Paul-Émile Lecoq de Boisbaudran

químico francês
(Redirecionado de Lecoq de Boisbaudran)

Paul-Émile Lecoq de Boisbaudran (18 de abril de 183828 de maio de 1912) foi um químico francês. É conhecido por suas descobertas dos elementos químicos gálio, samário e disprósio.[1]

P. E. F. Lecoq de Boisbaudran
Paul-Émile Lecoq de Boisbaudran
Conhecido(a) por Descobridor do gálio, samário e disprósio
Nascimento 18 de abril de 1838
Cognac, França
Morte 28 de maio de 1912 (74 anos)
Paris, França
Prêmios Medalha Davy (1879)
Campo(s) Química, espectroscopia

Biografia

editar

De Boisbaudran pertencia à antiga nobreza protestante abastada, a qual, porém, desapareceu após a revogação do Édito de Nantes. Os bens da família foram vendidos e o seu pai Paul começou um negócio de vinhos em Cognac. Este projeto requeria a energia de toda a família incluindo o jovem Pierre-Émile. A sua mãe havia tido uma boa educação e ensinou-lhe história e línguas estrangeiras. Estudou alguns cursos na École Polytechnique lendo as sebentas correspondentes e equipou um modesto laboratório onde começou a replicar as experiências sobre as quais lera nos livros. Foi neste laboratório que fez as suas primeiras descobertas, incluindo o isolamento do gálio.[1]

O seu trabalho inicial focava-se sobre a sobressaturação de soluções. Demonstrou que a sobressaturação é destruída pelo contacto com cristais de um sal isomorfo, e que é possível preparar soluções de sais anidros num estado de sobressaturação (1866-1869). Em 1874 descobriu que as faces octaédricas são menos solúveis que as faces cúbicas, no caso dos cristais de alúmen de amónio, e publica Spectres lumineux, spectres prismatiques, et en longueurs d'ondes destinés aux recherche de chimie minérale, uma das obras fundadoras da espectroscopia. Os seus trabalhos principais, porém, relacionam-se com as espectroscopia e a sua aplicação aos elementos terras-raras. Ele analisou os espectros de 35 elementos, usando o bico de Bunsen, faíscas elétricas ou ambos para induzir luminescência e desta maneira descobriu os lantanídios samário (1879) e disprósio (1886) e európio (1890), embora a descoberta deste último elemento não lhe seja creditada. Foi também o primeiro a isolar o gadolínio (1885), elemento descoberto em 1880 por J.C. Galissard de Marignac.[1]

Contudo, o seu trabalho mais notável foi a descoberta do gálio. Em 1875 havia obtido vários miligramas de cloreto de gálio, extraído de uma amostra de 52 kg de minério, e nele encontrou novas linhas espectrais. Continuou as experiências usando várias centenas de quilogramas de minério de zinco dos Pireneus e nesse mesmo ano isolou mais de um grama do metal puro por eletrólise de uma solução do seu hidróxido em hidróxido de potássio. Mais tarde preparou 75 gramas de gálio a partir de mais de 4 toneladas de minério. Calculou que o peso atómico do gálio seria 69,86, próximo do valor atualmente aceite de 69,723(1). Por este seu trabalho, recebeu a Cruz da Legião de Honra, a Medalha Davy (1879) e o Prémio Lacaze no valor de 10 000 francos. Foi eleito membro estrangeiro da Royal Society em 1888. Foi mais tarde dito que havia designado o elemento em honra a si próprio, pois gallus é a tradução para o latim do francês "le coq", mas Lecoq negou tal afirmação num artigo em 1877 e assegurou que o nome do elemento tinha origem no termo latino para a Gália, Gallia. A existência do gálio havia sido prevista em 1871 por Dmitri Mendeleev, que lhe chamara eka-alumínio, e a sua descoberta foi um impulso para a teoria da tabela periódica de Mendeleev. .[1]

Contribuiu adicionalmente para o desenvolvimento da classificação periódica dos elementos ao propor, pouco tempo após a sua descoberta, que o árgon era membro de uma nova série química de elementos, que mais tarde viriam a ser conhecidos como gases nobres. Após 1895, os deveres familiares e a sua saúde debilitada limitaram o seu trabalho. Sofria de anquilose articular e faleceu em 1912, com 74 anos de idade.[1]

Referências

  1. a b c d e W. Ramsay, Joji Sakurai, K. J. P. Orton, Theodore W. Richards, W. F. Reid, Arthur R. Ling, J. T. Dunn, J. N. Collie and F. Gowland Hopkins (1913). «Obituary notices: Paul Émile (dit François) Lecoq de Boisbaudran, 1838–1912; Edward Divers, 1837–1912; Humphrey Owen Jones, F.R.S., 1878–1912; John William Mallet, 1832–1912; Henry de Mosenthal, 1850–1912; Benjamin Edward Reina Newlands, 1842–1912; John Pattinson, 1828–1912; Arthur Richardson, 1858–1912; John Wade, 1864–1912; William Ord Wootton, 1884–1912». J. Chem. Soc., Trans. 103: 742–744. doi:10.1039/CT9130300742 
  • Gardiner, J. H. (1912). «M. Lecoq De Boisbaudran.». Nature. 90 (2244). 255 páginas. doi:10.1038/090255a0