Jair Rosa Pinto
Jair Rosa Pinto (Quatis[nota 1], 21 de março de 1921 – Rio de Janeiro, 28 de julho de 2005), foi um dos principais futebolistas brasileiros das décadas de 1940 e 1950 e ídolo histórico de Flamengo, Palmeiras, Santos e Vasco.
Jair na camisa de Vasco 1945 | ||
Informações pessoais | ||
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Nome completo | Jair Rosa Pinto | |
Data de nasc. | 21 de março de 1921 | |
Local de nasc. | Quatis, Rio de Janeiro, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Morto em | 28 de julho de 2005 (84 anos) | |
Local da morte | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil | |
Altura | 1,68 m | |
Pé | canhoto | |
Apelido | Jajá Jajá da Barra Mansa | |
Informações profissionais | ||
Posição | meia | |
Clubes de juventude | ||
Barra Mansa Vasco da Gama | ||
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1938 1938–1943 1943–1946 1947–1949 1949–1955 1956–1960 1961 1962–1963 |
Barra Mansa Madureira Vasco da Gama Flamengo Palmeiras Santos São Paulo Ponte Preta |
32 (20) 58 (43) 91 (28) 88 (60) 248 (71) 195 (34) 31 (02) 20 (02) |
Seleção nacional | ||
1940–1956 | Brasil | 39 (22)[1][2] |
Times/clubes que treinou | ||
1963 1971–1972 1975 |
São Paulo Juventus Ponte Preta Vitória Fluminense Olaria Santos Madureira Palmeiras Guarani |
7 |
Estilo de Jogo
editarJair era um meia canhoto de lançamentos longos, precisos e chute forte. De acordo com Jim López: "Jair é um jogador cujas características são cem por cento de armador, jogando atrasado, lançando os companheiros."[4] Para Pelé: "O Jair era excelente lançador. Ele falava para gente certas coisas, ele já era experiente, várias vezes falava assim: "Você é burro, já falei, quando eu olhar para um lado, você corre para o outro que eu vou meter ali e nós engamos o adversário.".[5] Pepe: "Quem não viu o Jair jogar, viu o Gérson, o canhotinho tinha muito o Jair da Rosa Pinto."[6] A força no chute o fez ser apelidado de "Coice de Mula".[7]
Especialista em bola parada, era o cobrador de faltas nas equipes que atuou. Fez dois gols de falta direita no Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1949, competição em que de acordo com o Globo Sportivo, foi seu auge técnico.[8]. Marcou 5 gols em cobranças de falta em 3 edições da Copa América (16 jogos).
Pepe: "Ele me ensinou: "Pepe, você tem que bater com três dedos, tira o dedão e o outro que sai com efeito". E eu comecei a treinar com três dedos e daí pra frente comecei a marcar muito mais gols de falta, coisa que aprendi com o Jair da Rosa Pinto."[9]
Carreira
editarPrimeiros anos
editarEra conhecido como Jajá de Barra Mansa, em alusão a sua cidade natal. Hoje o distrito em que nasceu se emancipou com o nome de Quatis. Jogou nas categorias de base do Barra Mansa e do Vasco da Gama, como amador.[10] Saiu das categorias de base do Vasco, por haver atletas demais, segundo o próprio jogador.[10]
Vasco da Gama
editarComeçou a carreira profissional no Madureira, atuando como meia-esquerda, em 1938, quando formou um trio com os jogadores Lelé e Isaías, conhecido como Os Três Patetas. O trio fez tanto sucesso que acabou sendo contratado pelo Vasco da Gama em 1943, participando do Expresso da Vitória, considerado um dos maiores elencos da história do clube. Pelo Vasco fez 91 jogos, marcando 28 gols. É de uma família de campeões em São Januário, seu Irmão mais velho, o ponta-esquerda Orlando Rosa Pinto (ídolo do Vasco entre as décadas de 30/40 e campeão carioca de 1934 e 1936) e seu sobrinho, o atacante Roberto Pinto (Campeão Carioca 56/58 e Rio São Paulo 1958).
