Joanna
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Joanna, nome artístico de Maria de Fátima Gomes Nogueira (Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1957), é uma cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira. Como compositora, assinou dezenas de canções, algumas gravadas por grandes nomes como Cauby Peixoto, Angela Maria, Simone e Emílio Santiago.
Joanna | |
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Joanna durante apresentação ao vivo em Janeiro de 2022 | |
Informação geral | |
Nome completo | Maria de Fátima Gomes Nogueira |
Nascimento | 27 de janeiro de 1957 (67 anos) |
Local de nascimento | Rio de Janeiro, DF Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Gênero(s) | MPB |
Ocupação(ões) | Cantora, compositora e multi-instrumentista |
Período em atividade | 1979 - atualmente |
Afiliação(ões) | Maria Bethânia, Roupa Nova, Cazuza, KLB, Jorge Aragão, Fagner |
Biografia
editarNascida e criada no bairro do Méier, no subúrbio carioca, é filha do violonista Joaquim, e da dona de casa Marietta, que também gostava de cantar em reuniões familiares. Desde a infância escrevia canções e poemas. Aos doze anos ganhou de presente um violão do pai, e foi matriculada numa escola de instrumentos musicais. Seu irmão a incentivava a compor e cantar, e mesmo sem ser profissional, se interessava por música e a ensinou os primeiros acordes de violão. Sua irmã preferiu seguir o caminho educacional e tornou-se professora. Em entrevistas revela que na infância gostava de brincar na rua, jogar bola, soltar pipa e rodar pião. Cursando o terceiro ano de administração, resolveu deixar os estudos universitários para se dedicar somente a música.[1]
Sua carreira teve início com a participação em festivais do interior do estado: ela pesquisava por lugares onde haveria concursos de música, e viajava sozinha para participar das competições musicais. Algumas ganhou, outras perdeu, mas sempre colecionava troféus musicais. Atuou também como backing vocal de conjuntos de bailes e casas noturnas, estreando na noite carioca ainda sem ser famosa.[1]
Aos 17 anos foi classificada em primeiro lugar no programa "A Grande Chance" (TV Tupi/RJ), interpretando a música "Última Forma". Devido ao sucesso desse programa, assinou com a gravadora RCA, (que posteriormente se transformou em BMG – atualmente Sony Music), pela qual lançaria quase todos os seus discos. Já em 1979 aos 22 anos, despontou na música popular brasileira. Nesta época, já independente, havia saído de casa, e dividia o aluguel de um apartamento em Copacabana com dois amigos seus, também músicos e compositores. Conta em entrevistas que, preparando uma refeição, ouviu pela primeira vez sua voz no rádio, e chorou muito de emoção.[1]
Desde a sua estreia, Joanna optou por cantar e compor nas suas mais variadas tendências, mas seu canto romântico sempre teve destaque maior. Seu timbre de voz suave mas potente para canções românticas sempre fez muito sucesso junto à crítica e ao público, consagrando-a ao longo dos anos como uma das melhores cantoras do país.[1]
Seu primeiro LP gravado foi Nascente, que vendeu oitenta mil cópias e a ele pertence o primeiro grande êxito popular da carreira, a canção "Descaminhos" (parceria sua com Sarah Benchimol). Dentre as músicas de começo de carreira que fizeram estrondoso sucesso pelo país, temos: "Cicatrizes” (Joanna/ Solange Böeke), “Seu Corpo’’(Roberto e Erasmo Carlos) e "Agora" (Gonzaguinha).[1]
