Isabelle Bogelot
Isabelle Bogelot (11 de Maio de 1838, Paris - 14 de junho de 1923, Boulogne-Billancourt) foi uma filantropa e feminista francesa.[1][2]
Isabelle Bogelot | |
---|---|
Nascimento | Isabelle Amélie Cottiaux 11 de maio de 1838 former 2nd arrondissement of Paris |
Morte | 14 de junho de 1923 (85 anos) Boulogne-Billancourt |
Cidadania | França |
Ocupação | ativista pelos direitos das mulheres |
Distinções |
|
Assinatura | |
Biografia
editarNascida Isabelle Amélie Cottiaux, Isabelle Bogelot era filha de Antoine André Cottiaux, comerciante de algodão parisiense, e Marie Anne Thérèse Cottiaux, natural de Cambrai. Órfã em tenra idade (seu pai morreu quando ela tinha 2 anos de idade e a sua mãe dois anos depois), foi adotada pela família de Maria Deraismes e sua irmã Anna Féresse-Deraismes.[3]
A 7 de Maio de 1864, casou-se com Gustave Bogelot, advogado no Tribunal de Apelação de Paris, conhecido por ter publicado várias obras onde criticava o estado das prisões francesas e apelava por uma urgente reforma do sistema prisional.[4][5][6] O casal teve pelo menos dois filhos.[7] Inseparáveis, o casal colaborou profissionalmente e academicamente em vários projetos e atividades de filantropia, sendo o seu marido, anos mais tarde, nomeado secretário da Société Générale des Prisons (Sociedade Geral das Prisões), vice-presidente da Comissão do Hospício de Boulogne-sur-Seine, membro do conselho de diretores do Oeuvre des Libérées de Saint-Lazare (Obra dos Libertos de Saint-Lazare) e o principal orador desse mesma organização em diversos congressos.[8] Segundo Isabelle Bogelot, o casal tomava todas as decisões em conjunto.
Apesar de ter tido contato com a causa feminista e a luta pelas reformas sociais ainda na residência das irmãs Deraismes, Isabelle Bogelot considerava que a sua "revelação filantropa" apenas ocorrera em 1876, quando o seu marido lhe apresentou um boletim sobre a Oeuvre des Libérées de Saint-Lazare, uma sociedade que apoiava mulheres e crianças libertas após cumprirem penas na prisão de Saint-Lazare. Sentindo que aquela era também a sua missão, entregou-se à causa, procurando apoiar as mulheres libertas, sobretudo as acusadas de prostituição, na busca e obtenção de uma formação ou educação, assim assegurando a sua reabilitação e independência financeira.[9]
Aderiu ainda a várias obras de caridade, onde conheceu e colaborou com Émilie de Morsier, Sarah Monod, Caroline de Barrau, Josephine Butler e Avril de Sainte-Croix em várias ações, como nas campanhas contra a prostituição regulada pelo estado, e participou na Exposição Universal de Chicago (1893), onde contribuiu na Exposição Feminina, no Congresso da Federação Abolicionista Internacional na Basileia (1884), no Congresso Internacional Penitenciário em Roma (1885) e no Congresso de Washington (1888), também referido como Congresso das Sufragistas Americanas,[10] tornando-se membro fundador da International Council of Women (Conselho Internacional de Mulheres).[11] Fruto desse último evento, em 1889, Isabelle Bogelot criou o Congrès de Oeuvres et Instituitions Féminines (Congresso de Obras e Instituições Femininas) em Paris, tendo ainda sido uma das principais impulsionadoras do Conseil National des Femmes Françaises (Conselho Nacional das Mulheres Francesas).[12] Devido ao seu trabalho, foi nomeada presidente honorária da organização feminista em 1901 a 1906.[13][14]
Durante a Guerra Franco-Prussiana, focando-se no auxílio dos militares feridos e mutilados, dedicou-se à criação de hospitais de campanha e, em 1886, obteve um segundo prémio pela obtenção de um diploma de enfermagem, seguindo-se, em 1887, outro de acção paramédica, sendo ambos os programas desenvolvidos pela Union des Femmes de France. Durante o mesmo período, fundou, juntamente com Maria Martin e Émilie de Morsier, a Ligue Féminine pour la Paix et l'Union des Peuples (Liga Feminina pela Paz e a União dos Povos).[15]
Em 1887, foi nomeada diretora geral do Oeuvre des Libérées de Saint-Lazare, tendo a obra de caridade obtido o grau de organização de interesse público em 1885. Devido à sua ação filantropa e benemérita, conseguiu recolher donativos e financiamento para construir vários abrigos temporários para as mulheres e crianças que saiam das prisões e não tinham residência fixa, tendo sido condecorada pelos seus feitos pela Ordem Nacional da Legião de Honra.[16]
Em 1907 foi convidada a integrar como membro o Conseil Supérieur d'Assistance et d'Hygiène Publique (Conselho Superior de Assistência e de Higiene Pública), tornando-se na primeira mulher a aderir ao conselho.[17][18]
Faleceu a 14 de junho de 1923, em Boulogne-Billancourt.