Flamengo
editarEm 1946, saiu do Vasco e foi para o Flamengo, segundo ele, por receber menos que outros jogadores no elenco.[10]
Palmeiras
editarDo Flamengo se transferiu para o Palmeiras em 1949, após a acusação de ter sido subornado no jogo em que o clube perdeu de 5x2 para o Vasco e ter tido sua camisa queimada pela torcida.[11] Segundo Jajá, tudo não passou de um mal entendido espalhado pelo rubro-negro Ary Barroso, devido a um almoço entre ele e Major Póvoas, dirigente vascaíno da época.[10]
No clube do Parque Antártica, Jair ganhou a Copa Rio de 1951, o Paulistão de 1950 e o Torneio Rio-São Paulo de 1951.
A passagem marcante no Palmeiras foi na final do Paulistão de 1950, quando o Alviverde enfrentou o São Paulo na final e precisava de um empate para ser campeão. No 1º tempo, o Tricolor abriu o placar. No intervalo, Jair gritou com o time pedindo raça e, incentivando os palestrinos, ocorreu o empate debaixo de uma chuva torrencial no Pacaembu e com muita lama. Ao fim do jogo, os palestrinos saíram campeões, impedindo o tricampeonato do São Paulo. E a torcida, às lágrimas, comemorou carregando Jair, num dia de festa na cidade de São Paulo. O fato ficou conhecido como o "Jogo da Lama" e está registrado como um dia em que o Palmeiras venceu o campeonato com muita garra.
Santos
editarEm 1956, foi para o Santos, onde venceu três Campeonatos Paulistas (1956, 1958 e 1960). Ainda em 1957, voltou a vestir a camisa do Vasco da Gama num combinado Vasco-Santos, numa série de três amistosos no Maracanã. Jair jogou no Santos já quando veterano (tinha quase 40 anos[12]), mas é lembrado até hoje como membro da melhor linha do Santos (que não tinha Mengálvio e Coutinho). O melhor ataque do Santos foi a que o Palmeiras enfrentou no famoso 7x6 do Torneio Rio-São Paulo de 1958, formada por Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe. Esse ataque bateu o recorde de gols do paulistão em 58, com 143 gols, e o aumentou em 59 para 151 gols.
Seleção Brasileira
editarJair atuou em 41 partidas pela Seleção Brasileira (39 oficiais), com 25 vitórias, cinco empates, onze derrotas, marcando 24 gols (22 oficiais).
No Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1945 liderou o Brasil em assistências, com 4 em 6 jogos, e marcou um gol cobrando falta. Marcou outros dois gols cobrando faltas no Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1946.
Foi o artilheiro da Copa América de 1949, com 9 gols (2 em cobranças diretas de falta), recorde até hoje não batido. Além de ter distribuído 5 assistências. Foi o jogador com mais participações para gol nesse torneio.
Jair fez 2 gols e 5 assistências na Copa do Mundo de 1950 e foi escolhido para o All-Star Team da competição em que o Brasil foi vice-campeão. Sobre a derrota para o time do Uruguai, na final travada no estádio do Maracanã, Jair declararia: "Isso eu vou levar para a cova, mas, lá em cima, perguntarei para Deus por que perdemos o título mais ganho de todas as copas, desde 1930". Apesar da seleção não usar numeração fixa naquela copa, Jair usava a camisa 10 sempre que jogava, portanto é tido como o primeiro jogador a usar a camisa 10 da seleção em copas do mundo. Ele é amplamente considerado como um dos maiores jogadores de futebol brasileiro de todos os tempos.
Últimos clubes e carreira de treinador
editarAinda jogou com brilho no São Paulo e depois na Ponte Preta, onde encerrou a carreira em 1963, aos 42 anos. Foi ainda técnico de oito clubes, mas sem conseguir alcançar o sucesso que teve como jogador.
Vida pós-futebol
editarDepois de aposentado, estabeleceu-se no bairro da Tijuca, onde era um popular frequentador dos cafés da Praça Sáenz Peña. Jair morreu aos 84 anos, de embolia pulmonar após uma cirurgia, e teve seu corpo cremado.