Em poucos anos, Joanna consagrou-se como cantora popular romântica, já que este estilo é o mais recorrente na sua carreira. Seu nome de batismo, Maria de Fátima, não agradou o produtor musical que lhe dirigia na época. Ela havia escolhido Fátima Nogueira ou Nina de Fátima, mas havia no mercado musical muitas cantoras com nome de "Fátima", e o mesmo ficou em dúvida entre Joana, Mariana ou Juliana, e perguntou se a artista gostava destes nomes. A cantora gostou dos três, e após um tempo a decidir, optou por Joana, mas para diferenciar, por ser um nome comum, acrescentou mais um N, nascendo assim "Joanna".[1][2]
Vida pessoal
editarMuito discreta, a artista não costuma comentar sobre sua vida particular. Joanna é homossexual assumida desde os anos 1990. Foi casada por mais de vinte anos com sua ex-empresária, Maria Marta Vieira, que dirigia sua carreira. A união durou até 2009. Uma polêmica envolveu seu nome, quando sua ex-companheira a acusou de agressão física. O caso foi parar nos jornais e no 3.º Juizado da Violência Doméstica Contra a Mulher de Jacarepaguá. Joanna enfrentou o processo, tendo que pagar cestas básicas para reverter a pena. Maria Marta revela ter descoberto em 2007 que a cantora a traía com uma empresária de Portugal, e que a relação ficou muito abalada a partir daí. Mesmo após a reconciliação, descobriu outras traições da cantora. Os ciúmes de Maria Marta culminaram numa crise de explosão de Joanna, que a espancou com chutes e socos, e foi fazer um show no dia seguinte. Sua ex-empresária e ex-companheira disse que foi ameaçada de morte pela cantora, e que foi expulsa de casa pela artista. A cantora não quis se pronunciar sobre o caso.[3][4] Atualmente é vista eventualmente pela mídia acompanhada de mulheres anônimas e famosas, mas não assumiu mais nenhum relacionamento sério. A artista vive sozinha no Rio de Janeiro, e continua a fazer muitos shows pelo Brasil e por diversos países.[5]
Em março de 2020 assumiu estar em um relacionamento sério com a cantora e atriz Karen Keldani, vinte e dois anos mais jovem, que assim como Joanna, é muito católica e canta também músicas religiosas. Ambas já cantaram juntas e participam de projetos musicais.[6]
Trajetória artística
editarEm 1979 lançou o disco Nascente que vendeu 80.000 cópias. Nesse ano, gravou o especial Mulher 80 (Rede Globo) com Maria Bethânia, Elis Regina, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Gal Costa, Rita Lee e as atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta do seriado Malu Mulher. Joanna cantou "Seu Corpo" e "Cantoras do Rádio" em coletivo.
Estrela Guia, seu segundo disco, foi lançado em 1980, trazendo grandes sucessos como "Momentos" (Joanna/Sarah Benchimol) e "Quarto de Hotel" (Gonzaguinha). No mesmo ano, teve uma composição sua com Sarah Benchimol intitulada "Loucura" no álbum Cauby! Cauby!, que comemorou os 25 anos de carreira do cantor fluminense.[7]
Segue o álbum Chama (Geraldo Amaral/Aristides Guimarães), em 1981, com destaque para a faixa título, além de "Uma Canção de Amor" (Gonzaguinha), "Decisão", e um marco em sua carreira: a canção feita especialmente para ela por Milton Nascimento e Fernando Brant, "Nos Bailes da Vida".
Vidamor (1982), trouxe como carro chefe o grane sucesso "Vertigem" (Caio Silvio/Graco).
Brilho e Paixão (1983) teve como destaque as faixas "Tua Cara", "Eternamente" e a gravação de um frevo, "Pro Que Der e Vier" (Sivuca/Paulinho Tapajós).
Joanna seria o título de seu disco de 1984, e representou uma grande virada na carreira da artista: com arranjos mais simples, mas caprichada produção, recebeu de presente aquela que se tornaria um dos maiores sucessos de sua carreira desde o surgimento em 1979: a canção "Recado (Meu namorado)", composta por Renato Teixeira, se tornou sucesso nacional, alavancou as vendas do disco e se tornou sucesso nas rádios de Norte a Sul do país. E do mesmo disco ainda se destacou "Espelho" (Joanna/Graco/Geraldo Amaral), tema de abertura da minissérie da Rede Manchete de 1984, intitulada Joana, estrelada por Regina Duarte.
