La Divina Increnca
La Divina Increnca é um livro de prosas e poemas cômicos, considerado a maior obra de Juó Bananère.[1] Foi publicado em 1924, baseado em uma mistura linguística ocorrida em São Paulo em consequência da colonização italiana,[2] constituindo-se em uma paródia da obra La Divina Commedia, de Dante Alighieri.
La Divina Increnca | |
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A Divina Encrenca | |
Autor(es) | Juó Bananère |
Idioma | Ítalo-paulista variável[nota 1] |
País | ![]() |
Editora | Livraria do Globo |
Lançamento | 1924 |
Características e legado
editarA obra La Divina Increnca se caracteriza por sua independência artística e originalidade, oferecendo uma visão cômica e crítica da sociedade.[3] Além do aspecto satírico, a produção do autor destaca-se pela relevância de seus elementos linguísticos e pela releitura histórica da cidade de São Paulo e, em um contexto mais amplo, do Brasil.[3] A influência de Bananére estendeu-se ao Modernismo, contribuindo para a consolidação de um movimento literário que abordava questões sociais e a identidade nacional.[3]
No campo da música, o livro inspirou a criação da banda brasileira homônima - La Divina Increnca - uma das integrantes da Vanguarda Paulista Instrumental (VPI) no final da década de 1970 e início dos anos 1980.[4][5] Destacou-se por sua abordagem experimental e inovadora, alinhada às transformações do cenário musical brasileiro naquele período e sua sonoridade incorporava elementos do jazz fusion e da música popular instrumental, explorando novas possibilidades dentro da produção independente.[4] Além de evocar o tom irreverente e satírico característico da literatura do autor, o nome também sugeria uma postura estética ousada e desafiadora, sendo essa atitude um reflexo do espírito criativo e iconoclasta presente na cena da VPI.[4][5]
Leituras adicionais
editar- Lanciani, G. (1997). Da Nanetto Pipetta a La Divina Increnca di Juó Bananére. In C. Camplani, C. Camplani Costa, M. Sánchez y P. Spinato (Eds.), Italia, Iberia y el Nuevo Mundo (pp. 107-116). Roma: Bulzoni.
- PEREIRA, Helena Bonito. Modernismo brasileiro à italiana: Brás, Bexiga e Barra Funda e La divina increnca. Literartes, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 19, p. 81–98, 2023. DOI: 10.11606/issn.2316-9826.literartes.2023.217005. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/literartes/article/view/217005.. Acesso em: 28 jan. 2025.
- da Rosa, M. E. M., & Fonseca, O. (2016). La Divina Increnca: a sátira da sociedade do século XX. Disciplinarum Scientia | Artes, Letras E Comunicação, 2(1), 59–73.
Notas
- ↑ O autor nunca utilizou de um padrão linguístico, mas formas variadas. Por exemplo, para "São Paulo" ele utiliza as formas Zan Baolo, Zan Baulo e Zan Paolo; para “em cima” há as formas ingoppa, ingopa e inzima; para “menino” há formas como guaglió e minino; etc.
Referências
- ↑ Significação do conhecimento e sequência expandida: uma proposta criativa para trabalhar com textos literários. [S.l.: s.n.] 2015. p. 20
- ↑ Significação do conhecimento e sequência expandida: uma proposta criativa para trabalhar com textos literários. [S.l.: s.n.] 2015. p. 337
- ↑ a b c Rosa, Maria Eneida Matos da; Fonseca, Orlando (2001). «La Divina Increnca: a sátira da sociedade do século XX». Disciplinarum Scientia | Artes, Letras e Comunicação (1): 59–73. ISSN 2177-0948. Consultado em 29 de janeiro de 2025
- ↑ a b c Ruiz, Renan Branco (2021). «A Vanguarda Paulista Instrumental: jazz e música popular brasileira instrumental na grande São Paulo (1976-1986)». Música Popular em Revista. 8: 27
- ↑ a b Bárbara (14 de maio de 2021). «Uma dicção muito peculiar». Sesc São Paulo. Consultado em 29 de janeiro de 2025