Distinções
editarA 1 de janeiro de 1889, recebeu a Ordre des Palmes académiques (Ordem das Palmas Académicas) pela criação de abrigos temporários.
Anos mais tarde, a 2 de Maio de 1894, foi condecorada com o título de Chevalier da Legião de Honra.
Bibliografia
editar- Laurence Klejman, Florença Rochefort, L'égalité en marche. Le féminisme sous la IIIe République, em Paris, Des femmes, de 1989, ISBN 2-7210-0382-8
- Geneviève Poujol, Onu féminisme sous tutela: les protestantes françaises, 1810-1960, Paris, les Éditions de Paris, 2003 (ISBN 978-2846210317)
- Christine Bard, Les femmes dans la société française, Paris, Armand Colin, 2001
Referências
editar- ↑ Chaperon, Sylvie; Bard, Christine (15 de fevereiro de 2017). Dictionnaire des féministes. France - XVIIIe-XXIe siècle (em francês). [S.l.]: Presses Universitaires de France
- ↑ Rogers, Rebecca; Boussahba-Bravard, Myriam (14 de agosto de 2017). Women in International and Universal Exhibitions, 1876–1937 (em inglês). [S.l.]: Routledge
- ↑ Journal La Française, 3 octobre 1936.
- ↑ Marriage certificate, Paris, 18th arrondissement.
- ↑ O'Brien, Patricia (14 de julho de 2014). The Promise of Punishment: Prisons in Nineteenth-Century France (em inglês). [S.l.]: Princeton University Press
- ↑ prisons (France), Société générale des (1893). Revue pénitentiaire et de droit pénal: bulletin de la Société générale des prisons (em francês). [S.l.]: Librairie Marchal et Billard
- ↑ Isabelle Bogelot dedicated her work, Trente ans de solidarité to her children. Her death in 1923 was declared by her son Paul Bogelot, born 1866.
- ↑ Bogelot, Gustave (1887). Du patronage des libérés (em francês). [S.l.]: Georges Carré
- ↑ Valette, Mme A. (1889). Oeuvre des libérées de Saint-Lazare, fondée en 1870, reconnue d'utilité publique par décret du 26 janvier 1885 (em francês). [S.l.]: Impr. typogr. F. Guy
- ↑ Offen, Karen (11 de janeiro de 2018). Debating the Woman Question in the French Third Republic, 1870-1920 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press
- ↑ Women, International Council of; Association (U.S.), National Woman Suffrage (1888). Report of the International Council of Women (em inglês). [S.l.]: D. C., R. H. Darby, printer
- ↑ Clubs, General Federation of Women's (1889). Biennial of the General Federation of Women's Clubs: Official Proceedings (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ Callahan, Kevin J.; Curtis, Sarah Ann (1 de janeiro de 2008). Views from the Margins: Creating Identities in Modern France (em inglês). [S.l.]: U of Nebraska Press
- ↑ McMillan, James; Mcmillan, Professor James F. (8 de janeiro de 2002). France and Women, 1789-1914: Gender, Society and Politics (em inglês). [S.l.]: Routledge
- ↑ Chaperon, Sylvie; Bard, Christine (15 de fevereiro de 2017). Dictionnaire des féministes. France - XVIIIe-XXIe siècle (em francês). [S.l.]: Presses Universitaires de France
- ↑ Offen, Karen (11 de janeiro de 2018). Debating the Woman Question in the French Third Republic, 1870-1920 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press
- ↑ Hanotaux, Gabriel (19 de maio de 2021). Champlain (em francês). [S.l.]: Good Press
- ↑ Champlain, 1912, Comité France-Amérique Mission; Hanotaux, Gabriel (1913). La Mission Champlain aux États-Unis et au Canada, avril-mai 1912 (em francês). [S.l.]: Éditions France-Amérique