Seu nome inspirou o nome do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que também nasceu em 21 de março e cujo pai, Percy Geraldo Bolsonaro, era torcedor do Palmeiras.[13]
Títulos
editar- Barra Mansa
- Taça da Prefeitura Municipal: 1938
- Vasco da Gama
- Campeonato Carioca: 1945
- Torneio Início do Rio de Janeiro: 1944 e 1945
- Torneio Municipal de Futebol do Rio de Janeiro: 1944, 1945 e 1946
- Torneio Relâmpago: 1944 e 1946
- Palmeiras
- Copa Rio: 1951
- Torneio Rio-São Paulo: 1951
- Campeonato Paulista: 1950
- Taça Cidade de São Paulo: 1950, 1951
- Santos
- Torneio Rio-São Paulo: 1959
- Campeonato Paulista: 1956, 1958, 1960
- Taça dos Campeões Estaduais de São Paulo e do Rio de Janeiro: 1957
- Seleção Carioca
- Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais: 1944 e 1946
- Seleção Paulista
- Seleção Brasileira
- Copa América: 1949
- Copa Rio Branco: 1947 e 1950
- Copa Roca: 1945
Artilharias
editar- Copa América de 1949 (9 gols)
Notas
- ↑ Jajá de Barra Mansa nasceu em Quatis, então Distrito de Barra Mansa, que se emanciparia apenas em 1991.[3]
Referências
- ↑ «Todos os brasileiros 1950». Folha de S.Paulo. 9 de dezembro de 2015. Consultado em 4 de outubro de 2018
- ↑ «Os 22 jogadores da Seleção na Copa do Brasil». Governo do Brasil. 30 de junho de 2010. Consultado em 4 de outubro de 2018
- ↑ Imprensa Quatis (25 de novembro de 2022). «25 de novembro - Parabéns à nossa querida cidade de Quatis». Prefeitura de Quatis. Consultado em 9 de agosto de 2023
- ↑ «Filmando opiniões». Memória BN. Mundo Esportivo (SP) de 1 de Dezembro de 1950. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ PELÉ ENTREVISTADO EM SUA CASA EM SANTOS - 1993. Youtube. 1 de setembro 2023. Em cena em dur: 1.52. Consultado em 1 de setembro 2023
- ↑ JAIR ROSA PINTO ME ENSINOU A BATER COM EFEITO. Youtube. 1 de setembro 2023. Em cena em dur: 2.41. Consultado em 1 de setembro 2023
- ↑ «Nascido há 100 anos, Jair Rosa Pinto foi craque, líder e inspirou nome de Bolsonaro». Memória BN. Folha de S.Paulo (SP) de 20.mar.2021. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ «O padrão técnico e disciplinar». Memória BN. O Globo Sportivo (RJ) de 20 de maio de 1949. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ JAIR ROSA PINTO ME ENSINOU A BATER COM EFEITO. Youtube. 1 de setembro 2023. Em cena em dur: 2.41. Consultado em 1 de setembro 2023
- ↑ a b c d «Netvasco: Jair Rosa Pinto, uma lenda viva no Casaca no Rádio»
- ↑ «Netvasco: Conheça mais sobre a carreira de Jair Rosa Pinto»
- ↑ «C. R. Vasco da Gama: Ídolos, F-J». www.netvasco.com.br. Consultado em 10 de fevereiro de 2011
- ↑ «Inspiração para o nome de Bolsonaro, Jair brilhou por Palmeiras e seleção». Veja. Editora Abril. 29 de outubro de 2018. Consultado em 29 de outubro de 2018
Ligações externas
editar- Perfil de Jair (em português) em soccerway
- Perfil de Jair (em castelhano) em sambafoot
- Perfil de Jair (em inglês) em worldfootball
- Perfil de Jair (em inglês) em NFT
- «Perfil de Jair» (em inglês). em torneios FIFA
Precedido por Juarez (interino) |
Técnico do Vitória 1971-1972 |
Sucedido por Bengalinha |
Precedido por - |
Camisa 10 da Seleção em Copas 1950 |
Sucedido por Pinga |