Intervenção militar na Gâmbia em 2017
A intervenção militar na Gâmbia, denominada Operação Restaurar a Democracia (em inglês: Operation Restore Democracy),[17] foi um conflito militar entre vários países da África Ocidental e o governo da Gâmbia precipitado pela crise politica que ocorre no país.
Intervenção militar na Gâmbia | |||
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Crise constitucional na Gâmbia em 2016–2017 e do Conflito de Casamança | |||
Data | 19 de janeiro de 2017 – 20 de janeiro de 2017 | ||
Local | Gâmbia | ||
Desfecho | Jammeh concordou em renunciar e as forças senegalesas, nigerianas e ganenses se retiraram. Barrow se torna presidente. | ||
Situação | encerrado
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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26.000-45.000 pessoas deslocadas[15][16] |
Invasão
editarA Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu intervir militarmente na crise constitucional da Gâmbia, em 19 de janeiro de 2017, em consequência da recusa do presidente Yahya Jammeh em renunciar depois de perder as eleições presidenciais de dezembro de 2016.[18] A invasão recebeu o codinome 'Operação Restaurar a Democracia'.[17]
Em 19 de janeiro de 2017, as forças senegalesas entraram na Gâmbia para garantir que Adama Barrow assumisse o poder como novo presidente do país.[19][20] O Conselho de Segurança das Nações Unidas expressou unanimidade no apoio aos esforços da CEDEAO para garantir que Jammeh entregue o poder a Adama Barrow, mas pediu o uso de "meios políticos em primeiro lugar" sem endossar as ações militares.[21] A Gâmbia foi colocada sob um bloqueio naval.[8]
Nas primeiras horas da ofensiva, confrontos ocorreram perto da aldeia fronteiriça de Kanilai - a cidade natal de Yahya Jammeh - entre as forças do exército senegalês contra as forças pró-Jammeh e do Movimento das Forças Democráticas de Casamança, com o Senegal tomando o controle da aldeia.[22][23] Após os confrontos, o Senegal suspendeu sua ofensiva a fim de mediar a crise pela última vez, com a intenção de prosseguir a invasão ao meio-dia de 20 de janeiro caso Jammeh ainda se recusasse a abandonar o poder.[24]
Segundo as Nações Unidas, cerca de 45.000 pessoas foram deslocadas e fugiram para o Senegal. Outras 800 pessoas fugiram para a Guiné-Bissau[16]
Jammeh, no entanto, se recusou a renunciar mesmo após o prazo final. O prazo foi estendido para 16:00 GMT, que também expirou.[25] O presidente da Mauritânia, Mohamed Abdel Aziz, o presidente da Guiné Alpha Condé e o chefe regional das Nações Unidas, Mohammed Ibn Chambas, tentaram persuadi-lo a renunciar.[26] O chefe do Exército da Gâmbia, General Ousman Badjie, no entanto, prometeu fidelidade a Barrow e declarou que o exército gambiano não combateria a CEDEAO.[27] Barrow e um oficial senegalês afirmaram mais tarde que Jammeh concordou em deixar o cargo.[28][29][30] Diplomatas entretanto, afirmaram que as tropas senegalesas permanecerão implantadas na fronteira no caso ele renegue o acordo.[31] Um acordo foi anunciado no qual Jammeh deixaria o país[32] e pouco tempo depois ele anunciou na televisão estatal que ele estava deixando o cargo.[33] Depois que ele foi para o exílio, a CEDEAO anunciou que suas tropas permanecerão estacionadas no país para garantir a segurança.[34]
Forças participantes
editarA força de intervenção foi composta por tropas senegalesas, ganesas e nigerianas. A Nigéria forneceu aeronaves e recursos navais.[35]
O chefe do exército gambiano declarou que o exército não se envolveria em uma disputa política, enquanto que a marinha preferiu declarar seu apoio a Barrow.[36][8] No entanto, alguns paramilitares e mercenários permaneceram leais a Jammeh.[37][8][38] O grupo rebelde senegalês Movimento das Forças Democráticas de Casamança juntou-se às forças pró-Jammeh e houve confrontos na fronteira com o Senegal.[4]
Resposta internacional
editar- Estados Unidos: O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos para os Assuntos Públicos, John Kirby, anunciou que os Estados Unidos apoiavam a intervenção.[39]
- Nações Unidas: O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou unanimemente em 19 de janeiro a aprovação da Resolução 2337 que apoia a transição pacífica do poder.[40]
Referências
- ↑ «Gambia's new president has been sworn in at an embassy in Senegal because the old one won't leave». Quartz. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia crisis: Senegal troops 'enter' to back new president». BBC. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «Jammeh's party petitions Supreme Court to halt Barrow's investiture». AfricaNews. 20 de janeiro de 2017
