José Júlio de Bettencourt Rodrigues

professor e político madeirense (1843-1923)

José Júlio de Bettencourt Rodrigues ComSE (Funchal, , 8 de Maio de 1843Lisboa, 9 de Abril de 1893) foi um cientista, académico e político português.[1][2] Distinguiu-se no campo da Química, especialmente no desenvolvimento de emulsões fotográfica, e da Geodesia.[3]

José Júlio de Bettencourt Rodrigues
José Júlio de Bettencourt Rodrigues
Nascimento 8 de maio de 1843
Funchal
Morte 9 de abril de 1923
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação professor, político, escritor
Distinções
  • Comendador da Ordem de Santiago da Espada

Biografia

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José Júlio de Bettencourt Rodrigues foi filho primogénito de José Júlio Rodrigues (Goa, Goa Norte, Bardez, Salvador do Mundo, 6 de Maio de 1812 — Luanda), goês católico, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, delegado do Procurador Régio no Funchal, juiz do Tribunal da Relação de Luanda, e de sua mulher (Funchal, Sé, 13 de agosto de 1842) Teresa Cristina de Sá e Bettencourt (Funchal, Sé — ?).[4][5] Era sobrinho de Venâncio Raimundo Rodrigues e irmão de António Maria Betencourt Rodrigues.[3]

Formou-se bacharel em Filosofia e Matemática pela Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, foi sucessivamente professor no Liceu Nacional de Lisboa, professor do Instituto Comercial e Industrial de Lisboa, lente de Química da Escola Politécnica de Lisboa e do Instituto Industrial de Lisboa. Notabilizou-se pela introdução em Portugal dos modernos métodos da investigação em Química,[6][7] e pelo seu trabalho no campo da fotografia e da aplicação das técnicas fotográficas nos trabalhos geodésicos e cartográficos.

Foi inspetor técnico das Contribuições Industriais, presidente do Mercado de Produtos Agrícolas e fundador da Secção de Fotografia da Direcção-Geral de Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do Reino.[6]

Entre outras agremiações, foi sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, do Instituto de Coimbra, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Société des Gens de Lettres e da Sociedade Francesa de Fotografia.[5][7] Foi sócio honorário da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa.

Foi Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima, tendo sido agraciado com a Carta de Conselho em 1888, comendador da Ordem de Sant'Iago da Espada, cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e oficial da Ordem da Instrução Pública de França.[6]

Na política, foi deputado às Cortes eleito pelo círculo do Estado Português da Índia e pelo círculo do Funchal.

É autor de uma vasta obra sobre geodesia, mineralogia, cartografia e fotografia.[6][8][9][10]

Casou com Eulália Henriqueta de Bettencourt, sua prima direita, da qual teve um filho, também José Júlio de Bettencourt Rodrigues.[6]

Referências

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  1. Aleixo Manuel da Costa, "Dicionário de Literatura Goesa", Vol. 3, p. 157 faz-se eco duma lenda que nasceu, vá lá saber-se porquê, de que estes irmãos se chamavam «de Bettencourt» porque eram conhecidos em Coimbra por os "bitoncares", talvez porque o pai era natural de Britona. Então, para acabar com esse epíteto que lhes desagradava, tê-lo-iam transformado em «de Bettencourt». Esta lenda só foi possível por ignorar o seu autor que a mãe dos dois irmãos Rodrigues se chamava de Bettencourt, pelo que o nome que usaram era perfeitamente legítimo.
  2. José Júlio Bettencourt Rodrigues (1843-1893).
  3. a b Goeses ilustres.
  4. Fernando de Meneses Vaz, "Famílias da Madeira e Porto Santo", Vol. 1, p. 138, tít. de Araújos, § 4.º, n.º 9
  5. a b "Os Luso-Descendentes da Índia Portuguesa", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz e José Francisco Leite de Noronha, Fundação Oriente, 1.ª Edição, Lisboa, 2003, Volume III N - Z, pp. 428 e 431
  6. a b c d e "Os Luso-Descendentes da Índia Portuguesa", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz e José Francisco Leite de Noronha, Fundação Oriente, 1.ª Edição, Lisboa, 2003, Volume III N - Z, p. 431
  7. a b «"Bettencourt Rodrigues" no Ciência em Portugal». Instituto Camões 
  8. «de Bettencourt Rodrigues, José Júlio» na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", Vol. 4, p. 622
  9. Aleixo Manuel da Costa, "Dicionário de Literatura Goesa", Vol. 3, pp. 169 a 173
  10. Padre Fernando Augusto da Silva e Carlos de Azevedo de Meneses, "Elucidário Madeirense", Vol. 3, pp. 202 a 293

Ligações externas

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