Invasão cubana do Panamá
A invasão cubana do Panamá foi uma operação militar na qual tropas guerrilheiras cubanas e panamenhas invadiram o Panamá em 19 de abril de 1959 com o objetivo de impulsionar uma revolução.[1][2] A invasão foi liderada pelo panamenho Enrique Morales e promovida por Roberto Arias, sobrinho de Arnulfo Arias, ex-presidente do Panamá. A invasão foi a primeira tentativa de exportar a Revolução Cubana para outros países através do uso da guerra de guerrilha[3] e marcou um ponto de virada para vários meios de comunicação e setores políticos dos Estados Unidos e da América Latina em relação às intenções de Fidel Castro e à Revolução Cubana.[4][5] A invasão cubana do Panamá marcou a subsequente ascensão de grupos guerrilheiros e terroristas na América Latina no contexto da Guerra Fria.
Invasão cubana do Panamá | |||
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la Guerra Fria e Intervenções militares de Cuba | |||
Data | 19 de abril - 1 de maio de 1959 | ||
Local | Costa do Panamá | ||
Casus belli | Tentativa de emular a Revolução Cubana | ||
Desfecho | Vitória panamenha Fracasso da invasão | ||
Beligerantes | |||
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Antecedentes
editarEm 3 de abril de 1959, um grupo de jovens do Movimiento de Acción Revolucionaria (MAR) tomou à força as armas da loja do senhor Saturnino Arrocha e se adentraram nas montanhas lançando vivas à revolução. No dia seguinte, a Guarda Nacional lançou uma operação para rastrear os atacantes da loja. Em 6 de abril, a Guarda Nacional teve um confronto com o MAR, matando dois insurgentes e deixando dois guardas feridos, sendo um dos feridos Omar Torrijos.[6] Em 9 de abril, ocorreu outro confronto que terminou com a fuga dos membros do MAR. Dias depois, alguns deles seriam capturados pela Guarda Nacional. Em 15 de abril, o governo panamenho denunciou à comunidade internacional os planos de Cuba para uma invasão do Panamá.[2] Em Pinar del Río, Cuba, uma força de 200 homens foi treinada sob as ordens de Dermidio Escalona.[7]
Desenvolvimento
editarEm 19 de abril de 1959, a embarcação Mayaré partiu de Batabanó, Cuba, com 82 cubanos, dois panamenhos (incluindo Floyd Britton do MAR) e um estadunidense liderados pelo cubano César Vega;[7] 37 metralhadoras; 32 carabinas e rifles; 10 granadas; 17 pistolas e revólveres e 6 equipamentos portáteis de radiocomunicação. Um médico, quatro enfermeiros e quatro peritos em bombas também estavam na embarcação.[8] A Guarda Nacional, notificada da ação, tentou impedir o desembarque. Em 25 de abril, os expedicionários cubanos desembarcaram no Panamá. Durante o desembarque, Enrique Morales se afogou, carregando uma identificação do Movimiento Revolucionario Juvenil 22 de Mayo,[8] deixando os insurgentes sem um líder. Ao desembarcar no Panamá, os insurgentes se dividiram em vários grupos para tentar estabelecer as bases de um levante seguindo o exemplo de Fidel Castro e da Revolução Cubana.[2] Um desses grupos chegou a Nombre de Dios.[8]
Em 27 de abril de 1959, o Coronel Bolívar Vallarino deu uma entrevista coletiva denunciando a invasão e apresentando três prisioneiros capturados (dois cubanos e um panamenho). Em 28 de abril, uma comissão da OEA chegou ao Panamá. Os invasores em Nombre de Dios, cercados pela Guarda Nacional, exigiram ser levados a Cuba, ao que o governo panamenho respondeu negativamente aceitando apenas "a rendição incondicional dos invasores". No dia 1 de maio, quando se preparavam para atacar Nombre de Dios, chegou uma mensagem dos invasores dizendo que estavam se rendendo.[8] O motivo da rendição foi que Fidel Castro lhes pediu para fazê-lo.[9]
Consequências
editarQuando a invasão fracassou, Che Guevara declarou que Cuba exportava ideias revolucionárias, mas não a revolução em si.[1] Raúl Castro reuniu-se com Fidel Castro para notificá-lo dos resultados da operação.[10] Fidel Castro, que havia viajado para os Estados Unidos, descreveu a invasão como "vergonhosa, inoportuna e injustificada". O governo cubano ofereceu garantias ao Panamá de que situação similar não se repetiria.[1] A invasão foi o primeiro passo que levou ao esfriamento das relações entre Cuba e os Estados Unidos e a consequente ascensão de grupos guerrilheiros na América Latina.[5]
Notas
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Invasión cubana a Panamá».
Referências
- ↑ a b c «Cómo fueron las intervenciones armadas impulsadas por Cuba en América Latina». BBC News Mundo (em espanhol). Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ a b c «Los rebeldes de Tute». cedema.org. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ Geyer, Georgie Anne (7 de fevereiro de 2002). Guerrilla Prince: The Untold Story of Fidel Castro (em inglês). [S.l.]: Andrews McMeel Publishing. ISBN 978-0-7407-2064-2. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ Whiteman, Marjorie Millace (1963). Digest of International Law (em inglês). [S.l.]: U.S. Department of State. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ a b Doma-Nguez, Professor Jorge I.; Dominguez, Jorge I. (1 de junho de 2009). To Make a World Safe for Revolution: Cuba's Foreign Policy (em inglês). [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-03427-3. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ «El levantamiento del Cerro Tute» (em espanhol). 15 de abril de 2015. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ a b Blanco, Alejandro Prieto (2 de dezembro de 2014). Fidel Castro Escupiré sobre su tumba (em espanhol). [S.l.]: Punto Rojo Libros. ISBN 978-1-62934-894-0. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ a b c d Panamá, GESE-La Estrella de. «Panamá, la invasión de 1959». La Estrella de Panamá (em espanhol). Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ «Foreign Relations of the United States, 1958–1960, Cuba, Volume VI - Office of the Historian». history.state.gov. Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ admin. «PANAMA: Castro's Intervention. (1959). ** PANAMA: Intervención de Castro. | The History, Culture and Legacy of the People of Cuba» (em inglês). Consultado em 19 de outubro de 2022