Joaquim Félix da Fonseca
Joaquim Félix da Fonseca (Lisboa, 8 de janeiro de 1751 — Rio de Janeiro, 12 de maio de 1814) foi um militar e astrônomo português que prestou importantes serviços no Brasil durante o período colonial, com destaque ao seu papel na formação do atual município de Santa Maria.
Joaquim Félix da Fonseca | |
---|---|
Dados pessoais | |
Nascimento | 8 de janeiro de 1751 Lisboa |
Morte | 12 de maio de 1814 (63 anos) Rio de Janeiro |
Nacionalidade | Português |
Cônjuge | Francisca Joaquina Pereira Pinto |
Progenitores | Mãe: Joana Joaquina Vieira da Silva Pai: Francisco Antônio da Fonseca |
Vida militar | |
País | Reino de Portugal |
Força | Exército Português |
Hierarquia | Brigadeiro |
Batalhas | Guerra das Laranjas |
Assinatura |
Biografia
editarFilho de Francisco Antônio da Fonseca e de Joana Joaquina Vieira da Silva, casou com Francisca Joaquina Pereira Pinto e foi pai do também militar Francisco Félix da Fonseca Pereira Pinto.
Depois do Tratado de Santo Ildefonso foi nomeado para a 1º Comissão de Demarcação de Limites, chefiada pelo governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, Sebastião Xavier da Veiga Cabral e composta pelo engenheiro militar Francisco das Chagas Santos e outros.[1] A comissão chegou ao Rio de Janeiro em 1781, onde passou três anos se preparando e reunindo informações elementares para o início dos trabalhos. Finalmente, em janeiro de 1784 partiu para o Chuí, onde encontrou a comissão espanhola.[carece de fontes] Dois anos mais tarde, demarcou a linha divisória da boca dos Rio Santo Antônio até o Igurei.[1]
Ocupando o posto sargento-mor de artilharia, no princípio do século XIX, tornou-se o primeiro oficial português a comandar os povos da região dos Sete Povos das Missões.[2]
Em 1797, realizava seu trabalho na região missioneira, quando as relações entre os reinos de Portugal e Espanha se tornaram tensas, o que prenunciava mais uma guerra, mas que somente seria declarada em 1801. A fim de evitar maiores conflitos, a retirada foi ordenada Félix da Fonseca, que deixou o povoado de São João Baptista, desceu a serra de São Martinho e foi acampar junto à Guarda Portuguesa do Passo dos Ferreiros. Então, por volta da segunda metade do ano de 1797, foram montadas as instalações de acampamento a pouco mais de 5 km a leste da referida Guarda, no já então denominado Rincão de Santa Maria, em terras da estância do Padre Ambrósio José de Freitas, cuja sede ficava a poucos quilômetros ao sudeste. Este acampamento deu origem a cidade de Santa Maria da Boca do Monte (atual município de Santa Maria).[3]
Participou da Guerra das Laranjas em 1801, tendo seus soldados atacado posições espanholas em San Lucas, na Argentina, em 22 de novembro.[4]
Em 1802, encarregado da administração dos povos missioneiros, encaminhou uma carta ao governador interino, João Francisco Roscio, em que informava a respeito do medo e do receio sentido pelos indígenas missioneiros em serem restituídos aos espanhóis após o tratado de paz, uma vez que temiam sofrer represálias sob a acusação de rebeldia.[5] Ainda no mesmo ano, adotando uma postura surpreendente, Félix da Fonseca denunciou por meio de uma carta destinada ao mesmo destinatário os excessos e abusos cometidos pelos portugueses durante a invasão à região das Missões, o que envolveu desde saques, furtos e invasão de estâncias sob a prerrogativa de serem terras devolutas, bem como abusos de guerra praticados contra os próprios indígenas Guaranis.[6]
Devido ao seu enorme poder de influência, Félix da Fonseca colaborou para a ascensão social de outros militares, sobretudo a partir da indicação para cargos que outrora ocupava: assim o fez por volta de 1808, quando indicou José de Abreu para o cargo de comandante das terras ao sul do Rio Ibicuí; e, em 1811, quando deixou a região das Missões sob controle de Francisco das Chagas Santos, ocasião em que fora nomeado comandante das tropas de Porto Alegre.[7][8]
Referências
- ↑ a b Tavares 2000, p. 176.
- ↑ Gay 1863, p. 613.
- ↑ Souza 2011, pp. 18-28.
- ↑ Hernâni 1996, p. 497.
- ↑ Ribeiro 2012, pp. 773-774.
- ↑ Fontella & Ribeiro 2013, pp. 31-32.
- ↑ Lessa 2002, p. 101.
- ↑ Corrêa 2017, p. 47.
Bibliografia
editar- Corrêa, Mariana (2017). Fronteira aberta: a construção social do poder de um potentado no Rio Grande de São Pedro (1750-1830) (PDF) (Dissertação de Mestrado). Santa Maria: UFSM
- Donato, Hernâni (1996). Dicionário das batalhas brasileiras. São Paulo: Instituição Brasileira de Difusão Cultural. ISBN 9788534800341
- Fontella, Leandro; Ribeiro, Max (2013). «O Êxodo Missioneiro: um Estudo sobre os fluxos migratórios de Guaranis Das Missões (fronteira do Rio Pardo, 1801-1845)» (PDF). Porto Alegre: Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul. X Mostra de Pesquisa: 27-46
- Gay, João (1863). «Capítulo XVII: Missões Orientais do Uruguay». Revista trimensal do Instituto Histórico, Geographico e Etnographico do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
- Lessa, Barbosa (2002). Rio Grande do Sul: prazer em conhecê-lo: como surgiu o Rio Grande. Porto Alegre: Editora AGE. ISBN 9788574970226
- Ribeiro, Max (2012). «A "invisibilidade" dos índios: família e migração indígena a partir das fontes paroquiais (fronteira do rio pardo, 1801-1822). Notas de pesquisa» (PDF). ANPUHRS. Anais do XI Encontro Estadual de História Associação Nacional de História-Seção Rio Grande do Sul: 771-781
- Souza, Regina (2011). A arquitetura histórica de Santa Maria como referencial de design de superfície para marcadores de página (PDF) (Monografia de Especialização). Santa Maria: UFSM
- Tavares, Aurélio (2000). A engenharia militar portuguesa na construção do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora. p. 176. ISBN 9788570112767