Jerónimo Teixeira
Jerónimo Teixeira ComC (1465?-1510) foi um fidalgo português da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo e Contador-Mor de Trás os Montes. Foi capitão da Armada da Índia de Diogo Lopes Sequeira, e comandante da nau Santa Clara aquando do seu naufrágio.
Jerónimo Teixeira | |
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Nome completo | Jerónimo de Macedo Teixeira |
Nascimento | c. 1465 |
Morte | c. janeiro de 1510 Oceano Índico |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Navegador Fidalgo da Casa Real Comendador da Ordem de Cristo Contador-mor de Trás-os-Montes |
Biografia
editarJerónimo de Macedo Teixeira nasceu provavelmente entre 1460 e 1470, filho de João Teixeira de Macedo[1] (1440?-06 de Julho de 1506), Senhor de Teixeira, Alcaide-Mor de Montalegre e Portelo, e Fidalgo da Casa Real e de Violante de Barros,[2] presumidamente em Trás-os-Montes, donde a família era originária. Era também parente de Dr. Jorge de Amaral. [1][3]
Jerónimo Teixeira acabou por se casar com D. Filipa da Silva, viúva, no entanto, sem geração.[3][ligação inativa]
Jerónimo Teixeira era, tal como o seu pai, Fidalgo da Casa Real.[4][5] Depois de D. Manuel subir ao trono, este foi feito Comendador da Ordem de Cristo. Foi também Contador-Mor de Trás-os-Montes. Um funcionário da Casa dos Contos, pertencente à divisão da chancelaria Real, em que a sua missão era a Administração das receitas e despesas públicas. Era, por isso, um fidalgo letrado, e educado nas Leis e no Direito.
Pode-se provar tal afirmação, visto que foi procurador de João Chanoca quando este vendeu um foro de 2 moios de trigo na herdade da represa, em Beja por 120.000 reis e uma casa na Rua da Moeda de Beja por 12.000 reis a Rui Gomes (de Beja).[6] Após a morte de seu pai, herdou deste 20.000 reis.
Em 1508 a cinco de Abril, sai de Lisboa na Armada de Diogo Lopes de Sequeira, sota-almirante da armada.[4] Um jovem navegador, Fernão de Magalhães fez parte desta Armada,[7][8] e revelar-se-ia um grande navegador e soldado, salvando Diogo Lopes de Sequeira de uma tentativa de assassinato em Malaca.[9]
Juntamente com as outras naus de Diogo Lopes de Sequeira, tem por missão apoiar a instalação de uma feitoria em Malaca e abrir relações comerciais com o Sultão Mahmud Shah. Acaba por chegar a Cochim a 21 de Abril de 1509 e daí parte com a restante armada para Malaca. É, ora em Cochim, ora em Malaca, que o comando da nau-capitânia Santa Clara, passa para Teixeira.
A 11 de Setembro de 1509, 1 ano e cinco meses depois da saída de Lisboa, Jerónimo agora comandante da nau Santa Clara, aporta em Malaca juntamente com o resto da Armada. Apesar de bem recebidos inicialmente, rapidamente os portugueses se viram em problemas, tanto diplomáticas como comerciais. Visto como uma intrusão no comércio entre o estreito de Malaca e as ilhas indonésias, foi planeada uma tentativa de destruir a expedição. Depois de uma revolta instigada pelos comerciantes e nobres locais contra o aumento de influência portuguesa, no início de 1510, as cinco naus da armada tiveram de retirar rapidamente da cidade, deixando para trás duas dezenas de prisioneiros, e algumas dezenas de feridos e mortos.[9][10]
À vinda de Malaca para a Índia, a nau Santa Clara embateu num baixio, provocando a ruptura do casco e a entrada rápida de água nas suas cobertas. Neste naufrágio perde a vida Jerónimo Teixeira, sem deixar descendentes.[11]
Referências
- ↑ a b Felgueiras Gaio, Manuel José da Costa (1775). Nobiliário das Famílias de Portugal. IX. [S.l.: s.n.] p. 552
- ↑ Felgueiras Gaio, Manuel José da Costa (1775). Nobiliário das Famílias de Portugal. II. [S.l.: s.n.] p. 565
- ↑ a b «CHAM - Centro de Humanidades». www.cham.fcsh.unl.pt. Consultado em 5 de fevereiro de 2021
- ↑ a b Lacerda, Teresa (2006). Os Capitães das Armadas da Índia no reinado de D. Manuel I – uma análise social. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa- FCSH. pp. 55, 170, 180
- ↑ Chancelaria de D. Manuel. 8. [S.l.]: Instituto dos Arquivos Nacionais, Torre do Tombo (IAN/TT). p. 38
- ↑ «Carta de venda feita por João Chanoca, fidalgo da Casa Real, por seu procurador Jerónimo Teixeira, a Rui Gomes, de Beja, de um foro de dois moios de trigo impostos na herdade da Represa, termo de Beja, por 120.000 reais, e de uma casa térrea na Rua da Moeda, daquela cidade, por 12.000 reais - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de fevereiro de 2021
- ↑ Infopédia. «Fernão de Magalhães - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de fevereiro de 2021
- ↑ Bernstein, William J. (2009). A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World. [S.l.]: Grove Press. pp. 183–185. ISBN 0-8021-4416-0
- ↑ a b de Barros, João de Barros (1553). «4». Décadas da Ásia. 4. [S.l.: s.n.]
- ↑ Castanheda, Fernão Lopes de; Almeida, Manuel Lopes de (1979). História do descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses. [S.l.]: Lello
- ↑ Relação das náos e armadas da India com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: (Brit. Library, Cód. Add. 20902). [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 1985