Linhas Aéreas de Moçambique

Linhas Aéreas de Moçambique, também conhecida pela sua sigla LAM, é uma companhia aérea com sede na cidade de Maputo, Moçambique. A LAM tem como missão o transporte por via aérea de passageiros, carga e correio nos serviços doméstico, regional e internacional, de carácter regular e não-regular.

LAM Linhas Aéreas de Moçambique
IATA TM
ICAO LAM
Indicativo de chamada MOZAMBIQUE[1]
Fundada em 26 de agosto de 1936 (88 anos)
Principais centros
de operações
Aeroporto Internacional de Maputo
Outros centros
de operações
Aeroporto Internacional da Beira
Aeroporto Internacional de Nampula
Programa de milhagem Flamingo Club
Frota 4
Destinos 14
Acionistas 91% - Estado moçambicano; 9% - trabalhadores da LAM
Subsidiária(s) Moçambique Expresso (100%)
Lucro -324 milhões de dólares (2021)
Sede Largo da DETA Nº. 113
Sítio oficial LAM

Histórico

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A atual LAM foi criada pelo governo português em 26 de Agosto de 1936 com a designação de Direcção de Exploração de Transportes Aéreos (DETA), sendo uma divisão de exploração dos CFM (Serviços dos Portos e de Caminhos-de-Ferro de Moçambique). O primeiro voo, entre a então Lourenço Marques e Joanesburgo, teve lugar em 22 de Agosto de 1937.[2] Depois da sua criação, a existência como companhia caracterizou-se por um rápido desenvolvimento, respondendo às necessidades decorrentes da ligação aos países vizinhos, nomeadamente Essuatíni, África do Sul, Maláui e Zimbabué (estes dois últimos integrados na então Federação da Rodésia e Niassalândia).

Após a independência de Moçambique em 1975, a DETA é separada dos CFM e criada a LAM, uma empresa estatal sob tutela do Ministério dos Transportes e Comunicações, em 14 de Maio de 1980.[3]

Pelo decreto Lei Nº 69/98 de 23 de dezembro de 1998, a LAM é transformada em Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, adotando a denominação de LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, S.A.R.L. Assim, o estado moçambicano passa a possuir 91% das ações da nova sociedade formada e os gestores, técnicos e trabalhadores da LAM, os restantes 9% das ações.[3]

Em 2010, empregava 695 trabalhadores, e possuía delegações ou outras formas de representação no país e no estrangeiro, estando dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.[3]

Em 23 de Julho de 2018 os accionistas da companhia demitiram o Conselho De Administração e nomearam João Carlos Pó Jorge como Director-Geral, uma nova posição com poderes acrescidos para lidar com a crise da empresa.[4]

Devido ao agravar da crise da companhia, o governo decidiu, em Abril de 2023, entregar a gestão da LAM a uma comissão de gestores internacionais, que trabalhará com a actual direcção para num período de 12 a 18 meses estabilizar a empresa e permitir então encontrar um parceiro estratégico. Esta decisão foi o resultado de um estudo encomendado pelo governo para apresentar alternativas para o futuro da empresa. Os gestores internacionais pertencem à empresa sul-africana Fly Modern Ark.[5][6]

Marcelino Gildo Aberto foi nomeado o terceiro PCA da empresa em 11 meses, substituindo, em 22 de Janeiro de 2025 a Américo Muchanga. Este tinha, em 10 de Julho de 2024, substituído Theunis Crous o qual tinha assumido o posto de Director Geral Interino aquando da entrada da Fly Modern Ark na gestão da LAM.[7][8]

Em 4 de Fevereiro de 2025, o governo anunciou autorizou a alienação de 91% das suas ações que são propriedade do estado para três empresas públicas, Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE). Estas ações terão um valor estimado de 130 milhões de dólares americanos.[9] Esta operação foi criticada pelo impacto negativo que pode ter nas três empresas em questão, devido ao alto endividamento da LAM, necessitando de um constante apoio financeiro estatal e a sua cultura de corrupção e má governação.[10]

Em 18 de Fevereiro de 2025 a empresa anunciou o cancelamento da rota Maputo-Lisboa devido a prejuízos de 21 milhões de dólares americanos desde 2023. Concomitantemente, foram também suspensas as ligações entre a capital moçambicana e Harare, no Zimbabué, e Lusaka, na Zâmbia.[11]

 
Ilyushin Il-62 da LAM em aproximação final no Aeroporto Internacional de Maputo.

