José da Silva Maia Ferreira
José da Silva Maia Ferreira Medeiros Matoso de Andrade Câmara (Luanda, 7 de junho de 1827 — Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1881)[1] foi um poeta, servidor público e jornalista angolano.[2].
José da Silva Maia Ferreira | |
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O autor, circa 1846-1847 | |
Nascimento | 07 de junho de 1827 Luanda, Angola |
Morte | 19 de fevereiro de 1881 (53 anos) Rio de Janeiro |
Nacionalidade | angolano |
Cidadania | Angola |
Cônjuge | Margaret Butler Maia Ferreira |
Ocupação | servidor público, poeta |
Obras destacadas | Espontaneidades da minha alma: às senhoras africanas (1849/1850) |
É autor do primeiro livro editado em Angola e escrito por um angolano, [3] Espontaneidades da minha alma: às senhoras africanas — considerado o marco de inauguração da literatura de Angola[4] —, tendo também colaborado no Almanach de Lembranças (Lisboa: 1879).
Biografia
editarFilho de José da Silva Maia Ferreira e de Ângela de Medeiros Matoso Maia, nasceu em Luanda, Angola.[1] Sua família tinha certa tradição militar e comercial na cidade.
Maia Ferreira cumpriu toda sua formação acadêmica no Rio de Janeiro, no Brasil, para onde sua família tinha mudado em 1834, após a Guerra Civil Portuguesa.[1] Em 1845, volta à Luanda, conseguindo funções na administração pública local, sendo inclusive nomeado, em 1846, como secretário interino da Junta da Saúde.[1]
Em 1847 retorna ao Brasil. Neste período em terras brasileiras iniciou sua escrita poética, publicando nos cadernos denominados "Lísia Poética" e "Colecção de Poesias Modernas de Autores". Fato notório é que como poeta identificava-se, desde o princípio, com África.[1]
Em 1849, de volta para terras angolanas, assumiu as funções de tesoureiro da alfândega de Benguela,[1] um ano depois sendo promovido à oficial ordinário da Secretaria do Governo Provincial de Benguela[1] e poucos meses depois para as funções de escrivão (amanuense) de descargas da alfândega da cidade de Benguela.[1] Ainda em 1850 assumiu interinamente o cargo de sub-delegado de Benguela.[1] Sua vigorosa ascensão profissional no serviço público benguelino foi interrompida por questões de saúde identificadas como "incompatibilidades com o clima",[1] ao que regressou a Luanda.[1] Antes de se mudar para a capital angolana, publica, em 1849, aquele que é considerado o primeiro livro de poesia editado em África: Espontaneidades da minha alma: às senhoras africanas.[4]
Em Luanda, em 1851, foi demitido e partiu para trabalhar por pouco tempo no serviço público em Ambriz.[1] Na localidade embarca no navio Chusan e parte para a cidade de Nova Iorque.[1]
Nos Estados Unidos, casou com a estadunidense Margaret Butler, a 1 de fevereiro de 1853.[1] Deste casamento nasceram três filhos.[1] Os custos para manter a família tornaram sua situação financeira delicada.[1]
Em Nova Iorque, passa a trabalhar, em 1853, na casa comercial Figanière e Irmãos e mais tarde firma britânica Spencer & Budden, ao mesmo tempo que mantinha um negócio de aguardente e tabaco cubano.[1] Viajava profissionalmente com muita frequência a Cuba e a Portugal.[1]
Em 1853, Frederico Figanière e Morão o tornou chanceler do Consulado de Portugal em Nova Iorque.[1] Em 1854 tornou-se jornalista correspondente para os jornais do Rio de Janeiro "Jornal do Commercio" e "Correio Mercantil".[1] Volta a escrever poemas no período.[1]
Seu talento para a escrita chamou atenção de Figanière que o nomeou vice-cônsul em 1856, sendo a sua nomeação ignorada pelo Gabinete Americano do Ministério dos Negócios Estrangeiros.[1]
Demite-se do consulado e, nos finais do ano de 1860, foi a Cuba como representante comercial e na tentativa de ganhar dinheiro na peugada do ouro.[5]
Por volta de 1862, foi para o Brasil com a sua família, abandonando definitivamente os Estados Unidos.[1] Falece anos mais tarde na cidade do Rio de Janeiro.[6]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO. José da Silva Maia Ferreira. [S. l.]: [s. n.], 2008. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2015.
- ↑ MIRANDA, Antonio. José da Silva Maia Ferreira. [S. l.]: [s. n.], 2008. Acesso em: 30 abr. 2015.
- ↑ PEPETELA. Sobre a génese da Literatura Angolana. [S. l.]: União dos Escritores Angolanos, [2014?]. Acesso em: 30 abr. 2015.
- ↑ a b Lia Martin, Vima; Moraes, Anita Martins Rodrigues de (2011). «O Brasil e a Poesia Africana de Língua Portuguesa». Scripta. 15 (29): 69-84
- ↑ Revista COLÓQUIO/Letras n.º 120 (Abril de 1991). José da Silva Maia Ferreira, pág. 184.
- ↑ Porto Editora – José da Silva Maia Ferreira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-14 02:09:20].