O disco seguinte, de 1985, também se chamou apenas Joanna e trouxe grandes participações especiais, como Sá & Guarabira em "Ribeirão", Gal Costa em "Onde Andarás", Martinho da Vila em "Bom Dia, Minha Flor" e o cantor norte-americano Barry Manilow, que dividiu os vocais na canção "Qualquer Dia (24 Hours a Day)", o grande sucesso do disco. Destaque também para "Canção do Rádio", composição própria da Joanna com seus parceiros habituais Toni Bahia e Tharcísio Rocha.
Participa do projeto Nordeste Já (1985), que abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto com as canções "Chega de Mágoa" e "Seca d´Água".
O maior sucesso de vendagem foi o disco auto-intitulado Joanna, de 1986, que vendeu cerca de um milhão de cópias. Destacam-se os megahits "Amanhã Talvez" e Um Sonho a Dois (com a participação do grupo Roupa Nova), ambas dos hitmakers da década, Michael Sullivan e Paulo Massadas. Este álbum levou Joanna a turnês pelos países de língua latina, onde alcançou grande sucesso e recebeu vários prêmios. Deste disco, também destacaram-se as canções "Delícia Nua", "Teu Caso Sou Eu", "Sozinha", "Uma Ficha no Arquivo" e "Aconteceu". É o seu disco de maior sucesso em Portugal.
Devido o grande sucesso do disco "Amanhã talvez", resolve não lançar disco em 1987.
Em 1988, seguindo a linha do do disco anterior, lança o quarto disco intitulado apenas Joanna, com outros grandes sucessos, destacando-se "Amor Bandido" e "Promessas", ambas de Sullivan e Massadas; e "Tua Fera" (Carlos Colla).
No álbum Primaveras e Verões (1989), comemorativo dos 10 anos de carreira, gravou canções de compositores habituais daquela fase e também trouxe uma parceria sua com Cazuza: "Nunca Sofri por Amor".
Década de 1990
editarNa década de 1990, deixou o repertório comercial temporariamente de lado e se dedicou a ambiciosos projetos especiais, lançando os discos Joanna canta Lupicínio (1994), um tributo ao compositor Lupicínio Rodrigues[8] que vendeu cerca de 400 mil cópias e Joanna em Samba-canção (1997), que trouxe diversas canções consagradas do gênero. Ambos foram produzidos por Roberto Menescal e este último originou um elogiado espetáculo que obteve excelente aceitação de público e crítica especializada. Prosseguiu com a primeira produção de um álbum totalmente em uma língua estrangeira, Intimidad (1998), no qual interpretou canções consagradas do bolero latino-americano e hispânico.[8] Produzido por Armando Manzanero e gravado totalmente fora do Brasil, este acabou por atingir a marca de 250 mil cópias vendidas.
Lançou os discos Joanna (1991), Alma, Coração e Vida (1993) e Sempre no meu Coração (1995), todos com grande sucesso de vendagem e execução. Inclusive a versão em CD do segundo trouxe duas faixas-bônus: "Água e Vinho" e "Fruto Proibido".
Em 1998 é lançado Intimidad, com versões em espanhol, que recebeu um disco de platina triplo.
20 anos: Ao vivo (1999) foi o disco duplo comemorativo dos 20 anos de carreira que trouxe regravações dos antigos sucessos, trazendo, entre outros, choros e sambas de raiz inéditos. Entre os méritos, aquele contava ser o primeiro disco ao vivo da cantora, cujo maior sucesso foi a inédita "Tô Fazendo Falta", que foi uma das 5 mais tocadas daquele ano. O disco acabou atingindo a marca de 210 mil cópias vendidas. No ano seguinte, o álbum seria relançado numa versão simples pela gravadora Som Livre, que trouxe parte do repertório e ainda a inédita "Nada Sério", regravada depois no disco seguinte.
Década de 2000
editarEm 2001, voltou ao repertório mais comercial com o álbum Eu Estou Bem, que mesclou canções inéditas e regravações, investindo numa incursão ao pop. A reedição deste álbum contou com a canção "A Padroeira", tema de abertura da novela homônima, de Walcyr Carrasco.
