Joziléia Kaingang
Joziléia Daniza Jagso Inácio Jacodsen Schild, também conhecida como Joziléia Kaingang (Tenente Portela, 04 de julho de 1980), é uma geógrafa, professora e doutora em Antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) da etnia Kaingang.[1]
Joziléia Kaingang | |
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Nome completo | Joziléia Daniza Jagso Inácio Jacodsen Schild |
Nascimento | 4 de julho de 1980 (44 anos) Tenente Portela, Rio Grande do Sul, Brasil |
Nacionalidade | Brasileiro |
Etnia | Kaingang |
Educação | Mestre em Antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina |
Ocupação | Chefe de Gabinete do Ministério dos Povos Indígenas |
É professora em disciplinas pela UFSC e atualmente realiza doutorado em Antropologia social pela mesma universidade. Além disso, é ativista dos direitos das mulheres indígenas e co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA).[1]
Desde o início de 2023, Joziléia é a Chefe de Gabinete do Ministério dos Povos Indígenas do Brasil.[2]
Biografia
editarJoziléia nasceu na Terra Indígena do Guarita, localizada no município de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul. Anos depois, sua família se mudou para a Ronda Alta, no mesmo estado, após a retomada do território indígena de Serrinha, na década de 1990. Realizou a educação básica no ensino público e, formou-se em licenciatura plena em Geografia pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECO)[3].
Posteriormente, realizou uma especialização de dois anos em PROEJA Indígena, de 2010 a 2012, uma modalidade da EJA voltada à educação profissional para indígenas, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Depois, se mudou para Brasília para trabalhar com ONGs, o Instituto Kaingang e o Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual. Porém, tinha pretensão de continuar os seus estudos, já que alguns de seus parentes, como sua mãe-tia, são professores indígenas bilíngues.[3]
Assim, ingressou no mestrado em Antropologia Social na UFSC em março de 2014, após ter entrado com um pedido para a universidade disponibilizar vagas de ações afirmativas na pós-graduação para pessoas indígenas. Em fevereiro de 2016, finalizou o mestrado e foi convidada para ser coordenadora pedagógica do curso de graduação de Licenciatura Intercultural Indígena na UFSC. Já em 2018, a líder Kaingang iniciou o doutorado na mesma universidade.[1]
Nas eleições municipais de 2020, Joziléia foi eleita como co-vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de um mandato coletivo na Câmara Municipal de Florianópolis: a Coletiva Bem Viver.[4] No entanto, no fim de 2022 após desavenças com a titular do mandado, a vereadora Cíntia Mendonça, quatro das cinco integrantes do projeto renunciaram ao cargo, incluindo Joziléia.[5]
Em janeiro de 2023 é convidada para compor o recém criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI), ocupando a chefia de gabinete da Ministra Sônia Guajajara. Em agosto de 2023, Joziléia Kaingang, assume a Secretaria Nacional de Articulação e Promoção dos Direitos Indígenas - SEART - no MPI, enquanto Secretária Nacional Substituta.
Atuação Política
editarEm 2022, a líder indígena participou como convidada da COP 27 no Egito, fazendo parte da mesa principal de um dos eventos da Conferência, intitulado "As mulheres indígenas do GATC: A nossa perspectiva sobre as alterações climáticas". Após sua fala, Joziléia foi hostilizada nas redes sociais, sofrendo questionamentos sobre sua identidade étnica e outras violências relacionadas à capacidade dos povos indígenas em ocuparem espaços de diálogos e discussões em âmbito internacional.[6] O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Associação Brasileira de ONGs (ABONG) emitiram notas de repúdio aos atos hostis realizados.[7][8]
Já no fim de 2023, Joziléia participou da COP 28 em Dubai, fazendo parte da mesa principal do painel “Contando com um Futuro Sustentável: Conferência Global sobre Dados de Gênero e Meio Ambiente”, que discutiu a produção de dados sobre as relações entre as mulheres, o clima e meio ambiente.[9]
Ver também
editarReferências
editar- ↑ a b c «UFSC ajudou a formar indígenas que vão atuar no Ministério dos Povos Indígenas». Notícias da UFSC. 23 de janeiro de 2023. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ Marko, Katia; Melgarejo, Leonardo (13 de fevereiro de 2023). «Joziléia Kaingang: "Catorze terras indígenas estão prontas para demarcação"». Brasil de Fato. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ a b Paim, Elison Antonio; Pereira, Pedro Mülbersted (19 de fevereiro de 2019). «Uma experiência com educação intercultural indígena: entrevista com a professora Joziléia Daniza Kaingang». Roteiro (1): 1–12. ISSN 2177-6059. doi:10.18593/r.v44i1.16997. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ «As 5 mulheres que exercem mandato coletivo na Capital». Imagem da Ilha. 10 de março de 2021. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ Gambôa, Róbinson (16 de novembro de 2022). «SC na COP 27: Joziléia Kaingang discute questões indígenas no Egito». Guararema News. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ «Cimi Regional Sul divulga nota sobre agressões sofridas pela liderança Joziléia Kaingang». Brasil de Fato - Rio Grande do Sul. 24 de novembro de 2022. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ «Nota de apoio à companheira e liderança indígena, Jozileia Kaingang». Abong. 24 de novembro de 2022. Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ Spezia, Adi (24 de novembro de 2022). «Cimi Regional Sul repudia agressões racistas feitas contra a liderança indígena Joziléia Kaingang | Cimi». Consultado em 7 de dezembro de 2023
- ↑ Gambôa, Róbinson (1 de dezembro de 2023). «Indígena catarinense Jozileia Kaingang fala na COP 28 em Dubai». Guararema News. Consultado em 7 de dezembro de 2023