Intarabo
Intarabo[1] (em latim: Intarabus) foi um deus gaulês no panteão dos tréveros e de alguns povos vizinhos. Seu nome é conhecido de nove inscrições de uma área relativamente compacta no que agora são Bélgica, Luxemburgo, Alemanha ocidental e França oriental.[2] Pode ter sido a deidade guardiã de um dos três pagi (subdivisões) dos tréveros.[3] Na maioria dos casos, Intarabo é invocado sozinho – sem qualquer síntese para uma deidade romana, e sem acompanhar deidades femininas. Entretanto, uma inscrição o invoca como Marte Intarabo, que nota que um fano e um ícone deste deus tinham sido recuperados em Tréveris.[4][5] Ao mesmo tempo, outra inscrição de Mackwiller, na Alsácia, dá a Intarabo o epíteto Nário.[6] Uma inscrição em Ernzen na Alemanha tem seu nome como [In]tarabus.[7] enquanto uma outra de Foy-Noville (agora dentro do povoado de Bastogne na Bélgica), invoca Intarabo em conjunção ao Gênio Olódago.[8]
Uma estatueta de bronze do terreno Foy-Noville continha em sua base a inscrição Deo Intarabo (no caso dativo), representando-o como um homem imberbe e de cabelos longos, trajando uma túnica e envolto em uma pele de lobo. Sua mão direita erguia presumivelmente uma lança ou algum outro implemento, enquanto sua mão esquerda, situada na altura de sua cintura, está desaparecida.[9]
O teatro em Echternach parece ter sido dedicado a Intarabo,[10] como era um edícula em Ernzen.[11][12] Um anel de prata gravado simplesmente com o nome Intarabo (outra vez, no caso dativo) foi encontrado em Dalheim.[nt 1]
O nome Intarabo tem sido caracterizado como “etimologicamente obscuro”;[13] Xavier Delamarre, entretanto, toma o nome para significar entar-abus "Entre-Rivières" (entre rios).[14]
Notas
- ↑ Desenho do anel e descrições como dadas em uma placa de muro no Museu Nacional de História e Arte, em Luxemburgo.
Referências
- ↑ Cruz 1952, p. 38.
- ↑ Jufer 2001.
- ↑ Derks 1998, p. 199.
- ↑ CIL 13, 03653
- ↑ Manils 2005, p. 15.
- ↑ AE 1957, 0155b
- ↑ AE 1978, 0513
- ↑ CIL 13, 03632
- ↑ Bodeux 2006.
- ↑ Sear 2006, p. 210.
- ↑ «Weihedenkmal des Gottes Intarabus in Ernzen». Consultado em 18 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 30 de agosto de 2007
- ↑ «Kulturgüter in der Region Trier». Consultado em 18 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 26 de setembro de 2007
- ↑ Maier 1997, p. 158.
- ↑ Delamarre 2003, p. 29, 162.
Bibliografia
editar- Bodeux, Jean-Luc (2006). «Fabuleux bestiaire d'Ardenne». Le Soir
- Cruz, Antônio da (1952). Prosódia de nomes próprios pessoais e geográficos. Petrópolis: Editora Vozes
- Delamarre, Xavier (2003). Dictionnaire de la langue gauloise : Une approche linguistique du vieux-celtique continental. [S.l.]: Éditions Errance. ISBN 2-87772-237-6
- Derks, Ton (1998). Gods, Temples and Ritual Practices: The Transformation of Religious Ideas and Values in Roman Gaul. [S.l.]: Amsterdam University Press. ISBN 978-90-5356-254-3
- Jufer, Nicole; Luginbühl, Thierry (2001). Les dieux gaulois : répertoire des noms de divinités celtiques connus par l'épigraphie, les textes antiques et la toponymie. Paris: Editions Errance. ISBN 2-87772-200-7
- Maier, Bernhard (1997). Dictionary of Celtic Religion and Culture. [S.l.]: Boydell & Brewer. ISBN 0851156606
- Manils, Joan Carbonell; Pascual, H. Gimeno (2005). «Un fanum in Turgalium» (PDF). Faventia. 27 (2). Consultado em 9 de fevereiro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 24 de maio de 2011
- Sear, Frank (2006). Roman Theatres: An Architectural Survey. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-198-14469-4