O álbum Oração foi gravado ao vivo na cidade paulista de Aparecida e rendeu o primeiro DVD da sua carreira. O conceito foi o de uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida, por quem nutre uma extrema devoção desde pequena. O disco seguinte, Todo Acústico, trouxe regravações dos antigos sucessos, entre outras canções consagradas nesse formato. O disco contou com as participações especiais de Maria Bethânia, Fagner, Jorge Aragão e do grupo KLB.
Em 2004 comemora os 25 anos de carreira com o disco 25 anos Entre Amigos (Universal Music), e dois anos depois, veio Joanna ao vivo em Portugal, país este onde goza de grande popularidade[9], lançado pela Som Livre, que é o terceiro álbum ao vivo e o segundo DVD; no repertório, alguns fados e regravações dos antigos sucessos. Em 2007, lançou o álbum Joanna em Pintura Íntima, que novamente rendeu um álbum de vídeo.
Em 2011, lança Em Nome de Jesus — Joanna Interpreta Padre Zezinho.
Em 2017, o cantor Agnaldo Timóteo gravou a composição de Joanna "Loucura" no álbum Obrigado, Cauby, onde apresentou releituras de sucessos do cantor Cauby Peixoto.[10]
Discografia
editar- 1979: Nascente - RCA Victor (120.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1980: Estrela Guia - RCA Victor (170.000 cópias) -Disco de Ouro
- 1981: Chama - RCA Victor (100.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1982: Vidamor - RCA Victor (100.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1983: Brilho e paixão' - RCA Victor (150.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1984: Joanna - RCA Victor (200.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1985: Joanna - RCA Victor (290.000 cópias) - Disco de Platina
- 1986: Joanna - RCA Victor (1.000.000 cópias) - Disco de Platina Triplo
- 1988: Joanna - BMG Ariola (500.000 cópias) - Disco de Platina
- 1989: Primaveras e verões - BMG Ariola (180.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1991: Joanna - BMG Ariola (150.000 cópias) - Disco de Ouro
- 1993: Alma, coração e vida - BMG Ariola (150.000 cópias) Disco de Ouro
- 1994: Joanna canta Lupicínio - BMG Ariola (400.000 cópias) - Disco de Platina
- 1995: Sempre no meu coração - BMG Ariola (150.000 cópias) Disco de Ouro
- 1997: Joanna em Samba-Canção - BMG Ariola (250.000 cópias) - Disco de Platina
- 1998: Intimidad (em espanhol) - BMG Ariola (300.000 cópias) - Disco de Platina
- 1999: 20 Anos (ao vivo) - (210.000)BMG Ariola - Disco de Ouro
- 2001: Eu estou bem - BMG Ariola (50.000 cópias)
- 2002: Joanna em Oração (ao vivo) - Sony Music (40.000 cópias)
- 2003: Todo Acústico - Sony Music (30.000 cópias)
- 2004: Joanna 25 anos entre Amigos - Sony Music (40.000 cópias)
- 2006: Joanna ao vivo em Portugal - Universal Music (35.000 cópias)
- 2007: Joanna em Pintura Íntima ao vivo'- Som Livre (30.000 cópias)
- 2011: Em Nome de Jesus - Joanna Interpreta Padre Zezinho - (40.000 cópias)
- 2020: Joanna - Aqui e Agora
Referências
- ↑ a b c d e f [1]
- ↑ [2]
- ↑ [3]
- ↑ [4]
- ↑ [5]
- ↑ [6]
- ↑ «Cauby Peixoto». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 7 de dezembro de 2022
- ↑ a b «Joanna». cantorasdobrasil.com.br. Consultado em 14 de maio de 2012. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2015
- ↑ «Joanna - Dados Artísticos». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 14 de maio de 2012
- ↑ Crespo, Gabriel (26 de abril de 2017). «Agnaldo Timóteo canta Cauby Peixoto: quando o aluno emociona o professor». Mundo de Músicas (em inglês). Consultado em 7 de dezembro de 2022
Ligações externas
editar- «Sítio oficial»
- Joanna (em inglês) no AllMusic