Lophanthera lactescens
Lophanthera lactescens é uma árvore da família das Malpighiáceas, endêmica da região amazônica do Brasil muito utilizada na região sudeste para fins paisagísticos. A árvore adulta possui característica ornamentais, apresenta inflorescência vistosa de flores amarelas e chega a atingir até quinze metros de altura. Ela é também conhecida pelos nomes populares de lofantera-da-amazônia, chuva-de-ouro e lanterneira.[4][5] A espécie foi descrita pela primeira vez pelo botânico brasileiro de origem austro-húngara Adolpho Ducke no ano de 1923.[6]
Lophanthera lactescens | |
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Estado de conservação | |
Não avaliada (IUCN 3.1) [1] | |
Classificação científica | |
Nome binomial | |
Lophanthera lactescens Ducke | |
Distribuição geográfica | |
Descrições gerais
editarA L. lactescens ocorre endemicamente na Região Norte do Brasil no bioma Amazônia em vegetações do tipo Floresta Ombrófila em matas de várzea alta, tanto no interior de matas primárias densas quanto em formações secundárias.[1] É uma planta seletiva higrófita, heliófita ou esciófita, semidecídua. Produz numerosa quantidade de sementes por ano. Floresce de fevereiro a maio e a maturação dos frutos ocorre de setembro a outubro.[4] A polinização é feita por abelhas solitárias fêmeas de Centris trigonoides e por operárias de Tetragonisca angustula.[5][7]
A árvore é utilizada em paisagismo urbano devido à sua inflorescência vistosa e ornamental. Sua madeira tem uso na construção civil como vigas, caibros e forros; também usa-se na carpintaria leve e na marcenaria.[4] Suas folhas e casca do tronco são usadas na medicina popular como febrífugo em casos de malária.[5][7] Sua madeira é compacta, possui densidade moderada, dureza mediana e resistência moderada ao ataque de organismos xilófagos.[8]
O óleo floral possui como componente majoritário o 3-acetiloxi-octadecanoato de metila e também possui ácidos alifáticos. A madeira possui esteróides e triterpenoide, estigmasta-4,22-dien-3-ona, ergost-4-en-3-ona, estigmasterol, ergost-5-en-3-ol, β-amirenona e um 27-nor-triterpeno.[7] Suas folhas possuem o alcaloide lophantherina.[5] O número de cromossomos da L. lactescens em sua fase diploide é 2n= 12.[9]
Morfologia
editarGeral
editarA árvore adulta atinge entre dez e quinze metros de altura. O tronco atinge diâmetro de trinta a quarenta centímetros. Os ramos possuem látex.[1][4]
Folha
editarAs folhas são simples e membranáceas, lactescentes quanto jovens, glabras em ambas as faces, exceto por alguns tricomas na nervura principal, apresentam usualmente glândulas menores alinhadas em cada lado da lâmina, apresentam formato obovado, com base decurrente, margem revoluta, ápice arredondado, apiculado ou obtuso e atingem dimensões de 12 a 24 e de cinco a doze centímetros de comprimento e largura respectivamente.
O pecíolo é de levemente seríceo a glabro, eglandular ou com um par de glândulas e atinge de um e meio a dois e meio milímetros. As estípulas são quase completamente conadas ou livres no ápice.[1][4]
Inflorescência
editarA inflorescência é pêndula, apresenta tirso com uma a três flores em dicásio ou cincínios, possui duas bracteolas e atingem de trinta a quarenta centímetros de comprimento. O pedúnculo principal atinge de nove a vinte centímetros de comprimento. As brácteas possuem formato triangular e atingem de um e meio a três milímetros de comprimento. As duas bracteolas são triangulares e uma ou ambas apresentam uma glândula pedunculata. Os pedicelos são esparsamente velutinos e atingem de quatro a sete milímetros de comprimento. As sépalas são todas biglandulares, adpressa tomentosa abaxialmente e estendem-se por um a dois milímetros além das glândulas. As pétalas apresentam coloração amarelas, são pilosas na margem e atingem de cinco a sete milímetros de comprimento. As flores possuem estruturas especiais chamadas elaióforos.[7]
Os estames apresentam filetes que atingem de dois a dois e meio milímetros de comprimento. As anteras atingem de 0,8 a 1,0 milímetros de comprimento e possuem alas laterais que atingem de 0,1 a 0,2 milímetros de comprimento. Seus grãos de Pólen são pequenos, são 3-porados, em mônades, isopolares, apresentam âmbito esferoidal em vista polar, forma oblato-esferoidal em vista equatorial, sexina mais espessa que a nexina e possuem exina estriada com espessura média de 1,68 micrômetros.[10]
O ovário é glabro e atinge cerca de 1,3 milímetros de comprimento. Seu óvulo possui funículo longo e bem desenvolvido e seu embrião é dobrado.[11] Os estiletes atingem cerca de 2,3 milímetros de comprimento. O fruto é uma tricoca que apresenta formato obovoide, é glabra e atinge dimensões de cerca de cinco por três e meio milímetros de comprimento e diâmetro respectivamente.[1][4]
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Botão da flor de L. lactescens.
