Lopo Soares de Albergaria

3º vice-rei da Índia Portuguesa

Lopo Soares de Albergaria (Lisboa, c. 1460 — Torres Vedras, c. 1520)[1] ou Lopo Soares de Alvarenga, como também foi conhecido[2], foi um influente aristocrata e militar, capitão-mor e governador da Fortaleza de São Jorge da Mina, depois nomeado por D. Manuel I, em 1515, como o 3.º governador da Índia, sucedendo no cargo a Afonso de Albuquerque.[3]

Lopo Soares de Albergaria
Lopo Soares de Albergaria
Período 15151518
Antecessor(a) Afonso de Albuquerque
Sucessor(a) Diogo Lopes de Sequeira
Dados pessoais
Nascimento C. 1460
Lisboa
Morte C. 1520 (78 anos)
Torres Vedras
Progenitores Mãe: D. Mécia de Melo
Pai: Rui Gomes de Alvarenga
Assinatura de Lopo Soares de Albergaria

Diz dele Gaspar Correia que era "homem seco de conversação, de poucas palavras, e muito áspero na Justiça"[2].

Biografia

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Lopo Soares de Albergaria, vice-rei da Índia, retirado de manuscrito escrito por Pedro Barreto de Rezende no século XVII, actualmente na BnF

Quando ainda era jovem, a 18 de Janeiro de 1469, altura em que usava, também, o nome Lopo Soares de Melo e em que era moço fidalgo da Casa Real, obteve uma tença anual de D. Afonso V para mantimento dos seus estudos.

A 22 de Abril de 1504, Lopo Soares capitaneou a Armada que partiu para a Índia e derrotou os muçulmanos[4], defendendo-se dos ataques do rei de Calecute.[3][5]

Regressou a Portugal logo no ano seguinte, em 1505[3], nos começos do Verão, acompanhado pelo heróico Duarte Pacheco Pereira[6].

Ruma novamente à Índia, depois de ter sido nomeado governador desse território, sucedendo a Afonso de Albuquerque em 1515, contra o qual conseguira indispor D. Afonso V.[3]

Apenas chegado a Goa toma posse a 18 de Setembro, toma imediatamente posse do governo, estando o seu antecessor ainda na região[2].

Teve dificuldade em dar continuidade ao trabalho do anterior governador - Afonso "o Terribil" - tendo acumulado vários insucessos militares durante os seus quatro anos de governação, o que em geral só granjeou o desagrado, não só dos reis indianos, mas, também dos portugueses.[3][4]

Dentre os seus fracassos, destaca-se a sua expedição ao Mar Vermelho de 1517, em busca de inimigos muçulmanos.[3] Na verdade, apenas decidiu não avançar sobre terra e suspender o ataque ao porto de Jedá, face ao risco de um bombardeamento com êxito por parte da artilharia turca. O que, por alguns, foi considerado bom-senso do chefe militar português, e por muitos, pura cobardia. Recuo que se juntaria a um outro, iniciado dois anos antes, com a derrota, significativa, em Mamora, no litoral marroquino, onde morreram 4000 portugueses[7].

Para contraponto destes fracassos, contam-se alguns sucessos obtidos, enquanto ainda estava no exercício das funções da governação da Índia, dos quais, os mais significativos ocorreram em 1518, quando venceu a armada do Egito e incendiou Zeilá, na costa etíope, tendo ainda fundado a importante fortaleza de Colombo, na Ceilão ou Taprobana[8](actual Sri Lanka).[3]

Foi vítima de difamação, injustamente proferida contra si, pois D. Lopo gozava da fama de homem honesto[3][4] e esta vinha principalmente por parte de um vigário geral de Cochim, o qual, mais tarde, foi acusado: «de crimes de peculato, de "mulherengo" e acabou por desaparecer da arena política/religiosa da Índia».[9]

Posteriormente, o rei D. Manuel I, intimou-o a apresentar-se no Paço, em Lisboa, para prestar contas (financeiras) de acontecimentos havidos no Oriente. Mas, Lopo Soares de Albergaria recusou-se responder às injunções do rei.