- ↑ a b Kwanue, C. Y. (18 de janeiro de 2017). «Gambia: Jammeh 'Imports Rebels'» – via AllAfrica
- ↑ Ewubare, Kess. «BREAKING: Gambian Navy desert Jammeh, declare allegiance to Barrow»
- ↑ Kwanue, C. Y. (18 de janeiro de 2017). «Gambia: Jammeh 'Imports Rebels'» – via AllAfrica
- ↑ Jones, Bryony; Westcott, Ben; Masters, James (20 de janeiro de 2017). «Gambia: Defeated leader Yahya Jammeh faces military showdown». CNN
- ↑ a b c d Ewubare, Kess (19 de janeiro de 2017). «Breaking: Gambian Navy desert Jammeh, declare allegiance to Barrow». Naij
- ↑ Haddad, Tareq (20 de janeiro de 2017). «Army operation to enter The Gambia suspended for last-ditch talks». International Business Times
- ↑ Alike, Ejiofor (15 de janeiro de 2017). «Gambia: Use of Force Imminent As Ecowas Plans to Oust Jammeh». allAfrica
- ↑ «Senegal troops move to Gambia border as Jammeh faces ultimatum». 18 de janeiro de 2017 – via www.bbc.com
- ↑ «Nigeria sends troops, jets to Senegal for Gambia force»
- ↑ «Nigerian troops, warship head for Gambia: Punch – News Agency of Nigeria (NAN)». 18 de janeiro de 2017. Consultado em 20 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Ghana to deploy troops to Gambia border»
- ↑ «At least 26,000 people flee Gambia to Senegal as refugees -UN». Thomson Reuters Foundation
- ↑ a b Baloch, Babar (20 de janeiro de 2017). «Senegal: Around 45,000 have fled political uncertainty in The Gambia»
- ↑ a b «Senegal army says regional force has launched strikes in Gambia». The Jerusalem Post. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «ECOWAS okays military intervention in Gambia, joint troops stationed at border». AfricaNews. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia crisis: Senegal troops 'enter' to back new president». BBC. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «New Gambia President Adama Barrow takes oath in Senegal». Al Jazeera. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «UN Security Council unanimously backs ECOWAS action in The Gambia». Daily Mail. 19 de janeiro de 2017
- ↑ okdakar2. «Video: Vidéo: Kanilai est tombé avec la base arrière de Yahya Jammeh. Les troupes sont en route pour Banjul.». OKDAKAR (em francês)[ligação inativa]
- ↑ http://www.20minutes.fr/monde/1999127-20170119-troupes-senegalaises-entrees-gambie (em francês)
- ↑ «West African nations halt Gambia operation to allow mediation». Mail Online. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia crisis: Jammeh misses second deadline to step down». BBC. 20 de janeiro de 2017
- ↑ «The Gambia: Jammeh ignores two more deadlines to quit». The Guardian. 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia army chief recognizes President Barrow as commander-in-chief». Reuters. 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia's Yahya Jammeh 'agrees to step down'». Al Jazeera. 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia's Jammeh 'to quit and leave', says Adama Barrow». BBC. 20 de janeiro de 2017. Consultado em 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia's defeated leader agrees to cede power: Official». The Associated Press. New York Times
- ↑ Colin Freeman. «Gambia's Yahya Jammeh 'agrees to step down' peacefully and red carpet is rolled out at the airport, amid last-ditch negotiations». The Telegraph
- ↑ Ruth Maclean. «The Gambia: deal announced for defeated president to leave country». The Guardian. Consultado em 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia's Yahya Jammeh confirms he will step down». Al Jazeera. Consultado em 20 de janeiro de 2017
- ↑ «Gambia's former leader Jammeh flies into exile in Equatorial Guinea». Reuters. Consultado em 22 de janeiro de 2017
- ↑ «Senegal troops move to Gambia border as Jammeh faces ultimatum». BBC. 18 de janeiro de 2017
- ↑ «We are not going to involve ourselves in any fight - Gambian army chief». AfricaNews. 19 de janeiro de 2017
- ↑ «Military intervention looms as Jammeh clings to power». Al Jazeera. 19 de janeiro de 2017
- ↑ Kwanue, C. Y. (18 de janeiro de 2017). «Gambia: Jammeh 'Imports Rebels'». AllAfrica
- ↑ Holding, APA Information Agency, APA. «US supports Senegal military intervention in Gambia» (em inglês). Consultado em 20 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2017
- ↑ «ONU reconhece Adama Barrow como presidente-eleito da Gâmbia». Rádio das Nações Unidas. 19 de janeiro de 2017