEO)[12]
O Instituto tem ou teve como colaboradores (convidados), dentre outros, as seguintes personalidades:[13]
- Ali Kamel
- André Franco Montoro Filho
- Carlos Alberto Di Franco
- Carlos Alberto Sardenberg
- Cláudia Costin
- Eugênio Bucci
- Cora Ronai
- Demétrio Magnoli
- Guilherme Fiuza
- Gustavo Franco
- Jorge Gerdau
- José Eli da Veiga
- José Padilha
- José Piñera
- José Roberto Guzzo
- Mailson da Nóbrega
- Marcelo Neri
- Marcos Cintra
- Marina Helena
- Merval Pereira
- Nelson Motta
- Pedro Malan
- Reinaldo Azevedo
O Instituto apresenta (dentre outros), os seguintes "especialistas":[14]
- Arnaldo Niskier
- Bolívar Lamounier
- Edmar Bacha
- Flávio Morgenstern
- Gustavo Ioschpe
- Hélio Beltrão
- Ives Gandra Martins
- Jorge Maranhão
- Leandro Narloch
- Luiz Felipe Lampreia
- Marco Antonio Rocha
- Monica Baumgarten de Bolle
- Rolf Kuntz
- Marcelo Madureira
- Paulo Guedes
- Roberto DaMatta
- Rodrigo Constantino
- Yoani Sánchez
Referências
- ↑ a b "Revolucionando a agenda política". Por Patrícia Carlos de Andrade, Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis. O Estado de S. Paulo, 13 de abril de 2005. Arquivado em 10 de novembro de 2014, no Wayback Machine.
- ↑ Por que a direita anda mais raivosa do que nunca?[ligação inativa] Os barões das grandes corporações midiáticas perceberam que, para haver uma oposição de direita forte, é preciso uma ampla opinião pública direitista. Por Antonio Lassance. Carta Maior, 19 de junho de 2014
- ↑ Vanguarda popular: a direita sai do armário (com roupas de esquerda). Arquivado em 13 de março de 2017, no Wayback Machine. Lady Baginski, Ricardo Salles, Ricardo Gama, Helio Beltrão Filho, Movimento Endireita Brasil, Movimento Direitas Já: o que pretendem os jovens brasileiros de direita, liderados pelo Instituto Millenium. Por Alex Solnik. Brasileiros, 20 de dezembro de 2012.
- ↑ a b Laurindo Lalo Leal Filho (26 de junho de 2012). Observatório da Imprensa, ed. «Imprensa sob suspeita». Consultado em 26 de outubro de 2013. Arquivado do original em 20 de outubro de 2013
- ↑ a b Gilberto Maringoni (17 de fevereiro de 2010). «Instituto Millenium: toda a democracia que o dinheiro pode comprar!». Carta Maior. Consultado em 27 de outubro de 2013. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2013
- ↑ Ricardo Allan (1 de junho de 2009). Instituto Millenium, ed. «Conversa com Patrícia». Consultado em 26 de outubro de 2013
- ↑ Atlas Economic Research Foundation (ed.). «Directory» (pdf) (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 5 de maio de 2012
- ↑ Instituto Millenium, mídia e as lições da história. Por Emiliano José. Carta Capital, 6 de setembro de 2012.
- ↑ Instituto Millenium, ed. (6 de novembro de 2012). «Quem Somos». Consultado em 26 de outubro de 2013
- ↑ «Autor: Paulo Guedes». Instituto Millenium. Consultado em 24 de março de 2022
- ↑ Fang, Lee. «Sphere of Influence: How American Libertarians Are Remaking Latin American Politics». The Intercept (em inglês). Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ a b «Instituto Millenium anuncia mudanças na liderança executiva». Exame. 1 de junho de 2022. Consultado em 31 de julho de 2022[ligação inativa]
- ↑ Instituto Millenium. Convidados Arquivado em 10 de fevereiro de 2014, no Wayback Machine.
- ↑ Instituto Millenium. Especialistas
Bibliografia
editar- Camila Rocha (5 de fevereiro de 2019), 'Menos Marx, mais Mises': uma gênese da nova direita brasileira (2006-2018), São Paulo, doi:10.11606/T.8.2019.TDE-19092019-174426, Wikidata Q98074045
- Allana Meirelles Vieira; Aline Rodrigues Chiaramonte (18 de junho de 2021), «O Instituto Millenium na busca por poder», Tempo Social, ISSN 0103-2070, 33: 169-202, doi:10.11606/0103-2070.TS.2021.165937, Wikidata Q109146793
- Eduardo Carvalho Ferreira (2018), «Think tanks da nova direita e suas estratégias de cooptação: o caso do programa Imil (Instituto Millenium) na sala de aula», Critica Educativa, ISSN 2447-4223, 4 (2): 24-40, Wikidata Q109166388
- Diogo Fraga Cruz (2020), OS USOS DA HISTÓRIA COMO FERRAMENTA DE ORIENTAÇÃO TEMPORAL NOS TEXTOS DO INSTITUTO MILLENIUM (PDF), pp. 91-107, Wikidata Q109166044
- Bruna Pastore (2012), «Complexo IPES/IBAD, 44 anos depois: Instituto Millenium?», Revista Aurora, ISSN 1982-8004, 5 (2): 57-80, doi:10.36311/1982-8004.2012.V5N2.2351, Wikidata Q109166047
- Lucas Araldi; Eduardo Munhoz Svartman (2020), «Rede Atlas, think tanks e a construção da liberalização econômica no Brasil: uma análise do Instituto Millenium e do Instituto Ludwig Von Mises Brasil», Conexão, ISSN 2178-2687, 18 (35): 317-339, doi:10.18226/21782687.V18.N35.14, Wikidata Q109166049
- Luciana Silveira (2013), Fabricação de ideias, produção de consenso: estudo de caso do Instituto Millenium (PDF), Wikidata Q109166052
- Bruna Pastore (2016), Olhando para onde a sombra se adensa: Instituto Millenium e o revisionismo histórico da ditadura civil-militar, Cuiabá, Wikidata Q109166054
- Thiago de Andrade Romeu Alexandre (30 de agosto de 2017), O Instituto Millenium e os intelectuais da “Nova Direita” no Brasil, Wikidata Q109166056
- María Julia Giménez (30 de março de 2015), Direitos humanos e (ou) democracia no Brasil: a ação do Instituto Millenium no âmbito do PNDH3, Wikidata Q109166061
- Patrick Batista Gomes (2019), INSTITUTO MILLENIUM: CONTRA AS CLASSES SUBALTERNAS E EM DEFESA DO GERENCIALISMO, Wikidata Q109166064
- Lucas Patschiki (2014), A CLASSE DOMINANTE EM ORGANIZAÇÃO: UMA ANÁLISE SOBRE A HIERARQUIA DO INSTITUTO MILLENIUM (2005-2013) (PDF), Wikidata Q109166067