D. Manuel insistiu e intimou-o, novamente, para que se apresentasse de imediato, na corte. D. Lopo Soares de Albergaria respondeu-lhe, pedindo que o dispensasse de tal mercê «pois se era por questão de demandas com Fernão de Alcaçova (Vedor da Fazenda da Índia[10]) não se queria defender delas e se dava por condenado, para o que respondia sua fazenda; se mesmo fosse necessário o ser executado, em Torres Vedras havia picota[11] (pelourinho, onde expunham as cabeças dos condenados) para toda a execução e ele cá estava de pé quedo; e se sua Alteza o chamava para lhe fazer mercê e bem contente estava com o que tinha, porque Deus o trouxera para junto de suas filhas[12]

El-Rei acabou por dispensar de insistir na sua demanda.[12]

Em 1519 voltou a Portugal[4], substituído do cargo por Diogo Lopes de Sequeira. Não sendo bem recebido pela corte, resolve sair da sua casa na capital, em Chão de Alcamim, na freguesia de São Cristóvão de Lisboa, retirando-se para a sua casa de campo em Torres Vedras, tendo constado do relato de cronistas da época que, pelo desgosto causado pela sua receção, nunca mais regressou ao palco político.[2][13]

Era proprietário, também, de uma capela na Igreja da Graça, em Lisboa, onde foi sepultada a sua mulher. Encontrava-se sob a invocação de São Fulgêncio, onde está o actual baptistério, e tinha sido mandada edificar para si e os seus herdeiros, os quais a cederam mais tarde.[2] Os seus pais já tinham tido, antes dele, outra capela naquela igreja ou, mais provavelmente, a capela de Lopo Soares de Albergaria tratar-se-á de uma extensão dessa mesma capela original. A sua família, pela mão de sua filha D.ª Catarina, a única a ter descendência, continuou a usar esse espaço para túmulo, pelo menos até 1884[14].

Dados genealógicos

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Lopo Soares de Albergaria 1.º senhor de Pombalinho (que comprou ao Conde de Penela). Nascido cerca 1442, em Lisboa e falecido depois de 1520, em Torres Vedras.

Filho de:

e de:

Casou-se com:

Tiveram:

Referências

  1. Albuquerque, Luís (1994). Dicionário de História dos descobrimentos. [S.l.]: Caminho 
  2. a b c d e Pe. Ernesto Sales, A Igreja da Graça jazida de três governadores da India, Revista de Historia, Typ. Emp. eteraria e Typographia, Porto, 1922.
  3. a b c d e f g h Bigotte de Carvalho, Maria Irene (1997). Nova Enciclopédia Larousse vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 205. 314 páginas. ISBN 972-42-1477-X. OCLC 959016748 
  4. a b c d Lopo Soares de Albergaria, via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004
  5. 1505: Basílio III e Vice-rei da Índia, Editado por José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008
  6. 1505: Basílio III e Vice-rei da Índia, ano de 1505, Editado por José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008
  7. 1509. A Batalha Que Mudou o Domínio do Comércio Global, Jorge Nascimento Rodrigues Tessaleno Devezas, Centro Atlântico, Outubro de 2008
  8. 1518: Escravos negros na América, Editado por José Adelino Maltez em Dili, Universidade Nacional de Timor Leste, ano de 2008
  9. [Coisas da Índia - Os Pecados de Bastião Pires, por José Gomes Martins. "Fontes: Das M. do P.P. do Oriente, Silva Rego, Vol.1 e 2, Gavetas da Torre do Tombo,Fundação Calouste Gulbekian", 3 de Junho de 2010]
  10. A Fernão de Alcaçova, Fidalgo da Casa D'El-Rei, Mercê do Ofício de Vedor DA Fazenda da Índia, A ..., ANTT
  11. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de picota». aulete.com.br. Consultado em 27 de maio de 2023 
  12. a b Herdeiro de Lopo Soares de Albergaria: Vizo Rey da India, José António Soares de Albergaria, Aqueduto Livre, 17 de julho de 2008
  13. Viveu por algum tempo no Solar de Refojos, em Vale de Cambra, no lugar da Portela de Vila Chã, mas, quando regressou foi antes para a sua quinta, em Torres Vedras.
  14. Pe. Ernesto Sales, A Igreja da Graça jazida de três governadores da Índia, Revista de Historia, Typ. Emp. eteraria e Typographia, Porto, 1922. Facto confirmado por documentação do Arquivo da Casa Almada

Ligações externas

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Precedido por
Afonso de Albuquerque
Governador da Índia Portuguesa
15151518
Sucedido por
Diogo Lopes de Sequeira
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