João Tarcaniota
João Tarcaniota (em grego: Ἰωάννης Ταρχανειώτης; romaniz.: Ioannes Tarchaneiotes; fl. 1259-1304) foi um aristocrata e general bizantino sob o imperador Andrônico II Paleólogo (r. 1282–1328). Embora relacionado pelo sangue com a família Paleólogo, tornou-se notável como um dos principais líderes dos "arsenitas", os apoiantes do patriarca de Constantinopla Arsênio Autoriano, que desafiou a legitimidade da dinastia. Um competente soldado, foi libertado da prisão em 1298 para assumir o comando contra os turcos na Ásia Menor. Suas reformas administrativas e integridade fortaleceram a posição bizantina, mas despertou a ira dos magnatas locais, que forçaram-o a abandonar a região.
João Tarcaniota | |
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Nascimento | ? |
Nacionalidade | ![]() |
Progenitores | Mãe: Maria-Marta Paleóloga Pai: Nicéforo Tarcaniota |
Ocupação | General |
Religião | Ortodoxia oriental |
História
editarJoão Tarcaniota veio de uma família distinta, os Tarcaniotas: seu pai, Nicéforo Tarcaniota serviu como grande doméstico (comandante-em-chefe do exército) sob o imperador de Niceia João III Ducas Vatatzes (r. 1221–1254) e casou-se com Maria-Marta, a tia de Andrônico II e irmã de Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282), que ele tinha apoiado em sua elevação ao trono.[1] Após a coroação de Miguel VIII, João e seus irmãos viveram no palácio imperial. João distinguiu-se desde cedo como um soldado, lutando sob seu tio, o déspota João Paleólogo, na campanha de 1262 contra Miguel II Comneno Ducas do Epiro.[2]
Logo, contudo, opor-se-ia aos Paleólogos, tendo surgido em 1266 como um dos líderes dos arsenitas, os partidários do antigo patriarca de Constantinopla Arsênio Autoriano, que tinha excomungado Miguel VIII por usurpar os direitos e cegado seu antecessor, João IV Láscaris (r. 1258–1261). Os arsenitas se recusavam a reconhecer a deposição do patriarca pelo imperador e foram severamente perseguidos. Eles ipso facto se recusaram a reconhecer a validade da reivindicação de Andrônico ao trono, tanto por ser "o filho do usurpador excomungado" (Nicol) como por ter sido coroado por um patriarca "ilegítimo", o anti-arsenita José I.[3][4] Após a tentativa conciliatória fracassada de Andrônico no sínodo de Adramício em 1284, João tornou-se líder da facção radical, enquanto os moderados seguiram um monge, Hiaquinto. Consequentemente, João passou muito tempo no exílio ou na prisão. Ele foi banido para Chele em 1289, e depois colocado sob prisão domiciliar em Constantinopla. Solto c. 1296, foi preso novamente em 1297 e jogado na prisão do palácio.[2]
No entanto, em 1298, Andrônico estava necessitando do talento militar de seu primo na Ásia Menor, onde os turcos de Mentexe estavam invadindo mais uma vez o território bizantino, depois de terem sido repelidos em 1293-1295 por Aleixo Filantropeno, sobrinho de João. Filantropeno que havia acabado de se rebelar, apoiado pela população local, que em grande parte ainda alimentava a memória dos Láscaris de Niceia e se ressentia dos Paleólogos; para prevenir-se de que João, um arsenita confesso, seguisse o mesmo caminho de seu antecessor, Andrônico primeiro obteve dele um juramento de lealdade e depois o nomeou comandante do setor sul, o mais ameaçado na frente, ao longo do rio Meandro.[5] Lá João alcançou sucesso rápido, não só no campo, mas na reorganização da administração local, acabando com a corrupção que tinha permitido a alienação dos titulares dos pronoias, originalmente destinados para a manutenção do exército, a partir de seus titulares de direito. João parece ter se envolvido em uma reavaliação e redistribuição das terras, o que resultou não só em um aumento dos efetivos de seu exército, mas também no equipamento de uma pequena frota de navios.[4][6]
Apesar de seu sucesso, no entanto, João foi ressentido pelos magnatas locais, que tinham na sua maioria lucrado com a situação anterior e estavam muito afetados pelas reformas e sua administração honesta, bem como pelo estabelecimento de uma igreja anti-arsenita. No final, alguns dos detentores dos pronoias, que foram privados de suas terras pelas reformas de João, se aproximaram do bispo anti-arsenita de Filadélfia, Teolépto, e acusaram João de conspirar uma revolta. Diante da hostilidade da aristocracia local, João foi forçado a fugir, provavelmente em meados de 1300, para Tessalônica, onde residia o imperador.[4] Aparentemente João foi preso novamente, pois ele é pela última vez registrado como sendo novamente liberado da prisão em 1304.[2] Depois de sua fuga, a situação na Ásia Menor deteriorou-se rapidamente com suas reformas sendo abandonadas e revertidas, e o pagamento do exército desviado para os bolsos das elites locais. Consequentemente, em um curto período de tempo o exército bizantino desintegrou-se, especialmente porque os numerosos mercenários desertaram por falta de pagamento, abrindo caminho para o completo colapso da autoridade bizantina na Ásia Menor durante a década seguinte.[6][7]
Ancestrais
editarNotas
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «John Tarchaneiotes», especificamente desta versão.
Referências
- ↑ Kazhdan 1991, p. 2012.
- ↑ a b c Trapp 1994, p. PLP 27487.
- ↑ Nicol 1993, p. 96; 124–125.
- ↑ a b c Bartusis 1997, p. 75.
- ↑ Nicol 1993, p. 124–125.
- ↑ a b Nicol 1993, p. 125.
- ↑ Bartusis 1997, p. 76.
- ↑ Cawley 2011, Origins.
- ↑ Cawley 2011, TARCHANEIOTES.
Bibliografia
editar- Bartusis, Mark C. (1997). The Late Byzantine Army: Arms and Society 1204–1453. Filadélfia: Pennsylvania University Press. ISBN 0-8122-1620-2
- Cawley, Charles (2011). «Byzantium 1261-1453». Foundation for Medieval Genealogy
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Nicol, Donald MacGillivray (1993). The Last Centuries of Byzantium, 1261–1453. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-43991-4
- Trapp, Erich; Hans-Veit Beyer; Sokrates Kaplaneres; Ioannis Leontiadis (1994). «27487. Ταρχανειώτης ᾿Ιωάννης». Prosopographisches Lexikon der Palaiologenzeit. Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften