L'après-midi d'un faune
L'après-midi d'un faune (O entardecer de um fauno, ou, como prefere Dante Milano, a sesta de um fauno[1]) é um poema do autor francês Stéphane Mallarmé (a que classificou de écloga), mais conhecido por ser um marco na história do simbolismo na literatura francesa. Paul Valéry considerou-o como o maior poema da literatura da França.[2]
Versões iniciais do poema foram escritas entre 1865 (a primeira menção ao poema é feita numa carta escrita por Mellarmé para Henri Cazalis em junho de 1865) e 1867, e o texto final foi publicado em 1876. Descreve ali as experiências sensuais de um fauno que acaba justamente de acordar após a sesta e discorre sobre seus encontros com várias ninfas durante a manhã, como num monólogo onírico.
O poema de Mallarmé serviu de inspiração para a composição do poema sinfônico Prélude à l'après-midi d'un faune, de Claude Debussy e daí para o balé L'après-midi d'un faune de Vaslav Nijinsky; estes dois trabalhos foram de grande significado para o desenvolvimento do modernismo nas artes.
O Poema (excertos)
editarToda poesia sofre bastante com a tradução; este poema apresenta especial dificuldade, em parte porque muitas palavras e frases estão cheias de lirismo que perdem sua precisão. A tradução abaixo foi feita pelo professor José Lourenço de Oliveira, em 1959 e "achada ruim", pelo mesmo.[3]
- "Estas ninfas quero eu perpetuar.
- Tão puro, o seu claro rubor,
- que volteia no duro ar
- pesando a sopor.
- Foi um sonho o que amei?
- Massa de velha noite, essa dúvida sei,
- muito ramo subtil estendendo,
- provava meu engano infeliz,
- que enganado tomava por triunfo,
- afinal um pecado de rosas.
- Reflitamos.
(…)
- Frauta maligna, órgão de fugas, sem ledice,
- vai, fístula, florir no lago e ali me aguarda.
- Eu, cheio de rumor altivo, já me tarda
- falar de deusas; por idólatras pinturas,
- de suas sombras irei tomar-lhes as cinturas.
- Assim, quando ao racimo extraio-lhe a substância /sorvo
- e contra a mágoa apuro a minha vigilância,
- e rindo soergo no ar o já vazio cacho e,
- na pele de luz assoprando,
- eu me acho, -ébrio- ,capaz de
- então a tarde toda o olhar."
Notas
- ↑ Análise da obra e do autor, por Luiz Alberto Sanz (acesso em novembro de 2008)
- ↑ Weinfield, Henry. Stephane Mallarme, Collected Poems. Translated with commentary. 1994, University of California Press. Pg. 179. (em inglês)
- ↑ A Tarde de um Fauno, página da UFMG, acessada em novembro de 2008(em português)
Bibliografia
editar- Hendrik Lücke: Mallarmé - Debussy. Eine vergleichende Studie zur Kunstanschauung am Beispiel von „L'Après-midi d'un Faune“. Studien zur Musikwissenschaft, Bd. 4. Hamburg 2005, ISBN 3-8300-1685-9.
Ligações externas
editar- «O poema». conforme o original, no wikisource francófono.