Incidentes

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Voo TM470 em 29 de Novembro 2013

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Na sexta-feira, 29 de Novembro de 2013, o voo TM470 com uma Embraer 190 da LAM desapareceu com 27 passageiros e 6 tripulantes em pleno voo entre Maputo e Luanda. O avião Foi encontrado um dia depois no Parque Nacional de Bwabwata, no norte na Namíbia, junto à fronteira com Angola e o Botswana, não havendo sobreviventes.[12]

Em Fevereiro de 2025, a LAM explorava uma frota composta por quatro aviões: dois Boeing 737, dois Bombardier CRJ e um Bombardier Q400a, a que se junta um Embraer 145, operado pela sua subsidiária MEX–Moçambique Expresso.[13]

Em Março de 2024, a LAM apresentou um novo Boeing 737-300F com o qual iniciaria um serviço de carga e correio expresso doméstico e regional.[14] Contudo, a aeronave foi devolvida em 18 de Janeiro de 2025 sem nunca ter efectuado qualquer vôo, causando m prejuízo à empresa de 71 milhões de meticais. O avião nunca foi certificado pela autoridade competente (IACM-Instituto de Aviação Civil de Moçambique) e o fabricante não reconheceu as alterações realizadas para transformar o avião do transporte de passageiros para carga.[15]

Em 31 de Janeiro de 2015 a LAM lançou um concurso para a aquisição de aeronaves, o qual recebeu manifestações de interesse de 14 empresas. O concurso foi criticado por falta de clareza nos critérios de avaliação, pois não foi revelado nem o número nem o tipo de aeronaves a adquirir.[16][17]

A frota histórica da empresa incluiu aviões como o soviético Ilyushin Il-62, Lockheed L-1011, Fokker 100, Embraer 190, Douglas DC-8, Lockheed Electra, Boeing 737-200, e os widebodies McDonnell Douglas DC-10 e Boeing 767-200.[18]

Códigos Internacionais

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  • Código IATA: TM
  • Código ICAO Code: LAM
  • Designação: Mozambique

Referências

  1. «Call Signs for MOZAMBIQUE» (em inglês). 2025. Consultado em 27 de fevereiro de 2025 
  2. Afonso Sande Cuinhame (Agosto de 2005). «A Formação do Pessoal da Linha da Frente nas Linhas Aéreas de Moçambique». Maputo: Dissertação de Mestrado, Universidade Eduardo Mondlane. Consultado em 11 de abril de 2023 
  3. a b c «Sobre a LAM - História e Perfil». LAM. Consultado em 11 de abril de 2023 
  4. «João Pó». Biografia. 5 de junho de 2020. Consultado em 12 de agosto de 2018 
  5. «LAM passa para gestão de uma comissão internacional a partir deste mês». O País. 5 de abril de 2023. Consultado em 11 de abril de 2023 
  6. «Fly Ark tem entre 12 a 18 meses para estabilizar a LAM - Depois virá um parceiro estrategtco». Carta de Moçambique. 6 de abril de 2023. Consultado em 11 de abril de 2023 
  7. «Américo Muchanga é o novo PCA executivo da LAM». Carta de Moçambique. 10 de julho de 2024. Consultado em 14 de julho de 2024 
  8. «Marcelino Gildo Aberto é o novo PCA da LAM». O País (Moçambique). 22 de janeiro de 2025. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  9. «Governo vende 91% da LAM às suas empresas por 130 milhões de USD». Carta de Moçambique. 5 de fevereiro de 2025. Consultado em 26 de fevereiro de 2025 
  10. «Venda da LAM pode agravar risco fiscal e reduzir transparência na gestão dos recursos públicos – CIP». Carta de Moçambique. 13 de fevereiro de 2025. Consultado em 26 de fevereiro de 2025 
  11. «Companhia aérea de bandeira moçambicana suspende ligação entre Maputo e Lisboa». Observador. 18 de fevereiro de 2025. Consultado em 26 de fevereiro de 2025 
  12. «Equipas de busca avistam avião. Não há sobreviventes». Diário de Notícias. 30 de novembro de 2013. Consultado em 11 de abril de 2023 
  13. «LAM suspende voo internacional para consolidar mercado doméstico e regional». Carta de Moçambique. 18 de fevereiro de 2025. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  14. «LAM opera primeiro avião cargueiro da sua história». O Económico (Maputo). 16 de março de 2024. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  15. «LAM devolve avião de carga sem o ter usado». O País (Moçambique). 22 de janeiro de 2025. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  16. «LAM Abre Concurso Para Aquisição de Novas Aeronaves». Diário Económico. 31 de janeiro de 2025. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  17. «Concurso para compra de aeronaves: LAM notifica 14 concorrentes». Savana. 13 de fevereiro de 2025. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  18. «Confira a frota atual da LAM – Linhas Aéreas de Moçambique». Flap international. 3 de maio de 2023. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
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