Leonor Fini

pintora, designer, ilustradora e escritora argentina

Leonor Fini (Buenos Aires, 30 de agosto de 1907Paris, 18 de janeiro de 1996) foi uma pintora, designer, ilustradora e escritora argentina, conhecida por suas ilustrações sensuais de mulheres.

Leonor Fini
Leonor Fini
Nascimento 30 de agosto de 1907
Buenos Aires, Argentina
Morte 18 de janeiro de 1996 (88 anos)
Paris, França
Nacionalidade argentina
Área Pintura, design e ilustração
Movimento(s) Surrealismo

Biografia

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Leonor nasceu na capital argentina, em 1907. Era filha de Malvina Braun Dubich e de Herminio Fini, ambos naturais da Itália. Herminio era um homem bonito, rico, mas de temperamento tirânico e muito religioso. Malvina era infeliz no casamento e 18 meses depois do nascimento de Leonor, ela voltou para Trieste, levando a filha. Leonor cresceu nessa cidade, tendo sido expulsa de várias escolas por seu comportamento rebelde.[1]

Como católico, Herminio se recusava a se divorciar de Malvina, que só lhe foi concedido através de um tribunal na Itália, em 1919. A batalha pela custódia de Leonor levou sua mãe a fugir constantemente do ex-marido e a se disfarçar para andar na rua. Quando adolescente, Leonor teve uma infecção nos olhos e precisou usar bandagens nos dois, precisando de ajuda da mãe para fazer suas tarefas. Ao se recuperar, ela decidiu se tornar uma artista.[1][2][3][4]

Aos 17 anos, Leonor se mudou para Milão e depois para Paris. Na capital francesa, ela fez amizade com Carlo Carrà e Giorgio de Chirico, grandes influenciadores de seu trabalho. Conheceu também Paul Éluard, Max Ernst, Georges Bataille, Henri Cartier-Bresson, Picasso, André Pieyre de Mandiargues e Salvador Dalí. Viajou pela Europa de carro com Mandiargues e Cartier-Bresson.[5]

Carreira

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Leonor não tinha qualquer formação em arte, ainda que tivesse familiaridade com a Renascença e com o Maneirismo. Aos 17 anos, ela teve uma de suas telas exposta em uma galeria de Trieste e recebeu encomendas de retratos de autoridades de Milão, onde teve sua primeira exposição na Galeria Barbaroux, em 1929.[3]

Sua primeira grande exposição foi em Nova Iorque, em 1936, na Galeria Julien Levy. Leonor fazia parte de uma geração pré-guerra de artistas parisienses, tendo sido muito importante para o movimento surrealista, embora às vezes seja esquecida em favor de seus contemporâneos do sexo masculino.[6] em 1943, seu nome foi incluído por Peggy Guggenheim na exposição 31 Women, na Galeria Art of This Century, em Nova Iorque.[7]

Em 1949, Frederick Ashton coreografou um balé idealizado por Leonor, chamado Le Rêve de Leonor, com música de Benjamin Britten. Em Londres, ela expôs seu trabalho na Galeria Kaplan, em 1960 e na Galeria Hanover, em 1967. No verão de 1986, uma retropesctiva de sua carreira e trabalhos foi feita em uma exposição no Museu de Luxemburgo, em Paris, com mais de 5 mil visitantes ao dai. Leonor produziu mais de 260 trabalhos variados ao longo da carreira.[8]

Seu trabalho nem sempre se encaixava na concepção popular típica de surrealismo, às vezes explorando o tema da 'femme fatale' sem qualquer imagem particularmente ambígua ou monstruosa. No entanto, frequentemente incluía símbolos como esfinges, lobisomens e bruxas.[9] Muitos de seus personagens em suas pinturas eram mulheres ou seres andróginos.[10]

Fini também teve seu trabalho apresentado em uma exposição intitulada "Mulheres, Surrealismo e Auto-representação" no Museu de Arte Moderna de São Francisco, em 1999.[12]

Na tentativa de subverter os papéis impostos pela sociedade, Leonor abandonou as representações de mulheres frágeis, inocentes ou fatais em favor de deusas inspiradas na mitologia grega. Ela se dedicou a pintar figuras femininas que não podiam ser categorizadas, julgadas ou definidas moral ou sexualmente. Sua arte foi descrita como um desafio aos ideais de Breton e um eco de sua obrigação de se disfarçar durante a infância.[13]

Leonor pintou retratos de Jean Genet, Anna Magnani, Jacques Audiberti, Alida Valli, o joalheiro Jean Schlumberger e Suzanne Flon e de várias celebridades da elite artística de Paris. Na década de 1930, Leonor começou a aceitar trabalhos em design para aumentar sua renda. Enquanto trabalhava com Elsa Schiaparelli, ela criou um frasco para o perfume "Shocking", que se tornou um dos mais vendidos da perfumista e se tornou uma inspiração para Jean-Paul Gaultier e seus perfumes com frascos de torsos femininos.[14]