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Fruto jovem de L. lactescens.
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Fruto verde de L. lactescens.
Referências
- ↑ a b c d e «Lophanthera» (em inglês, espanhol, e português). Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Compilado de fontes de bases de dados sobre espécies vegetais:
- Hassler M. (2018), Roskov Y., Abucay L., Orrell T., Nicolson D., Bailly N., Kirk P.M., Bourgoin T., DeWalt R.E., Decock W., De Wever A., Nieukerken E. van, Zarucchi J., Penev L. (2017). «Lophanthera lactescens Ducke. World Plants: Synonymic Checklists of the Vascular Plants of the World (version Dec 2017).» (em alemão, inglês, espanhol, francês, lituano, neerlandês, polaco, português, russo, tailandês, vietnamita, e chinês). Species 2000 & ITIS Catalogue of Life, 26 de fevereiro de 2018. Annual Checklist. Digital resource at www.catalogueoflife.org/annual-checklist/2017. Species 2000: Naturalis, Leiden, the Netherlands. ISSN 2405-8858. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês e francês). Muséum national d’Histoire naturelle, Paris (França). Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). Museu Nacional de História Natural (Estados Unidos). Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). JSTOR. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). Herbário da Universidade de Viena. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). Useful Tropical Plants Database. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). Flora Fauna Web. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). James Cook University Australia. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke». SiBBr - Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke». Malaysia Biodiversity Information System - MyBIS. Consultado em 24 de março de 2018
- «Lophanthera lactescens Ducke». VIRBOGA
- ↑ «Lophanthera lactescens Ducke» (em inglês). Global Biodiversity Information Facility disponível em: https://www.gbif.org/. Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ a b c d e f Lorenzi, H. (1992). Árvores brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Ed. Plantarum. p. 233
- ↑ a b c d Pianaro, Adriana (2007). Ecologia quimica de abelhas brasileiras : Melipona rufiventris, Melipona scutellaris, Plebeia droryana, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula e Centris trigonoides (Tese de Mestrado). Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Compilado sobre data e descrição por Walter Adolpho Ducke:
- «Lophanthera lactescens Kunth» (em inglês). Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 26 de abril de 2018
- Ducke, Walter Adolpho (1923). «Plantes nouveles peu connues de la région amazonnienne». Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 4: 103-104. Consultado em 30 de abril de 2018
- ↑ a b c d Pianaro, Adriana; G. Reis, Mariza; J. Marsaioli, Anita. «Caracterização química do óleo floral de Lophanthera lactescens Ducke (Malpighiaceae) e sua importância na atração de polinizadores.» (PDF). Sociedade Brasileira de Química ( SBQ). Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Trevisan, Henrique; Marauê Marques Tieppo, Felipe; Carvalho, Acacio Geraldo de; Costa Lelis, Roberto Carlos (2007). «Avaliação de propriedades físicas e mecânicas da madeira de cinco espécies florestais em função da deterioração em dois ambientes». Rev. Árvore [online]. 31 (1): 93-101. ISSN 0102-3306. doi:10.1590/S0100-67622007000100011. Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Lombello, Ricardo Augusto (2000). Estudos cromossomicos em Malpighiaceae A. Jussieu (Tese de Doutorado). Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Dutra, Fernanda Vitorete; Doreto, Hanay dos Santos; Ribeiro, Patricia Cury; Gasparino, Eduardo Custodio. «MORFOLOGIA POLÍNICA EM ESPÉCIES ORNAMENTAIS DE ASTERACEAE,ERICACEAE, FABACEAE, MALPIGHIACEAE, MALVACEAE E RUBIACEAE». Revista Científica da Fundação Educacional de Ituverava. doi:10.3738/1982.2278.969. Consultado em 24 de março de 2018
- ↑ Silva Souto, Letícia; Trombert Oliveira, Denise Maria (2008). «Morfoanatomia e ontogênese das sementes de espécies de Banisteriopsis C.B. Robinson e Diplopterys A. Juss. (Malpighiaceae)». Acta Bot. Bras. [online]. 22 (3): 733-740. ISSN 0102-3306. doi:10.1590/S0102-33062008000300011. Consultado em 24 de março de 2018