Isaque de Nínive ou Isaac de Nínive, também conhecido como Isaque, o Sírio, foi um bispo e teólogo do século VI d.C. Ele é considerado santo pela Igreja Ortodoxa e comemorado em 28 de janeiro. Em 9 de novembro de 2024, o Papa Francisco incluiu sua memória na Igreja Católica em sinal ecumênico com a Igreja Assíria do Oriente.[2][3] Este gesto foi um acontecimento sem precedentes na história católica, onde um cristão nestoriano passou a ser considerado santo.

Isaque de Nínive
Isaque de Nínive
Bispo de Nínive
Nascimento c. 613
Beth Qatraye
Morte c. 700 (87 anos)
Nínive, Califado Omíada
Veneração por Igreja Ortodoxa
Igreja Católica[1]
Principal templo Mosteiro Rabban Hormizd
Festa litúrgica 28 de janeiro
Atribuições turbante, pergaminhos de escrita
Portal dos Santos
 
Ícone bizantino de santo Isaque de Nínive

Ele nasceu na região onde hoje é o Qatar ou Bahrein, na costa ocidental do Golfo Pérsico. Ainda muito jovem, ele e seu irmão entraram para um mosteiro, onde ele ganhou considerável renome como professor e chamou a atenção do católico-patriarca, chamado Jorge, que o ordenou bispo de Nínive, ao norte. Contudo, as tarefas administrativas não se mostraram adequadas para a sua disposição solitária e asceta: depois de apenas cinco meses, ele abdicou e foi para o sul, para a região selvagem do monte Matout, um refúgio de anacoretas. Lá ele viveu solitário por muitos anos, comendo apenas três pães e alguns vegetais crus por semana, um tema que impressionou seus hagiógrafos. Eventualmente, a cegueira e a idade obrigaram-no a se retirar para o mosteiro de Shabar, onde ele morreu e foi enterrado.

Legado

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Isaque é lembrado principalmente por suas homilias sobre a vida interior, que são frequentemente citadas e têm uma amplitude que transcende sua alegada fé nestoriana. Elas sobreviveram em manuscritos siríacos, assim como traduções para o grego e o árabe.

Isaque conscientemente evitou escrever sobre tópicos que estavam sob disputa ou sendo discutidos nos debates teológicos de seu tempo. Isto deu a ele um certo potencial ecumênico e é a provável razão de que, apesar de ele ser fiel às suas próprias tradições, ele acabou venerado e apreciado para além da Igreja Assíria. Ele é parte da tradição dos santos místicos orientais e suas obras dão considerável ênfase ao Espírito Santo e a temática do amor divino.

As obras de Isaque oferecem um raro exemplo de um grande grupo de textos sobre o ascetismo escrito por um eremita experiente e são, por isso, muito importantes para a compreensão do ascetismo cristão primitivo.[4]

 
De perfectione vitae theoreticae, 1500

As instruções de Isaque chegaram até nós na forma de noventa e uma homilias.[5]

Alguns temas que ele abordou:

  • Fé, Providência Divina e Oração
  • Obedecendo a Deus
  • Esperança, Busca da Verdade e Paciência
  • Paciência e Fortitude
  • Hábitos e Moderação
  • Arrependimentos
  • Humildade
  • Amor ao próximo, Perdão e o não-julgamento
  • Ensinamento

Ver também

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Referências

  1. «ADDRESS OF THE HOLY FATHER FRANCIS TO HIS HOLINESS MAR AWA III, CATHOLICOS PATRIARCH OF THE ASSYRIAN CHURCH OF THE EAST, AND TO THE JOINT COMMISSION FOR THEOLOGICAL DIALOGUE BETWEEN THE CATHOLIC CHURCH AND THE ASSYRIAN CHURCH OF THE EAST» (em inglês). Santa Sé. 9 de novembro de 2024. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  2. «Isaque de Nínive inserido no Martirológio Romano». Vaticano News. 9 de novembro de 2024. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  3. «Papa acrescenta santo assírio ao martirológio em honra a cristãos perseguidos no Oriente Médio». ACI Digital. 11 de novembro de 2024. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  4. Hagman, Patrik (2010). The Asceticism of Isaac of Nineveh (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  5. «Isaac the Syrian» (em inglês). Orthodox Photos. Consultado em 9 de abril de 2011 

Ligações externas

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