Lei da situação
Compõe o âmbito de Liderança dentro do Comportamento Organizacional. Foi publicada no livro The Giving of Orders (1924). [carece de fontes]
Tal filosofia foi baseada no conceito de partnership (sociedade), que revolucionou a história da administração, pois reduz a autoridade e a decisão do gerente a apenas um dos elementos do processo global de autoridade e decisão, modificando sensivelmente o conceito tradicional de liderança.[1]
A lei da situação consiste em uma teoria desenvolvida por Mary Parker Follet que estuda o foco na resolução de problemas, baseados nas situações existentes entre indivíduos em uma empresa, ou ambiente que estejam se relacionando. Segundo a autora, apenas “dar ordens”, visando solucionar problemas ou conflitos internos no trabalho não é o suficiente pois acaba se tornando uma rotina que prejudica tanto os que dão uma ordem, e os que a recebem. Existem casos em que o responsável se acomoda tanto em um patamar que seu único trabalho é dar ordens, e esse ato acaba se tornando automático e perdendo seu real sentido e propósito, que é ensinar e instruir os indivíduos.[3][4]
As maiores implicações existentes no ato de dar ordens e de recebê-las é que, normalmente, isso se vincula de uma maneira grandiosa à hierarquia de uma empresa, onde o cargo mais baixo estará cada vez mais suscetível a receber ordens de quem está níveis acima dele. Mary Parker Follet deixa explícito que a lei da situação tem o objetivo de quebrar esses paradigmas hierárquicos e fazer com os problemas sejam resolvidos tendo sua respectiva situação analisada, independente se for entre um chefe e um assistente. É nítido que as ordens devem ser tomadas de acordo com o conhecimento do indivíduo envolvido na situação, e isso deve ser respeitado.[5]
Cada situação apresenta um ponto específico, um problema, e se é preciso que isso seja resolvido, tanto o chefe quanto o funcionário estão a mercê dessa situação e da lei presente na mesma, devendo assim não obedecer a ordem um do outro, mas sim a ordem que a situação exige que seja obedecida.[6]
O objetivo da lei da situação, defendida por Mary, é que o gestor de uma equipe deixe de dar valor aos fatores subjetivos envolvidos em uma ordem (sua vontade pessoal e não racional, por exemplo). Ao invés disso, ele precisa atentar-se nos dados presentes naquele momento e no contexto, se necessário justificar a ordem que está sendo dada a seus funcionários.[10]
Desta maneira, qualquer conflito gerado dentro de uma organização deve ser tratado pelos seus aspectos situacionais e não em uma lei ou norma universal e preexistente.[11]
O consultor João Bosco Lodi comenta em um texto sobre as ideias de Follet
"Tal visão reduzia a autoridade e a decisão do gerente a (apenas) um elemento do processo global de autoridade e decisão. E, reproduzido as palavras da própria autora: Tantas coisas contribuem para as decisões administrativas antes do papel que o chefe tem nas mesmas - o qual, na realidade não passa algumas vezes da mera promulgação oficial da decisão.. (..) A decisão executiva é um momento no processo.[12]"
Prática
editarNa prática, essa teoria seria aplicada na resolução de conflitos dentro de uma empresa ou grupo. A partir do momento que o atrito for gerado, ou que uma ordem precise ser dada, deve-se nortear pela situação em si, e não por suas emoções pessoais. É errado pensar que todo conflito e toda ordem deve ser dado e cumprido da mesma forma, tanto por gestores quanto por subordinados diferentes. Cada indivíduo responde de uma maneira a esses conflitos, portanto é importante que essa peculiaridade de tratamento seja respeitada e cumprida dentro das organizações.
