Jogos Apolinários
Jogos Apolinários (em latim: Ludi Apollinares) eram jogos solenes ("ludi") realizados anualmente pelos romanos antigos em homenagem ao deus Apolo. Segundo a tradição, a primeira celebração dos jogos, Roma foi subitamente invadida por inimigos e os romanos foram obrigados a pegar em armas. Uma nuvem de flechas e lanças caiu sobre os inimigos e os romanos rapidamente retornaram vitoriosos aos seus jogos.
Primeiros jogos
editarOs jogos foram criados depois da inspeção minuciosa de uma coleção de profecias, a "Carmina Marciana",[1] por conta do nome de um dos muitos videntes (em latim: "vates") responsáveis por elas, Márcio.[2] Os jogos foram organizados de acordo com os oráculos de Márcio, que haviam previsto o desastre em Canas, a terrível derrota dos romanos pelos cartagineses de Aníbal.[3] As profecias ditavam que os romanos deveriam adotar o ritual grego em homenagem a Diana e Latona e que deveriam contribuir com os custos dos jogos segundo suas possibilidades. Os Livros Sibilinos também foram consultados e confirmaram esta profecia.[1][4] O evento aconteceu no auge da Segunda Guerra Púnica, quando Aníbal realizava sua invasão do norte da Itália. Com em épocas anteriores, os jogos eram utilizados para aplacar os temores públicos e para distraí-los dos perigos da invasão de Aníbal;[5]
Os jogos eram realizados no Circo Máximo, com provas equestres e performances de palco, incluindo pratextae, um tipo de drama romano.[6] Quinto Ênio (239–169 a.C.) patrocinou uma apresentação de "Thyestes" durante o festival de 169 a.C.[1][7] Os Jogos Apolinários recebiam menos fundos do governo romano do que outros jogos e festivais, como os Jogos Romanos ou os Jogos Plebeus, pois era mais curto e tinha apenas um dia de corridas.[8]
Cronologia
editarOs Jogos Apolinários foram organizados pela primeira vez em 212 a.C., quando Públio Cornélio Sula foi pretor[9] e, inicialmente, um juramento foi feito no sentido de realizá-los apenas uma vez,[1] o que gerou alguma discussão sobre quem teria oficializado a sua realização anual.
Uma versão propõe que Lúcio Varo, o pretor urbano na época, renovou seu juramento e celebrou-os novamente em 210 a.C.[1] Uma lei de 208 a.C., aprovada pelo mesmo Lúcio Varo durante seu mandato como edil curul, teria tornado os jogos um evento anual.[10] Uma severa epidemia, naquele mesmo ano, estimulou o Senado a torná-los permanentes, pois Apolo era considerado o deus da cura.[11] Daquela data em diante, os romanos passaram a celebrar os Jogos Apolinários em 13 de julho e, com o passar dos anos, as festividades foram sendo ampliadas até durarem 8 ou 9 dias.[1][5]
Porém, Lívio sugere que foi Caio Calpúrnio Pisão e não Lúcio Varo que tornou os jogos permanentes, também em seu mandato de pretor, mas em 211 a.C.[12]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f “Ludi” Brill’s New Pauly: Encyclopaedia of the ancient world. 2005 ed.
- ↑ “Marcius” Brill’s New Pauly: Encyclopaedia of the ancient world. 2005 ed.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita Epit. XXV, 3
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita Epit. XXV.12, trad. por Rev. Canon Roberts, Ed. Ernest Rhys, Publisher: J. M. Dent & Sons, Ltd., London, 1905.
- ↑ a b Cook, 2002. The Calpurnii and Roman Family History: An Analysis of the Piso Frugi Coin in the Joel Handshu Collection at the College of Charleston. Chrestomathy: Annual Review of Undergraduate Research at the College of Charleston. Volume 1, 2002: pp. 1-10
- ↑ Flower, 1995. Fabulae Praetextae in Context: When Were Plays on Contemporary Subjects Performed in Republican Rome? The Classical Quarterly, New Series, Vol. 45, No. 1. (1995), pp. 170-190.
- ↑ Coulter, 1940. Marcus Junius Brutus and the "Brutus" of Accius. The Classical Journal, Vol. 35, No. 8. (May, 1940), pp. 460-470.
- ↑ Green, 1930. Appropriations for the Games at Rome in 51 A. D. The American Journal of Philology, Vol. 51, No. 3. (1930), pp. 249-250.
- ↑ “Cornelii Sullae” Brill’s New Pauly: Encyclopaedia of the ancient world. 2005 ed.
- ↑ “Licinius” Brill’s New Pauly: Encyclopaedia of the ancient world. 2005 ed.
- ↑ H.H. Scullard, Festivals and Ceremonies of the Roman Republic (Cornell University Press, 1981), p. 159.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita Epit. XXVI 23.3, trad. por Rev. Canon Roberts, Ed. Ernest Rhys, Publisher: J. M. Dent & Sons, Ltd., London, 1905.