Julgamentos de crimes de guerra de Khabarovsk
Os julgamentos de crimes de guerras de Khabarovsk foram audiências realizadas entre 25 e 31 de dezembro de 1949, na cidade industrial de Khabarovsk (Хабáровск), a maior cidade do Extremo Oriente Russo (Дáльний Востóк) adjacente ao Japão. Ali, doze membros do Exército de Guangdong japonês foram julgados como criminosos de guerra pela fabricação e uso de armas biológicas durante a Segunda Guerra Mundial. Durante os julgamentos, o acusado, como o major-geral Kiyoshi Kawashima, declarou que, já em 1941, cerca de 40 membros da Unidade 731 jogaram pulgas contaminadas por peste em Changde. Essas operações causaram surtos de peste epidêmica.[1] Todos os 12 criminosos de guerra acusados foram declarados culpados e condenados a penas que variam entre dois e 25 anos em um campo de trabalho. Em 1956, aqueles que ainda estavam cumprindo a sentença foram libertados e repatriados ao Japão.
De acordo com um especialista em bioética: "Apesar do seu forte tom ideológico e de muitas deficiências óbvias, como a falta de participação internacional, o julgamento estabeleceu sem dúvida razoável que o Exército Imperial Japonês preparou e utilizou armas bacteriológicas e que pesquisadores japoneses haviam conduzido experiências cruéis sobre a vida de seres humanos. No entanto, o julgamento, juntamente com a evidência apresentada ao tribunal e suas principais descobertas - que se mostraram incrivelmente precisas - foi desacreditado como propaganda comunista e totalmente ignorado no Ocidente até os anos 1980."[2]
O historiador Sheldon Harris descreveu o julgamento em sua história da Unidade 731: "As evidências apresentadas durante as audiências basearam-se em 18 volumes de interrogatórios e material documentário reunidos em investigações nos quatro anos anteriores. Alguns dos volumes incluíram mais de 400 páginas de depoimentos ... Ao contrário dos Processos de Moscou da década de 1930, as confissões japonesas feitas no julgamento de Khabarovsk foram baseadas em fatos e não na fantasia de seus manipuladores".[3]
Um dos especialistas dos promotores soviéticos durante o julgamento, N. N. Zhukov-Verezhnikov, mais tarde serviu no painel de cientistas, liderado por Joseph Needham, que investigou alegações chinesas e norte-coreanas de guerra biológica na Guerra da Coreia, realizadas pelos Estados Unidos.[4]
Ver também
editarReferências
- ↑ Daniel Barenblatt, A Plague upon Humanity, HarperCollins, 2004, pp. 220-221.
- ↑ Jing-Bao Nie, “The West’s Dismissal of the Khabarovsk trial as “Communist Propaganda”: Ideology, evidence and international bioethics,” in Journal of Bioethical Inquiry, April 2004, Volume 1, Issue 1, pp 32-42.
- ↑ Sheldon H. Harris, "Factories of Death: Japanese Biological Warfare, 1932–1945, and the American Cover-up (rev. ed)", Routledge, 2002, p. 318.
- ↑ G. Cameron Hurst III, "Biological Weapons: The United States and the Korean War," in "Dark Medicine: Rationalizing Unethical Medical Research" (eds. William R. LaFleur, Susumu Shimazono), Indiana University Press, 2008, pp. 105-120
Bibliografia
editar- Boris G. Yudin, Research on humans at the Khabarovsk War Crimes Trial, in: Japan's Wartime Medical Atrocities: Comparative Inquiries in Science, History, and Ethics (Asia's Transformations), Jing Bao Nie, Nanyan Guo, Mark Selden, Arthur Kleinman (Editors); Routledge, 2010, ISBN 0-415-58377-2
- Materials on the Trial of Former Servicemen of the Japanese Army Charged with Manufacturing and Employing Bacteriological Weapons, Foreign Languages Publishing House, 1950, 535 pp.