Licáon ou Licaonte (do grego Λυκάων) na mitologia grega era filho de Pelasgo, primeiro rei mítico da Arcádia. Segundo Pausânias (geógrafo), Licáon foi rei da Arcádia no tempo que Cécrope I foi rei de Atenas[1]. Era muito querido por seu povo, pois havia abandonado a vida selvagem que tivera no passado e se tornado um homem culto e muito religioso.

Zeus transformando Licáon em lobisomem, gravura de Hendrik Goltzius.

Fundou a cidade de Licosura, uma das mais antigas da Grécia e nela criou um altar a Zeus, mas sua apaixonada religiosidade o levou a realizar sacrifícios humanos, o que degenerou sua posição. Chegou ao ponto de sacrificar todos os estrangeiros que chegavam a sua casa, violando a sagrada lei da hospitalidade. 

Desaprovando essas aberrações, Zeus, o deus dos deuses, fêz-se passar por um peregrino e hospedou-se em seu palácio. Licaón preparou-se para sacrificá-lo, assim como havia feito com outros em nome de sua religiosidade. Porém, alertado por alguns sinais divinos quis assegurar-se de que o hóspede não era um deus como afirmavam seus temerosos súditos. Para isso mandou cozinhar a carne de um escravo e servir a Zeus. Enfurecido, Zeus transformou Licaón em um lobo[2] e, por ser testemunha de tamanha crueldade, incendiou seu palácio.

Licaón era pai de inúmeros filhos, em torno de cinquenta. Os filhos de Licaón eram tão cruéis quanto o pai e se tornaram famosos por sua insolência e seus crimes. Tão logo ficou sabendo das barbaridades dos filhos de Licaón, Zeus se disfarçou de um velho mendigo e foi ao palácio dos Licaónidas para comprovar os rumores. Os jovens príncipes tiveram a ousadia de assassinar o próprio irmão, Níctimo e servir suas entranhas ao hóspede, misturadas com entranhas de animais.

Zeus descobriu a crueldade e enfurecido converteu todos em lobos, exilando-os, poupando apenas Calisto, a bela ninfa filha de Licaón por quem Zeus se apaixonou, tendo com ela o filho Arcas. Porém, a ciumenta esposa de Zeus, Hera transformou Calisto em uma ursa, mais tarde Zeus a transformou na Constelação da Ursa Maior e seu filho na Ursa menor. Zeus devolveu a vida a Níctimo que sucedeu seu pai no reino da Arcadia. No reinado de Níctimo aconteceu o dilúvio, pois Zeus já estava muito entristecido e desapontado com os seres humanos.

Ver também

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Caixa de sucessão baseada em Pausânias[3][4]

Precedido por
Pelasgo
Reis da Arcádia
durante o reinado deCécrope I em Atenas
Sucedido por
Níctimo

Referências

  1. Descrição da Grécia, 8.2.2, por Pausânias (geógrafo)
  2. Ovídio (2021). Metamorfoses. Livro I. São Paulo: Editora 34. p. 55-63. ISBN 9788573266672 
  3. Descrição da Grécia, 8.2.3, por Pausânias (geógrafo)
  4. Descrição da Grécia, 8.3.1, por Pausânias (geógrafo)
 
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