Lioz
Lioz ou pedra lioz é um tipo de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores (norte e noroeste), nomeadamente no concelho de Sintra, sendo aqui extraído nos arredores da vila de Pero Pinheiro.
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Os seus depósitos foram formados no período Cenomaniano (Cretácico) em um ambiente de mar pouco profundo, de águas quentes e límpidas, propícias à proliferação de organismos de esqueleto carbonatado, nomeadamente de bivalves rudistas, construtores de recifes.[1] A rocha caracteriza-se por ser um calcário bioclástico e calciclástico compacto, rico em biosparite e microsparite, geralmente de cor bege, embora existam variedades com coloração que vai do cinza-claro ao rosado e ao esbranquiçado.
Foi muito utilizada em Portugal como rocha ornamental e para a construção de elementos estruturais, como padieiras e ombreiras. Elementos arquitectónicos construídos nesta pedra, nomeadamente padieiras ornamentais, arcos e pelourinhos, foram transportados para diversas regiões do Império Português.
O Lioz foi considerada Rocha Património Mundial, título atribuído pela Subcomissão de Rochas Património Mundial do IUGS (International Union of Geological Sciences), que trabalha em colaboração com a UNESCO.[2]
Características técnicas
editarO lioz apresenta as seguintes características técnicas médias[3]:
- Resistência à compressão: 1050 kg/cm2
- Resistência à compressão após teste de gelividade: 1380 kg/cm2
- Resistência mecânica à flexão: 147 kg/cm2
- Densidade aparente: 2703 kg/m3
- Absorção de água à pressão atmosférica normal: 0,1% (peso)
- Porosidade aberta: 0,3% (volume)
- Coeficiente de dilatação linear térmica[4]: 3,3×10−6/°C
- Resistência ao desgaste (abrasímetro Amsler): 2,2 mm
- Resistência ao choque: 45 cm
Utilização
editarAlém de igrejas, palácios e chafarizes, espalhados por Portugal e seus antigos territórios, o lioz foi empregue em importantes monumentos, como por exemplo, em Lisboa, no:
- Mosteiro dos Jerónimos
- Torre de Belém
- Escadaria do Terreiro do Paço
- Estação do Rossio
- Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva
- Convento de Mafra
Em Coimbra:
Em Cáceres (Mato Grosso)
No Recife
- Igreja Matriz da Boa Vista
Em Salvador:
No Rio de Janeiro
- Real Gabinete Português de Leitura
Notas
- ↑ OLIVEIRA, Fernando Correia de. Folheto Em Lisboa, à descoberta da Ciência e da Tecnologia: vagueando pelas ruas. Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva; Câmara Municipal de Lisboa, s.d.
- ↑ Registo do IUGS
- ↑ A. Casal Moura, "A pedra natural em Portugal e as suas características gerais"
- ↑ Valor máximo obtido.