Mary Parker Follet também cita que existe um comportamento circular entre as pessoas, isto significa que no momento em que uma ideia é dada por algum indivíduo, logo em seguida, algum outro indivíduo que está incluso nessa conversa vai se sentir no direito de confrontar e dar sua opinião específica sobre a situação, tendo assim uma exposição de ideias e argumentos entre as pessoas. Na lei da situação o que ocorre é que essas diferentes ideias se integram e se ajudam entre si, e não apenas uma domina a outra, como acontece quando as ordens são somente dadas por um superior, sem que haja uma explicação sobre o ocorrido e uma análise mais aprofundada. E com a ajuda mútua os colaboradores conseguem entender todos os pontos necessários para a tomada e decisão, além de agregar conhecimento por meio da aprendizagem.
Quando existe um problema no meio de uma sociedade, o que deve ser analisado e levado em conta é a participação de todos os envolvidos no conflito, e não uma adaptação de quem possui mais autoridade de solucionar um caso de forma individual.
Autora
editarMary Parker Follett (Quincy, 1868 — Massachusetts, 1933) foi uma autora norte-americana que abordou diversos temas relativos à administração, na chamada Escola das Relações Humanas.
Também ficou conhecida como a “profeta da gestão” e era formada em filosofia, direito, economia e administração pública.[13]
Foi autora de diversos livros e artigos, como:
- The Speaker of the House of Representatives(1896)[14]
- The New State (1918)[15]
- Creative Experience (1924)[16]
- The Giving of Orders (1924)
- Dynamic Administration: The Collected Papers of Mary Parker Follett (1942) [17]
A lei da situação fez parte de seu livro, The Giving of Orders (1924)
Referências
- ↑ CHAMON, Edna Maria Querido de Oliveira – Gestão Integrada de Organizações - Brasport, Rio de Janeiro – RJ – 2008
- ↑ Law of the situation - Business Dictionary
- ↑ GRAHAM, Pauline – Mary Parker Follett Prophet of Management – Beard Books – Washington – DC - 1995
- ↑ Barclay, Laurie (2005). "Following In The Footsteps Of Mary Parker Follett: Exploring How Insights From The Past Can Advance Organizational Justice Theory And Research". Journal of Management History.
- ↑ Follet, M.P (1926), "The Giving of Orders", in Dynamic Administration; The Collected Works of Mary Parker Follet. Henry C. Metcalf and L. Urwick, Eds. New York: Harper and Borthers Publishers, 1941: 65-66
- ↑ Mendenhall, Marsh, Mark E, W. Jeffrey (2010). "Voices From The Past: Mary Parker Follett And Joseph Smith On Collaborative Leadership". Journal of Management Inquiry.
- ↑ BURTON, John - Managing Residential Care – Editora Routledge – New York – NY – 2006
- ↑ LISBOA, João; COELHO Arnaldo; COELHO Filipe, ALMEIDA Filipe - Introdução à Gestão de Organizações - 3ª Edição - Vida Econômica Editorial – 2011
- ↑ OLIVEIRA, Marco A. - Comportamento Organizacional Para a Gestão de Pessoas - Como Agem as Empresas e Seus Gestores. Editora Saraiva, 2010. pp. 271-272
- ↑ Nohria, Nitin. "Mary Parker Follett’s view on power, the giving of orders, and authority: An alternative to hierarchy or a utopian ideology." Mary Parker Follett–Prophet of Management (1995): 154-62.
- ↑ CHIAVENATO, Idalberto – Introduçao a Teoria Geral Da Administraçao Editora Elsevier – Rio de Janeiro – RJ - 2004
- ↑ Apud LODI, João Bosco. Historia da administração, São Paulo, Pioneira, 1971. p. 82
- ↑ Mary Parker Follet: a profetisa da Administração
- ↑ Follett, Mary Parker. The Speaker of the House of Representatives. CreateSpace Independent Publishing Platform.
- ↑ Follett, M.P. The New State. Evergreen Review, Inc.
- ↑ Follett, M.P. Creative Experience. Martino Fine Books.
- ↑ Follett, Henry C. Dynamic Administration: The Collected Papers of Mary Parker Follett. Routledge