Iris boissieri
Iris boissieri, comummente conhecido como lírio-do-gerês,[4] é um lírio (género da família Iridaceae ) raro e endémico das montanhas da Galiza e do Norte de Portugal.[5] Encontra-se classificado como uma espécie «Quase Ameaçada» na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal continental.[6][7]
Iris boissieri | |
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Classificação científica | |
Reino: | Plantae |
Clado: | Tracheophyta |
Clado: | Angiospermae |
Clado: | Monocotiledónea |
Ordem: | Asparagales |
Família: | Iridaceae |
Gênero: | Iris |
Subgénero: | Iris subg. Xiphium |
Seção: | Iris sect. Xiphium |
Espécies: | I. boissieri
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Nome binomial | |
Iris boissieri | |
Sinónimos | |
Nomes comuns
editarDá ainda pelos seguintes nomes: lírio-cardano, lírio-cárdeno e lírio-roxo.[8]
Descrição
editarPertence ao tipo fisionómico dos geófitos, tratando-se, por isso, de uma planta dotada de bolbo de túnica membranosa.[9]
No que toca às folhas são dimorfas, de modo que as inferiores se afiguram mais longas, ao passo que as distais já são mais curtas, de limbo mais comprido, transformando-se gradualmente em espatas.[10]
Por seu turno, o talo remata numa só flor, em casos excepcionais duas. Relativamente à flor, que é de cor violácea, esta apresenta divisões externas com uma franja central amarela e pêlos da mesma cor.[10] Floresce entre Maio e Junho.[8]
A polinização é entomófila, a dispersão dá-se por barocoria, isto é, por efeito da força da gravidade.[9] Pode reproduzir-se assexualmente mediante divisão do bolbo.[10]
Biologia reprodutiva
editarA taxa de formação de sementes oscila entre anos consecutivos.[9] Têm-se encontrado lírios-do-gerês com mais de 40 sementes, o que deve pressupor um dispêndio muito significativo de recursos importante para o bolbo, já que na época de maturação das sementes, a parte aérea da planta perdeu a sua capacidade fotossintética.[10] Existe variação interanual na formação de rebentos e floração desta espécie.[5] Esta alternância parece estar relacionada com o êxito e consumo de recursos na produção de sementes do ano precedente.[10]
Habitat
editarMedra em altitudes entre os 500 e 1.450m, em solos pouco fundos, de substracto rochoso granodiorito e ácido, brotando por entre as brechas de fragas e sáfaros de montanha.[9]
Distribuição
editarÉ próprio da Galiza e do Norte de Portugal Continental. No Norte de Portugal, esparge-se ao longo da fronteira galega com o Sudoeste da província de Ourense, bem como em vários pontos da zona do Noroeste,[8] com especial destaque para a epónima Serra do Gerês, que dá nome a esta espécie, para a Serra Amarela e para a Serra da Peneda.[6]
Na Galiza está presente na Serra do Gerês, em Santa Eufémia, em Baltar (Ourense), na Serra do Courel (Lugo) e no Monte Pindo (A Coruña).[10]
Taxonomia
editarCrismada em honra de Edmond Boissier (botânico suíço 1810-1885).[11]
Em 1877, A.W. Tait, enviou bolbos desta espécie, a partir do Porto, para Sir Michael Foster,[12] que os cultivou no Reino Unido. A espécie foi descrita oficialmente, pela primeira vez em 1885, pelo botânico português Júlio Augusto Henriques no Boletim da Sociedade Broteriana Vols. 1-28.[13]
Foi ainda descrito, ulteriormente, por Foster no segundo volume das «The Gardeners' Chronicles» de 1887.[2] Foster tornou ainda a mencionar a espécie, em 1890, na «Curtis's Botanical Magazine».[14]
Esta espécie foi homologada pelo Departamento da Agricultura Norte Americano e pelo Agricultural Research Service em 4 de Abril de 2003.[15]
Situação actual e ameaças
editarTendo em conta as características biológicas e ecológicas desta espécie, aliada à informação recolhida pelos mais recentes censos populacionais crê-se que existam pelos menos 2.500 espécimes maduros em Portugal.[6] Não se têm verificado sinais do declínio populacional desta espécie, nem do declínio do respectivo habitat.[6]
Ameaças
editarTêm-se identificado algumas ameaças que fazem perigar a sustentabilidade e manutenção desta espécie, como sendo os incêndios florestais, as alterações climáticas, bem como as mudanças sofridas pelo regime de pastorícia praticado na região, que começa a afastar-se dos moldes da pastorícia tradicional.[8]
No entanto, tendo em vista que estes vectores de perigo não têm demonstrado estar a afetar de forma expressiva as populações do lírio-do-gerês, optou-se por não classificar esta espécie dentro das categorias de perigo da Lista Vermelha Flora Vascular.[6]
Destarte, o lírio-do-gerês, presentemente, encontra-se inserido na categoria das espécies «Quase Ameaçadas», arroladas no anexo IV da directiva comunitária Diretiva 92/43/CEE.[9][16]
Referências
- ↑ a b Ortiz, S.; Pulgar Sañudo, I. (2011). «Iris boissieri». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2011: e.T162312A5572505. doi:10.2305/IUCN.UK.2011-2.RLTS.T162312A5572505.en . Consultado em 19 de novembro de 2021
- ↑ a b «(SPEC) Iris boissieri Henriques». wiki.irises.org (American Iris Society). Consultado em 29 de Julho de 2014
- ↑ «Iris boissieri Henriq. is an accepted name». theplantlist.org (The Plant List). 23 de março de 2012. Consultado em 6 de julho de 2015
- ↑ Infopédia. «lírio-do-gerês | Definição ou significado de lírio-do-gerês no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 2 de agosto de 2021
- ↑ a b «Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 2 de agosto de 2021
- ↑ a b c d e «Flora Single». Lista Vermelha da Flora (em inglês). 11 de julho de 2017. Consultado em 2 de agosto de 2021
- ↑ Carapeto, André (2020). Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental (PDF). Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. p. 353. 374 páginas. ISBN 978-972-27-2876-8
- ↑ a b c d «Iris boissieri». Jardim Botânico Utad. Consultado em 27 de junho de 2021
- ↑ a b c d e «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 2 de agosto de 2021
- ↑ a b c d e f Quintanar, A. (2014). Flora Iberica. Plantas vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares (PDF). Madrid: Real Jardín Botánico. p. 409
- ↑ Stearn, William (1972). A Gardenerer's Dictionary of Plant Names. London: Cassell. ISBN 0304937215
- ↑ «Foster, Sir Michael». Who's Who. 59. 1907. p. 626
- ↑ «Iris boissieri Henriq». apps.kew.org. Consultado em 29 de Julho de 2014
- ↑ Lynch, RichardThe Book of the Iris, p. 161, no Google Livros
- ↑ «Iris boissieri». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 6 de Julho de 2015
- ↑ «DIRECTIVA 92/43/CEE DO CONSELHO - de 21 de Maio de 1992 - relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens». https://eur-lex.europa.eu/. 21 de Maio de 1992. Consultado em 29 de agosto de 2022