Junta do Reino da Galiza
A Junta, Junta Geral, Juntas ou Cortes do Reino da Galiza (em galego: Xunta, Xunta Xeral, Xuntas ou Cortes do Reino de Galicia)[1] foi a assembleia representativa do Reino da Galiza[2] no século XV, tendo-se originado como uma assembleia geral de todos os poderes do Reino para constituir as irmandades[3] e até 1834, quando o Reino e a sua Junta Geral foram oficialmente desmantelados por decreto real. A 18 de junho de 1808, a Junta do Reino da Galiza declarou-se como a autoridade suprema do Reino, durante a Guerra Peninsular e devido à abdicação do Rei, até a Galiza ser conquistada pelas tropas napoleónicas em 1809.[4]
História
editarInicialmente, as Juntas Gerais do Reino da Galiza (Juntas Generales del Reino de Galicia) eram uma assembleia, onde reuniam-se os representantes dos três Estados do Reino (nobres, clérigos e plebeus). Mas logo depois que acompanhou a evolução impulsionada pelo rei de Espanha nas outras instituições representativas, como as Cortes de Castela, tornou-se então monopolizada pela burguesia e pela baixa nobreza (os fidalgos), que controlavam a maior parte dos conselhos das cidades e vilas locais do Reino e às custas da Igreja e nobreza.[5] A partir de 1599, a composição da assembleia tornou-se fixa e reduzida a apenas sete deputados, cada um representava uma das províncias do Reino e eram nomeados pelo conselho da capital da província, Santiago de Compostela, Corunha, Betanzos, Lugo, Mondoñedo, Ourense e Tui,[4] de entre os seus membros. Outras cidades como Viveiro e Pontevedra, tentaram durante os séculos XVII e XVIII recuperar um representante direto na assembleia, mas sem sucesso.[6]
A Junta, embora tivesse pouca intervenção direta no processo legislativo[7] e pouco controlo sobre a administração real,[8] podia contudo levantar exércitos, navios e impostos, conceder ou negar as petições do rei em nome de todos os poderes locais do Reino; a assembleia também podia apresentar petições ao próprio rei, sendo esta a representação habitual que era usada para modificar ou aprovar as leis, ou para promover os interesses do Reino. A Junta foi também reconhecida como a voz representativa do Reino e o o depositário das suas tradições e direitos (fóruns).[9]
Não obstante, o rei nunca consentiu com a petição da assembleia para atender à vontade e a partir de 1637 decretou que as reuniões da assembleia só podiam ocorrer na presença de um representante da monarquia, com direito à palavra, geralmente o capitão-general e governador do Reino, de modo a tentar manter mais controlo sobre a instituição e os seus acordos.[10] Durante o século XVIII, com a instauração dos monarcas absolutistas da Casa de Bourbon, a Junta foi progressivamente privada dos seus poderes.
Referências
- ↑ Montero 1998, p. 475–476
- ↑ A partir do século XIII, o Reino da Galiza uniu-se ao Reino de Castela sob a mesma Coroa.
- ↑ Barros, Carlos. «As orixes medievais da Xunta de Galicia» (em galego). Universidade de Santiago de Compostela. Consultado em 20 de setembro de 2016. Arquivado do original em 5 de fevereiro de 2005
- ↑ a b Montero 1998, p. 29
- ↑ Montero 1998, p. 46–47
- ↑ Montero 1998, p. 48
- ↑ Goodman 2002, p. 80
- ↑ Foi somente em algumas ocasiões que o rei permitiu aos deputados a supervisão do trabalho da Real Audiência do Reino da Galiza. Cf. Montero 1998, p. 258–289.
- ↑ Montero 1998, p. 15
- ↑ Montero 1998, p. 147
Bibliografia
editar- Montero, Manuel María de Artaza (1998). Rey, reino y representación. La Junta General del Reino de Galicia (em espanhol). Madrid: Conselho Superior de Investigações Científicas. ISBN 84-00-07779-2
- Alegre, Enrique Fernández-Villamil (1962). Juntas del Reino de Galicia: historia de su nacimiento, actuaciones y extinción (em espanhol). Madrid: Instituto de Estudos Políticos
- Goodman, David (2002). Spanish Naval Power, 1589-1665: Reconstruction and Defeat (em inglês). Cantabrígia: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-52257-1