Jorge Mealha
Jorge Augusto Mealha Costa (Maputo, Moçambique, 29 de Novembro de 1934 - 13 de Janeiro de 2021), foi um artista plástico português, que se destacou nas áreas da cerâmica e da escultura.
Jorge Mealha | |
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Nome completo | Jorge Augusto Mealha Costa |
Nascimento | 29 de Novembro de 1934 Maputo, Moçambique |
Morte | 13 de Janeiro de 2021 |
Nacionalidade | Portugal |
Área | Escultura e cerâmica |
Biografia
editarNascimento e formação
editarNasceu em 29 de Novembro de 1934, na cidade de Lourenço Marques (moderna Maputo), na província portuguesa de Moçambique[1] sendo filho de uma senhora nascida em Algoz, no Algarve.[2]
Iniciou a sua formação em artes plásticas no Núcleo de Arte de Lourenço Marques, tendo estudado sob a orientação de Frederico Aires entre 1960 e 1964, e de António Quadros entre 1964 e 1969.[1] Tornou-se bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, o que lhe permitiu, em 1970, estudar na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, em Lisboa, sob o professor Querubim Lapa, e em 1971 visitar vários centros de cerâmica na Europa.[1]
Carreira
editarIniciou a sua carreira como artista plástico ainda em Moçambique, tendo-se dedicado inicialmente às áreas de decoração de interiores, cerâmica e escultura.[3] Começou a participar em exposições de arte em 1964.[3] Na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, Moçambique ganhou a sua independência mas a situação económica deteriorou-se, reduzindo consideravelmente o mercado artístico.[2] Assim, Jorge Mealha viajou ainda nesse ano até Portugal, tendo vindo para o Algarve, região que nessa altura já se tinha afirmado como um destino turístico, garantindo assim uma maior procura para os seus produtos artísticos.[2] Fixou-se inicialmente Porches, em 1975,[1] e em 1981 mudou-se para a cidade de Lagos,[3] onde prosseguiu a sua carreira como artista, concentrando-se na cerâmica, escultura[3] e azulejaria.[3] Ganhou vários prémios pelas suas obras, tendo sido considerado como um das principais artistas em Portugal, na área da cerâmica.[3] A sua residência em Lagos, a Casa dos Oleiros, também foi utilizada como oficina e espaço de exposições.[3] Também esteve ligado ao artista plástico Querubim Lapa, em Lisboa.[3] Em 1975 começou a trabalhar na Olaria Velha, hoje conhecida como Olaria Pequena, na vila de Porches, em Lagoa,[4] onde colaborou com o artista escocês Ian Fitzpatrick.[5]
Participou em várias exposições em Portugal e no estrangeiro, tanto a nível individual como colectivo, tendo diversas obras suas sido guardadas em colecções privadas e públicas,[3] incluindo a do Nederlands Bank, em Joanesburgo, na África do Sul.[1] Em 2010 foi organizada a exposição Jorge Mealha – 1960/2010 – Reinventando uma Arte, no Centro Cultural de Lagos, comissariada pela investigadora Miriam Tavares.[3] Entre Abril e Junho desse ano, expôs na Galeria de Arte de Vale do Lobo, em conjunto com Janet Brown-Mealha, tendo a sua obra sido inspirada principalmente em temas da natureza, como os animais, tendo algumas das suas peças uma vertente religiosa.[6] Segundo o próprio, apesar de ter nascido em Moçambique, foi criado e educado em ambientes portugueses, pelo que mostrou uma reduzida influência africana nos seus produtos.[2] Além de temas naturais, também criou várias peças decoradas com motivos geométricos e figuras humanas.[2] Exerceu igualmente como professor de cerâmica, tendo um dos seus mais destacados alunos sido Ricardo Lopes, cujas obras demonstram a influência de Jorge Mealha.[2]
Foi responsável por um grande número de trabalhos, inseridos em vários planos urbanos e de arquitectura, como espaços públicos, unidades hoteleiras, estabelecimentos bancários, residências particulares, aeroportos, e instalações industriais.[3] Também esteve representado na Alemanha pela Galerie Gerhard.[2] Algumas destas obras foram feitas em Lagos, incluindo o Padrão Comemorativo do 10 de Junho,[7] inaugurado em 1996, os painéis de azulejos no acesso à Ponte da Marina, e vários passeios em calçada portuguesa.[3] Foi considerado pela revista alemã Entdecken Sie Algarve como um dos mais importantes ceramistas em Portugal.[2]
Falecimento e família
editarFaleceu em Janeiro de 2021,[8] tendo a Câmara Municipal de Lagos emitido um voto de pesar pela sua morte, onde destacou o seu contributo para a cultura.[9] Esteve casado com Zeca Mealha (1939 - 1979),[1] e depois com a artista Janet.[2]
Prémios
editarEm 1992, recebeu uma menção honrosa numa exposição em Reguengos de Monsaraz.[1] Em 2019, foi condecorado com a Medalha de Mérito Municipal de Lagos, com grau prata, no âmbito das comemorações do Dia do Município.[8]
Referências
- ↑ a b c d e f g «Jorge Mealha» (PDF) (em inglês). Art Archives - South Africa. 2013. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i GASPAR, Anabela (22 de Janeiro de 2021). «Der Ton-Meister». Entdecken Sie Algarve (em alemão). Consultado em 16 de Março de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l «Município aprova voto de pesar pelo falecimento de Jorge Mealha». Câmara Municipal de Lagos. 21 de Janeiro de 2021. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
- ↑ RAFAEL, Elisa (16 de Maio de 2019). «Olarias de Lagoa». Lagoa Informa. Ano IV (101). Lagoa. p. 15. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021 – via Issuu
- ↑ BURTON, Tracy (4 de Janeiro de 2021). «A little pottery provenance». Tomorrow (em inglês). Consultado em 16 de Março de 2021
- ↑ «Exposição de cerâmica com estreia no Algarve». Correio da Manhã. 11 de Abril de 2010. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
- ↑ «Padrão Comemorativo do 10 de Junho». Património Artístico / Arte Pública. Câmara Municipal de Lagos. Consultado em 7 de Fevereiro de 2021
- ↑ a b «Lagos lamenta morte do escultor e ceramista Jorge Mealha». Sul Informação. 21 de Janeiro de 2021. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
- ↑ «Município de Lagos aprova voto de pesar pelo falecimento de Jorge Mealha». Algarve Primeiro. 21 de Janeiro de 2021. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
Ligações externas
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