Entre 1944 e 1972, o trabalho principal de Leonor era com figurinos para filmes e produções teatrais e logo ela se tornou muito conhecida por seu senso de moda aparecendo em colunas de fofocas de revistas. Leonor passou a se interessar pela criação de trajes híbridos de humano e animal que ela desenhou para seu balé de 1949, Leonors Dream. Leonor também desenhou figurinos para filmes, como Romeu e Julieta (1954), de Renato Castellani e A Walk with Love and Death (1968), de John Huston.[15]

Escrita

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Na década de 1970, Leonor escreveu três livros: Rogomelec, Moumour, Contes pour enfants velu e Oneiropompe. Era amiga de vários escritores e artistas como Jean Cocteau, Giorgio de Chirico, Alberto Moravia e Fabrizio Clerici. Leonor ilustrou livros de vários poetas e escritores como Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire e Shakespeare, além de autores contemporâneos, como Lise Deharme. Um de seus trabalhos mais conhecidos são as ilustrações sexualmente explícitas do livro História d'O, de Anne Cécile Desclos.[16]

Vida pessoal

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Leonor era abertamente bissexual e tinha um relacionamento poliamoroso.[17] Foi casada por um curto período com Federico Veneziani, mas eles se divorciaram quando ela conheceu o conde Stanislao Lepri, que abandonou sua carreira diplomática para viver com Leonor. Pouco depois ela conheceu e se envolveu com o escritor polonês Konstanty Jeleński. Leonor, Lepri e Jeleński foram morar juntos em outubro de 1952 e foram inseparáveis até o fim.[18]

Leonor morreu em 18 de janeiro de 1996, em um hospital de Paris, aos 88 anos, devido a uma pneumonia.[20]

Referências

  1. a b Webb, Peter (2009). Sphinx: The Life and Art of Leonor Fini. Nova York: Vendome Press. ISBN 978-0865652552 
  2. Nancy, Heller (2003). Women artists: an illustrated history. Nova York: Abbeville Press. ISBN 0789207680 
  3. a b Keith Aspley (ed.). «Historical Dictionary of Surrealism». ProQuest Ebook Central. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  4. Harris, Ann Sutherland (1976). Women Artists, 1550-1950. Nova York: Museum Associates of the Los Angeles County Museum of Art. p. 329. ISBN 0-394-41169-2 
  5. «Leonor Fini at CFM Gallery». CFM Gallery. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  6. Jenna Adrian-Diaz, ed. (5 de dezembro de 2018). «Meet Leonor Fini, the Surrealist Sidelined for Subverting Gender Norms». Vulture. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  7. Butler, Cornelia H.; Schwartz, Alexandra (2010). Modern Women: Women Artists at The Museum of Modern Art. Nova York: Museum of Modern Art. p. 45. ISBN 9780870707711 
  8. Webb, Peter (1986). «Leonor Fini Retrospective». The Burlington Magazine. 128 (1002): 699–700. JSTOR 882766 
  9. Grew, Rachael V. (2010). Sphinxes, witches and little girls: reconsidering the female monster in the art of Leonor Fini. [S.l.]: Inter-Disciplinary Press. ISBN 9781904710950 
  10. Daniel McDermon, ed. (6 de junho de 2018). «Sex, Surrealism and de Sade: The Forgotten Female Artist Leonor Fini». The New York Times. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  11. Chadwick, Whitney (2018). «Fini, Leonor». Oxford University Press. doi:10.1093/gao/9781884446054.article.t028295 
  12. Rapoport, Sonya; Williams, Barbara Lee (1999). «Women, Surrealism, and Self-Representation: San Francisco Museum of Modern Art». Leonardo. 32 (4): 333–335. doi:10.1162/leon.1999.32.4.333c 
  13. Laurianne Simonin (ed.). «Leonor Fini: 6 Little Known Facts». Barnebys Magazine. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  14. «Gaultier's Message In A Bottle». Lingerie Talk. 15 de julho de 2013. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  15. Grew, Rachael (2019). «Leonor Fini and dressing up: An act of creativity». Woman's Art Journal. 40 (1): 13 - 20. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  16. Rosalind Jana, ed. (9 de outubro de 2018). «The 20th-Century Artist Who Challenged the Myth of Womanhood». Another Mag. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  17. Scott, Tor (8 de março de 2019). «Leonor Fini – Author and Artist». The Heroine Collective. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  18. Webb, Peter (2009). Sphinx: The Life and Art of Leonor Fini. [S.l.: s.n.] pp. 88–98. ISBN 978-0865652552 
  19. Priscilla Frank, ed. (30 de julho de 2015). «7 Forgotten Women Surrealists Who Deserve To Be Remembered». Huffington Post. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  20. Marilyn August (ed.). «Eccentric Artist, Set Designer Leonor Fini Dead At 87». Associated Press. Consultado em 21 de setembro de 2021 

Ligações externas

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